Jun
16
2022

Dois Desafios: editorial do Jornal da Aduff aborda luta nacional contra destruição de direitos e a eleição na UFF

Editorial da Diretoria circula na edição do Jornal da Aduff de junho e também pode ser lido aqui

A edição de junho de 2022 do Jornal da Aduff traz o editorial "Dois Desafios". Aborda, por um lado, a luta nacional para interromper o aprofundamento da exploração do trabalho, das desigualdades e do desmonte dos serviços públicos, em ano de eleições presidenciais e gerais - além das ameaças diárias à já limitada democracia brasileira. 

Do outro, a eleição que definirá a próxima Reitoria da Universidade Federal Fluminense - que ocorre em primeiro turno de 21 a 23 de junho. O texto destaca a importância de participação da comunidade acadêmica neste processo, defende a autonomia universitária e apresenta posições da entidade. 

Ressalta a luta histórica do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Nível Superior (Andes-SN) e da seção sindical pelo aprofundamento da democracia interna, com eleições nas quais os candidatos escolhidos sejam empossados, sem listas tríplices.

Esta edição do Jornal da Aduff de junho marca o retorno da versão impressa do periódico, que pode ser encontrado nos suportes da Aduff nas unidades dos campi ou solicitado na sede da entidade sindical.

Para ler a versão digital do Jornal da Aduff, clicar aqui

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Editorial
Dois Desafios

O ano de 2022 tem para a comunidade acadêmica da UFF dois desafios novos. O primeiro, de amplitude nacional, são as eleições gerais e a presidencial. O segundo é a sucessão na Reitoria da Universidade Federal Fluminense, em junho.

No primeiro caso, trata-se de tentar interromper o aprofundamento da exploração do trabalho, das desigualdades de renda e de riqueza e das restrições aos serviços públicos; combater o autoritarismo, a desa- tenção com a saúde – que matou milhares na pandemia – e os retrocessos nas conquistas civilizatórias que pa- reciam consolidadas.

A exploração do trabalho vem aumentando com as sucessivas reformas trabalhistas que ampliaram a pejotização, a uberização e as terceirizações, além da imposição dos contratos fakes de Micro-empreendedores Individuais (MEIs).

Serviços e servidores públicos estão com verbas reduzidas e salários congelados. As instituições federais de ensino têm atualmente orçamento 15,3% inferior a 2019, com quantidade maior de estudantes e despesas superiores.

Professores e técnicos-administrativos, no atual governo, têm perdas que caminham, em três anos e cinco meses de gestão, para um quarto dos salários. Para agravar, a inflação avança a cada alta de juros do Banco Central.

Governo autoritário

Em paralelo, reafirmam-se semanalmente ameaças à já limitada democracia no Brasil, levando grande parte de brasileiros e brasileiras a viver com medo do golpe militar e da ditadura, dos quais, até pouco tempo, acreditávamos termos nos livrado. Crescem a violência policial, a atuação das milícias, os as- sassinatos de negros e mulheres e os crimes contra cidadãos e ci- dadãs LGBTQIA+.

Impossível não mencionar a destruição do ecossistema e o desgaste diplomático do Brasil no exterior, operação casada levada a cabo pelo atual governo.

Em 2022, continuaremos expostos a essa degradação generalizada. Mas, nesse mesmo tempo, podemos demonstrar nossa indignação, derrotando nas urnas os agentes desse processo destrutivo e construir, nas lutas, uma nova caminhada de avanços democráticos e melhores condições de vida e de trabalho.

Eleição para Reitoria

No contexto desse desafio nacional, estamos, na UFF, em consulta à comunidade acadêmica para saber que rei- tor e que UFF nós queremos. De 21 a 23 de junho, teremos o primeiro turno dessa consulta, com três chapas se candidatando.

A Aduff-SSind mantém o princípio da autonomia sindical de não apoiar candidatos nas disputas internas da instituição, mas faz o papel de levar as pau- tas da categoria para que os candidatos se posicionem e, assim, a comunidade acadêmica possa votar com mais consciência.

Porém, isso não significa indiferença em relação ao processo. A Aduff apoia a consulta e a considera uma conquista das nossas lutas, respeitará o resultado e se mobilizará contra qualquer tentativa de violação da decisão, repudiando as intervenções do governo nas escolhas democráticas das universidades públicas. Cabe ressaltar, para que fique bem claro, que o Andes defende a eleição direta para reitor e sem lista tríplice.

Além disso, a Aduff, referenciada no histórico Caderno 2 do Andes-Sindicato Nacional, quer a UFF como uma instituição comprometida com a educação pública, gratuita, laica e socialmente referenciada.

Significa dizer que o seu financiamento deve ser do Estado, não dependendo ou submetendo suas atividades de ensino, pesquisa e extensão a contratos com empresas privadas ou ONGs. Por isso, sem cobranças na graduação e na pós-graduação, de acordo com a Constituição e com o plebiscito interno que, em 2010, se manifestou sobre o assunto.

Nesse mesmo sentido, defendemos o retorno do Hospital Antônio Pedro à condição de autarquia e hospital escola, assim como o fim definitivo e imediato do contrato com a Ebserh.

Queremos a UFF expandindo a sua política de cotas, com programas de acolhimento e permanência que cubram as necessidades estudantis.

Precisamos de apoio à pesquisa, com recursos para os trabalhos, participação nos congressos e bolsas para os discentes – seja na sede, seja nas unidades fora de sede.

Apoio também aos cursos novos, precariamente instalados pelo Reuni, com o provimento de docentes e técnicos-administrativos.

Democracia

Defendemos a plena democracia interna da universidade, dos departamentos aos conselhos superiores, com processos transparentes e decisões respeitadas pelas instâncias executoras.

UFF autônoma na gestão dos seus recursos e do seu pessoal, o que a condição de autarquia especial autoriza. Sem o controle eletrônico – constrangedor e ineficaz – dos seus trabalhadores.

Especialmente, postulamos políticas afirmativas contra todas as formas de discri- minação e assédio.

Queremos, finalmente, a UFF na defesa da liberdade de ensino, de expressão do pensamento e de organização representativa.

Acompanhamos a escolha do reitor da UFF, contando que ela fortaleça esses compromissos e valores fundamentais da universidade verdadeiramente pública, totalmente gratuita e voltada para os interesses da classe trabalhadora.

Diretoria Colegiada da Aduff - Junho de 2022

 

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