Ago
18
2022

'Inimigo do serviço público que faz serviço sujo para burguesia', diz presidente da Aduff sobre Monteiro

 Manifestação em frente à Câmara dos Vereadores e nas galerias defende a cassação do mandato do vereador bolsonarista: 'há provas suficientes'

 

A professora Kate Lane fala durante o ato na Câmara dos Vereadores, no Rio A professora Kate Lane fala durante o ato na Câmara dos Vereadores, no Rio / Luiz Fernando Nabuco - Aduff

A presidente da Aduff-SSind, professora Kate Lane, defendeu a cassação e a retirada dos direitos políticos do vereador Gabriel Monteiro (PL), durante manifestação na Cinelândia, em frente à Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. 

"Queremos que o mandato seja cassado e que sejam retirados seus direitos políticos, ele não é digno de estar nesta casa", disse. Também criticou os atos do parlamentar contra os serviços públicos. "É um cara que ataca os serviços públicos, vai para as universidades provocar estudantes e servidores, dizendo que são vagabundos", disse, lembrando o quanto as universidades e o SUS (Sistema Único de Saúde) foram importantes no combate à pandemia da covid-19.

A dirigente da Associação dos Docentes da UFF, seção sindical do Andes-SN, disse haver provas suficientes para a cassação. O vereador bolsonarista é acusado de assédio sexual e moral contra funcionários de seu gabinete, de filmar relação sexual com menor de idade e de usar uma pessoa em situação de rua para forjar um vídeo e obter publicidade. O vereador nega haver razões para condená-lo e diz estar sendo vítima da máfia dos reboques e da Rede Globo.

A presidenta da Aduff associou o mandato do vereador às políticas privatizantes defendidas pelos grandes grupos empresariais. "É um cara antipovo e que faz o serviço sujo para a burguesia", disse Kate Lane à reportagem da Aduff. "Que quer transformar a universidade pública em mercadoria, que quer privatizar todo o serviço público", afirmou.

Disse ainda que a não aprovação da cassação seria uma agressão às mulheres. "Um atentado contra as mulheres, um atentado contra a limitada democracia que nós já temos, uma violência extrema contra meninas e mulheres, mostrando o poder que a burguesia tem de manter essas pessoas no poder", afirmou.

'Novinhas'

Por volta das 21h30, Gabriel Monteiro, que é policial militar, falava da tribuna em sua defesa. Disse que as acusaçòes contra eles não eram por nenhum crime grave, não era por estupro, roubo ou assassinato, mas por gravar um vídeo de suas relação sexual com uma menor que "mentiu a idade".

Pouco depois, o vereador Tarcísio Motta (PSOL) criticou a defesa do vereador, disse que o relatório do Comitê de Ética não é apenas do relator Chico Alencar, do PSOL, mas de vários parlamentares de diferentes legendas políticas, e defendeu a cassação. Não se está julgando os crimes, mas a quebra de decoro e da ética, disse. "Eu gosto de novinhas, novinhas são crianças, são adolescentes e não troféus sexuais", mencionou, referindo-se a gravações atribuídas a Gabriel Monteiro. "Queria ver se fosse um professor que mostrasse o pênis para seus alunos o que os senhores estariam dizendo para esse professor, suspendam por 15 dias?", indagou a seus pares. Às 22h20min, os vereadores concluíram a votação: 48 votos a 2 pela cassação do mandato do parlamentar - eram necessários 34 votos para isso. 

Da Redação da Aduff
Por Hélcio Lourenço Filho
18 de agosto de 2022, quinta-feira
(atualizada em 19/8/2022, 9h)

 

A professora Kate Lane fala durante o ato na Câmara dos Vereadores, no Rio A professora Kate Lane fala durante o ato na Câmara dos Vereadores, no Rio / Luiz Fernando Nabuco - Aduff