Fev
21
2023

Diretoria da Aduff lamenta a morte do professor Haroldo Abreu

Docente e militante das lutas sociais e políticas, que afirmava que a sua identidade profissional era de "educador voltado para o desenvolvimento da consciência crítica", faleceu na segunda-feira (19). As cerimônias de despedida estavam previstas para ocorrer no final da tarde desta terça-feira de Carnaval, 21 de fevereiro de 2023. A Diretoria da Aduff lamenta a perda e se solidariza com familiares, amigos e colegas de trabalho e militância. 

O professor Haroldo Abreu, durante homenagem na Escola de Serviço Social da UFF, em 2016 O professor Haroldo Abreu, durante homenagem na Escola de Serviço Social da UFF, em 2016 / Reprodução

A Diretoria da Associação dos Docentes da Universidade Federal Fluminense (Aduff-SSind), seção sindical do Andes-SN, lamenta a morte do professor Haroldo Abreu, da Escola de Serviço Social.

Haroldo Abreu faleceu no dia 19 de fevereiro de 2023. Um infarto "levou abruptamente uma vida dedicada à luta pela liberdade, pela democracia e pela emancipação humana", descreve mensagem postada por familiares na página que mantinha nas redes sociais.

No início da sua militância política, ainda muito jovem, lutou contra a ditadura empresarial-militar que se impôs ao Brasil de 1964 a 1985. A vida de professor começou em 1971. Preso e depois exilado, foi viver no Chile, ainda sob o governo de Salvador Allende, onde se integrou à luta socialista naquele país.

Com o golpe e a instalação da ditadura comandada pelo general Augusto Pinochet, participou da resistência democrática no Chile. Em certa ocasião, disse que ao enfrentar as ditaduras se "preparou para enfrentar a morte", sabendo que, a depender do que ocorresse, poderia um dia ter que matar alguém, com o que não se sentia orgulhoso. Sobreviveu e nem se deparou com momentos em que tivesse que matar alguém. 

Após a derrota das forças socialistas no Chile, retornou ao Brasil e se engajou em diversas lutas políticas, sociais e pela redemocratização - posteriormente ingressando na UFF como docente.

Esta história vivida de embates contra movimentos totalitários e fascistas se expressava em sua militância e no engajamento na luta para derrotar a extrema-direita que ganhou força nos últimos anos no Brasil, mesmo já sob tratamento de um câncer diagnosticado em 2015. "Um companheiro de trincheiras e formador de assistentes sociais no Rio e no Brasil", descreveu a professora da Uerj Elaine Behring ao receber a notícia da perda.

Dedicou-se ao estudo de Marx, Gramsci e Lukács. Em 2008, publicou “Para além dos direitos: Cidadania e hegemonia no mundo moderno”, pela Editora da UFRJ. Considerava o tema 'cidadania' difícil, porque quase sempre é  tratado "muito na superfície e na aparência". 

Adepto das redes sociais para difundir ideias, mantinha em sua página no Facebook a silhueta de Marielle Franco desde que a vereadora e militante do PSOL foi brutalmente assassinada. Dizia que era uma forma de "reverenciá-la todos os dias". Também se engajou na luta em defesa da vida e da Ciência contra o obscurantismo e a morte durante os períodos mais duros da pandemia da covid-19 no Brasil.

Por outro lado, era também crítico da conversão do foco da militância à atuação no mundo virtual. Defendia ser imprescindível ir às ruas, às praças, aos locais de trabalho e de moradia para enfrentar a extrema-direita e as políticas neoliberais de retirada de direitos da classe trabalhadora.

Em um debate realizado há cerca de um ano, sobre Cidadania e Direitos Humanos, afirmou, sobre o momento da militância política social e da esquerda, que era preciso mediar "o otimismo da vontade" com o "pessimismo da ciência e da inteligência", citando o filósofo italiano Antonio Gramsci.

Homenageado na Escola de Serviço Social em setembro de 2016, mês de seu aniversário, disse, num discurso emocionado, que a sua identidade profissional é de "educador voltado para o desenvolvimento da consciência crítica". E que a maior alegria em sua vida era ver estudantes refletindo "para além do senso-comum"  - momentos em que ao chegar em casa, disse, não deixava de abrir uma garrafa de vinho para brindar, mesmo que sozinho.

As cerimônias de despedida estavam previstas para acontecer nesta terça-feira de Carnaval, dia 21 de fevereiro de 2023, após as 16 horas, na Capela A Premium, do Crematório São Francisco Xavier, no Caju.

A Diretoria da Aduff presta, aqui, toda solidariedade a amigos e familiares, e uma singela homenagem ao professor: Haroldo Abreu, presente!

Da Redação da Aduff

 

O professor Haroldo Abreu, durante homenagem na Escola de Serviço Social da UFF, em 2016 O professor Haroldo Abreu, durante homenagem na Escola de Serviço Social da UFF, em 2016 / Reprodução

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