Mar
02
2023

'As Barcas não podem parar': ato defende reestatizar serviço de travessia na Baía de Guanabara

Com serviço sob ameaça de parar, ato simbólico na Praça Araribóia, em Niterói, criticou governador e disse haver uma 'máfia do transporte' no Estado do Rio  

Detalhe da manifestação simbólica em frente à Estação das Barcas, em Niterói Detalhe da manifestação simbólica em frente à Estação das Barcas, em Niterói / Luiz Fernando Nabuco/Aduff

Na tarde desta quinta-feira (2), a Frente pelo Transporte Popular - formada por representantes de partidos políticos, movimentos sociais e sindicais - organizou um protesto em defesa da manutenção do serviço de travessia da Baía de Guanabara por meio das barcas e catamarã. O ato teve como mote "AsBarcasNãoPodemParar" e é uma reação à ameaça da concessionária CCR Barcas de suspender as operações a partir desta sexta-feira (3).

As tratativas entre o Governo do Rio de Janeiro e a dita empresa para a renovação do contrato de concessão do serviço de barcas no Rio se estendem desde o segundo semestre de 2022. A CCR Barcas alega ter dinheiro para se manter no negócio até esta sexta-feira. Em meio à crise, a empresa propôs redução em horários e interrupção da travessia para algumas linhas, normalmente feitas para Paquetá, Cocotá (Ilha do Governador), Praça XV e Praça Araribóia e Charitas (ambos em Niterói) - o que não resolverá, de fato, o problema, já que os usuários das barcas há muito se queixam da má qualidade dos serviços. Além disso, a proposta foi rejeitada pela Secretaria Estadual de Transportes, que também não apresentou qualquer alternativa.

A população será a maior prejudicada caso o estado do Rio de Janeiro e a empresa não consigam chegar a um consenso. A Frente Parlamentar do Transporte Aquaviário da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) pretende apresentar um projeto de lei propondo uma intervenção do governo estadual, caso a concessionária interrompa a travessia amanhã. 

De acordo com Rafael Carvalho, ex aluno de História da UFF e militante do PSOL, a sociedade civil não participou das negociações entre governo e a empresa. Além disso, tais conversações não se dão de forma transparente. Ele também criticou a falta de ar condicionado, a superlotação do transporte em horário de pico e o alto valor das tarifas. "A travessia Charitas-Praça XV custa R$21. O serviço é sucateado e não há respeito à regularidade do horário", disse. 

Lorrayne Muniz, estudante do curso de Sociologia da UFF e integrante do mandato da vereadora Janilce de São Gonçalo, também considerou abusivo o preço da barca Rio-Niterói, que hoje está em R$7,70. A discente cobrou ainda a viabilização de transporte aquaviário entre Niterói e São Gonçalo.

Passagem cara e sem tarifa social

O parlamentar Professor Túlio criticou os valores da tarifa e também o fato de que a lei da tarifa social aprovada pelo legislativo do Estado em 2018 não foi implementada até hoje. "É preciso que façamos pressão. Porque o tempo passa, o serviço continua precarizado e a gente segue engarrafado. Lutar por transporte público de qualidade é lutar para que a vida seja melhor. Precisamos enfrentar os 'mafiosos' [dos transportes] e reivindicar a estatização das barcas", afirmou.

De acordo com o vereador de Niterói Paulo Eduardo Gomes, a barca é importante para a região metropolitana. Alertou ainda que a ausência do fornecimento do serviço aquaviário vai afetar os interesses dos comerciantes do Centro da cidade, pois inúmeros possíveis consumidores deixarão de transitar nos arredores das barcas. Defendeu a estatização do transporte e criticou o governador Cláudio Castro, a quem afirmou ser conivente com os empresários.

Segundo Taiane Alecrim, ex aluna do curso de Serviço Social da UFF e integrante do mandato da vereadora Benny Briolly, o transporte aquaviário é um serviço essencial. O governo de Cláudio Castro deveria ter buscado solucionar o problema de forma a atender os interesses da classe trabalhadora - o que não parece ser a prioridade dele. "Você já pensou em como vão ficar os ônibus, o trânsito na cidade de Niterói e do Rio de Janeiro, por exemplo, se as milhares de pessoas que atravessam a Baía de barcas se virem, de repente, sem a prestação do transporte aquaviário?", indagou a assistente social.

Da Redação da Aduff
Por Aline Pereira (texto) e Luiz Fernando Nabuco (fotos)

 

Detalhe da manifestação simbólica em frente à Estação das Barcas, em Niterói Detalhe da manifestação simbólica em frente à Estação das Barcas, em Niterói / Luiz Fernando Nabuco/Aduff

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