Jan
05
2023

Em Carta de Reivindicações ao MEC, Andes-SN pede compromisso do novo governo com Educação Pública e Gratuita

Documento apresenta onze pontos programáticos, entre eles a revogação do teto de gastos; ampliação, manutenção e monitoramento da política de cotas; garantia de gestão democrática nas IES

Durante posse de Camilo Santana no MEC, realizada no início desta semana (2), a direção do Andes-SN solicitou audiência e protocolou a Carta de Reivindicações do Movimento Docente.

O documento reafirma o compromisso do Sindicato Nacional com o direito à educação pública e gratuita, considerando a relevância das universidades públicas, dos institutos federais e dos CEFET nesse processo. Aponta a conjuntura como uma das mais desafiadoras na história recente do Brasil, considerando o cenário de precarização das condições de vida e as restrições de liberdades democráticas incentivadas pelo governo que se encerrou último dia dia 1º.

A carta também menciona os diversos ataques à autonomia político-administrativa, didático-pedagógica e financeira das instituições públicas, agravados durante o governo Bolsonaro, e expressos na nomeação de vinte e cinco interventore(a)s para as universidades federais e institutos, além da asfixia orçamentária. "O desfinanciamento compromete o funcionamento das IES, a qualidade do tripé ensino,pesquisa e extensão, a permanência dos e das estudantes e as condições de trabalho dos e das docentes", diz trecho da carta.

O mesmo documento pede ao novo governo comprometimento com a defesa da Educação Pública e apresenta onze pontos programáticos, contemplando as reivindicações abaixo:

1. Revogar a EC 95, que impôs o teto dos gastos para as áreas prioritárias, e assumir o compromisso de ampliação do orçamento para educação pública, sem cortes, redução e contingenciamento;

2. Reconhecer e defender a educação pública como um instrumento fundamental para o desenvolvimento econômico, social, cultural e político do país e para a garantia de direitos básicos, da cidadania e das liberdades democráticas. Sendo assim, adotar a educação como uma responsabilidade do Estado e não implantar medidas de privatização direta ou indireta;

3. Manter, ampliar e realizar o monitoramento das políticas de cotas, afirmativas de direito e equidade social nas universidades, institutos federais e CEFETs, no que se refere à assistência e permanência estudantil, ações de ensino, pesquisa, extensão, pós-graduação e concursos públicos para docentes e técnico(a)-administrativo(a)s.

4. Revogar as nomeações de interventore(a)s com garantia de nomeação do(a) mais votado(a)s pela comunidade acadêmica em cada instituição, acabando com o instrumento da Lista Tríplice, em respeito à plena autonomia universitária e promovendo condições para a gestão democrática nas IES;

5. Garantir estrutura das IES com segurança para o retorno presencial e pela construção democrática de um “Plano Sanitário e Educacional: em defesa da vida e da educação”, visando a recuperação para toda(o)s a(o)s estudantes afetado(a)s pelas dificuldades durante o período remoto, adequação das estruturas físicas, acesso à ferramentas digitais e condições de trabalho e estudo dignas e sanitariamente seguras;

6. Garantir remuneração integral e isonômica dos integrantes de mesmo nível da carreira, com reposição das perdas salariais, respeito aos direitos da carreira e reajustes que compensem as perdas acumuladas.

7. Defender o ensino presencial, revogar a Portaria nº 2.117/2019, arquivar o Reuni Digital não implantação de demais programas que reforcem a educação a distância e a precarização da educação pública;

8. Revogar a implantação da Reforma do Ensino Médio e da Resolução CNE/Cp 02/2019 que altera as diretrizes curriculares nacionais para a formação inicial de professore(a)s para a Educação Básica (BNC formação), que está articulada com a Reforma do Ensino Médio e a BNCC da educação básica. Esses dispositivos rebaixam a formação universitária do(a)s docentes da educação básica e a formação da juventude em geral;

9. Defender a liberdade de cátedra e o livre pensamento e informação, vedando qualquer forma de censura ou discriminação de natureza filosófica, religiosa, ideológica, política, étnica, de gênero ou orientação sexual;

10. Revogar o Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação (Lei nº 13.243/2016), para que recursos públicos possam ser destinados para a Ciência e Tecnologia desenvolvida em instituições públicas.

11. Revogar as Reformas da Previdência Lei nº 10.666, de 8 de Maio de 2003 e a Ementa Constitucional nº 103, de 12 de novembro de 2019, contra reformas que comprometeram de forma nefasta as aposentadorias e a Lei 12.618, de 2012 que cria o FUNPRESP, instituindo o regime de previdência complementar para os servidores públicos federais de cargo efetivo, criando uma divisão entre os servidores, os que tem a uma aposentadoria efetiva e os que estão a mercê do mercado com seus fundos previdenciários. 

Da Redação da Aduff
Com informações do Andes-SN

 

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