Da Redação da Aduff

Na abertura do 65º Conad, na cidade baiana de Vitória da Conquista, um grito coletivo com uma diversidade de sotaques em defesa dos direitos da professora Elizabeth Lewis, ameaçada de exoneração na Universidade do Rio de Janeiro (UniRio), simbolizou as lutas contra o autoritarismo que ataca as liberdade democráticas e o próprio funcionamento das instituições públicas de ensino superior.

"Por entender que essa situação é nossa, que essa situação nos fere, e tenta retirar a nossa condição de lutar. Em defesa da liberdade, da democracia, da autonomia, Elizabeth fica", disse a professora Rivânia Moura, presidenta do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições do Ensino Superior, enquanto os quase 200 participantes do evento se levantavam e reforçavam o coro formado por vozes de docentes de todas as regiões do país e dezenas de cidades. 

"É com esse espírito, da construção da necessidade desse nosso enfrentamento coletivo e classista, que declaro aberto o 65o Conad", concluiu Rivânia, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Dava-se início aos três dias de debates e deliberações a acontecer sob o tema "Retorno Presencial com Condições de Trabalho e Políticas de Permanência para Fortalecer a Luta por Educação Pública e Liberdades Democráticas".  

Debates que vão transcorrer, de 15 a 17 de julho, em torno do Caderno de Textos que reúne as propostas elaboradas pelas seções sindicais, pela direção nacional e analisados em dezenas de assembleias docentes. A delegação da Aduff-SSind (Associação dos Docentes da Universidade Federal Fluminense - Seção Sindical do Andes-SN) participa da atividade que acontece no Sudoeste da Bahia, junto com outras 58 seções sindicais.

Tocam os tambores

O ato de abertura deste Conselho do Andes-SN, na manhã da sexta-feira, dia 17 de julho de 2022, começou com a envolvente percussão da Marujada Mirim do Beco de Dôla, no Teatro Glauber Rocha, no campus da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.

O grupo é formado por crianças e adolescentes e apresentou músicas como "Faraó, Divindade do Egito" - canção de Luciano Gomes imortalizada nas vozes de Margareth Menezes e Djalma Oliveira - e "É d'Oxum", de  Duarte Geronimo Santana e Calazans Veve. Trata-se de um projeto do Quilombo do Beco (da Vó) Dôla, que utiliza instrumentos musicais feitos de materiais reciclados e defende a transformação social pela arte e valorização da herança cultural do povo negro.

Após a música, convidadas e convidados de movimentos estudantis, sociais e sindicais compuseram a mesa. Falaram representantes da Fenet, do DCE da Uesb, do Sindicato dos Servidores Técnico-administrativos da Uesb (Afus), do Sinasefe e da CSP-Conlutas, além do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e um representante da Reitoria da Uesb.

Destaque nas falas para a importância da mobilização docente para a defesa da Educação, da universidade pública, gratuita e de qualidade, que tenha como referência a justiça social e  classe trabalhadora.

O servidor público Paulo Barella, do IBGE, ressaltou a história de luta do Andes-SN e os muitos momentos nos quais ela cruza com a da Central Sindical e Popular (CSP-Conlutas), entidade da qual integra a coordenação nacional. “Estivemos juntos não só na luta em defesa da Educação, mas também em momentos muito cruciais da própria existência do sindicato, como no momento em que tentaram dividir os trabalhadores da Educação, com a criação de outra entidade para servir a um governo de conciliação de classes e, também logo depois, quando tentaram cassar o registro sindical do Andes-SN”, disse.

Presidente da Associação de Docentes da Uesb (Adusb), o professor Alexandre Galvão expressou a satisfação em receber o 65º Conad no ano em que esta seção sindical do Andes-SN completa 40 anos de luta. A entidade seria anfitriã da posse da atual diretoria do Andes-SN em julho de 2020, o que acabou não ocorrendo por conta das medidas sanitárias tomadas para enfrentar a pandemia da covid-19. “Esperamos e ansiamos esse momento, trabalhando muito, para que vocês, aqui em Vitória da Conquista e em nossa universidade, possam trabalhar com tranquilidade”, disse, na abertura do primeiro Conad presencial desde o início da pandemia no Brasil, em março de 2020.

Da Redação da Aduff
Por Hélcio Lourenço Filho, enviado a Vitória da Conquista (BA)