Entre os encaminhamentos da assembleia comunitária está a participação dos três segmentos no ato puxado pelo movimento estudantil, no dia 14 de julho (quinta), em frente à PROAS-UFF, pelo pagamento imediato das bolsas já deferidas pela Universidade; a assinatura do manifesto em apoio à PEC 98 (aprovada ontem, na CCJ da Câmara), que proíbe o bloqueio de verbas federais para educação e a exigência de transparência do Orçamento da UFF – entre outras.
Reunidos em assembleia comunitária na noite do dia 6 de julho (quarta), estudantes, técnicos-administrativos e professores da UFF de Niterói pautaram o debate sobre o orçamento público e a permanência estudantil na Universidade, atingidos pelos cortes há anos, numa situação agravada ainda mais no governo de Jair Bolsonaro.
No espaço, os participantes ressaltaram que os cortes orçamentários são resultado de um projeto neoliberal de precarização da Educação. E que se é evidente que os problemas orçamentários não são uma questão só da UFF, também é primordial que a Administração da Universidade e todos os seus segmentos se engajem na luta contra os cortes e contingenciamentos.
Representando a Aduff-SSind, a professora da Faculdade de Educação, Gelta Xavier, saudou o espaço e ressaltou que a conjuntura adversa requer que os 3 segmentos da universidade sigam alertas e mobilizados para intervir e enfrentar a série de ataques postos e os que ainda virão.
“A conjuntura hoje é adversa, mas nunca tivemos vida fácil enquanto classe trabalhadora. Estou na UFF há muito anos e me angustia muito a de ver a nossa situação atual e como a Reitoria lida com ela. Quem lamentará mais o corte de verbas? Os estudantes. Eles estão indo embora, sem condição de se manter, as bibliotecas fechadas, bandejão quando tem - com filas enormes, sem moradia ou com moradias subocupadas”, disse.
Estudantes reivindicaram transparência no Orçamento da Universidade e denunciaram o que eles chamaram de “negligência” da Pró-Reitoria de Assistência Estudantil da UFF (PROAES), que chega ao final do semestre com atraso no pagamento de bolsas e de auxílios.
O estudante Jeferson, que integra o coletivo Juntos, relata um cotidiano entre os estudantes de ter que escolher qual dia ir à universidade, ou escolher entre ir à aula ou entrar na fila do Bandejão para almoçar ou jantar. “É a elitização da Universidade. Muitos já abandonaram a Universidade, os estudantes não conseguem se manter nela. É claro que a crise orçamentária afeta o Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), mas a PROAES está sendo negligente com as e os estudantes”, afirmou.
Entre os encaminhamentos da assembleia comunitária está a participação dos três segmentos no ato puxado pelo movimento estudantil, no dia 14 de julho, pelo pagamento imediato das bolsas estudantis já deferidas e o pagamento dos meses retroativos. A manifestação acontece a partir das 15h, em frente à PROAES.
“É inegável a falta de preparação e de responsabilidade da PROAES. Ela simplesmente não entendeu a conjuntura que vive este país e não soube se organizar para receber a demanda de assistência estudantil. Porque quando a gente fala que o país vive num caos onde as pessoas estão em fila para comprar ossos, a gente precisa ter em mente que dentro da realidade da universidade não iria ser diferente”, destacou a coordenadora do DCE Fernando Santa Cruz, Yana Santana.
Na assembleia, a representação do DCE apresentou a campanha “Bolsa Vinculada às Cotas”, que tenta garantir que as e os inscritos no SISU como cotistas já tenham garantido a permanência dentro da Universidade. “A gente entende que as pessoas que passam por situações de vulnerabilidade socioeconômica são as pessoas cotistas”, explicou.
Apoio à PEC 98
A assembleia comunitária também encaminhou a assinatura de um manifesto em apoio à Proposta de Emenda à Constituição 96/19, da deputada Fernanda Melchionna (Psol-RS), que estabelece a execução orçamentária obrigatória das programações relativas à manutenção e desenvolvimento do ensino. O objetivo da proposta é proibir o contingenciamento das verbas para as políticas educacionais do Executivo. A admissibilidade da PEC 96 foi aprovada ontem (06) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados e ainda precisa passar pela análise de uma comissão especial e do Plenário, antes de seguir para o Senado.
Da Redação da Aduff | Por Lara Abib
