Out
10
2021

Mais nova unidade acadêmica, conquista da luta coletiva no Coluni entra para história da UFF

 

Luta da comunidade do Colégio Universitário obteve reconhecimento oficial e unânime no CUV após anos de uma mobilização impulsionada pela greve de 2015

DA REDAÇÃO DA ADUFF

Uma conquista de toda a comunidade escolar e resultado de muita luta, que ganhou força a partir da greve de 2015. Docentes do Coluni e dirigentes da Aduff-SSind atribuem a concretização oficial pelo Conselho Universitário (CUV) do reconhecimento do colégio da UFF como unidade acadêmica a um movimento coletivo e democrático que mobilizou a comunidade escolar.

Quase dez meses depois de o processo administrativo ter sido remetido pela Reitoria à secretaria dos Conselhos Superiores, os conselheiros aprovaram, por unanimidade, na reunião do dia 6 de outubro de 2021, o processo que define o Colégio Universitário Geraldo Reis como mais uma unidade acadêmica da Universidade Federal Fluminense, com todas as prerrogativas e deveres que isso representa. 

"A concretização do processo que tornou o Coluni a mais nova unidade acadêmica da UFF é uma conquista de toda a comunidade escolar, fruto de muita luta política. Há algum tempo que essa comunidade reivindica a sua participação nos espaços de democracia interna da universidade", avalia Poliane Gaspar de Cerqueira, professora do colégio e dirigente da Associação dos Docentes da UFF - Aduff-SSind, Seção Sindical do Andes-SN. "Acredito que toda a comunidade universitária ganha muito com essa vitória, visto que o Coluni tem se destacado por ser um espaço de excelência acadêmica com práticas pedagógicas de vanguarda, sendo fundamental esse reconhecimento como unidade acadêmica dentro da universidade, demonstrando a força e a importância da educação básica", observa.

Reunião do CUV

Antes de iniciar a ordem do dia, na qual a matéria estava prevista, a professora Gelta Xavier, da Faculdade de Educação e diretora da Aduff, teve espaço concedido pelo conjuntos dos conselheiros e conselheiras para falar em nome da Seção Sindical. Disse que já se passaram muitos anos de existência dessa unidade sem que ela esteja formalmente admitida no contexto da universidade. Ressaltou que esta conquista decorre de uma luta que faz parte da história da comunidade do colégio, que se tornou uma referência e modelo para a educação de Niterói, com uma pedagogia bastante avançada. "Nós consideramos que passou da hora de integrar essa unidade no conjunto das unidades que promovem a Universidade Federal Fluminense a uma qualidade da qual nós nos orgulhamos", disse.

Inicialmente, o Coluni funcionou a partir de um convênio com a Secretaria de Educação do governo do Estado e a Universidade, firmado em 2006, tendo sido integralmente assumido pela UFF em 2009. Outra pauta que mobilizou a comunidade acadêmica, em 2013 aconteceu o primeiro concurso para professores da Carreira de Magistério do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT) do Colégio.

O avanço na contratação de docentes para o quadro efetivo da carreira, concursados e com estabilidade sedimentou as condições para que, dois anos depois, na greve na universidade de 2015, ganhasse corpo e força a reivindicação para que o Coluni se tornasse uma unidade acadêmica, movimento no qual os técnicos também estavam inseridos.

A formalização da abertura do processo administrativo neste sentido aconteceu no dia 9 de dezembro de 2020, em solenidade com a administração central da universidade. Três dias depois, o reitor da UFF, Antônio Cláudio da Nóbrega, remeteu o processo para a secretaria dos Conselhos Superiores. Na reunião por videoconferência do CUV de 6 de outubro, o processo foi aprovado por unanimidade e destacado pelo reitor apenas para dar espaço a saudações. O diretor do Coluni, professor Charleston Assis, participava como convidado - doravante, o cargo que ocupa terá assento assegurado no Conselho Superior.

Coluni, unidade acadêmica da UFF

Situado no número 8 da rua Alexandre Moura, no bairro de São Domingos, em Niterói, bem próximo ao campus do Gragoatá, o colégio torna-se unidade acadêmica da UFF com 408 estudantes, 61 docentes, 11 técnicos-administrativos e 35 trabalhadores terceirizados. "A conscientização sobre a necessidade de nos tornarmos Unidade Universitária surgiu durante os debates internos ocorridos durante a greve de 2015. Na ocasião, o corpo docente e técnico compreendeu que já havia número suficiente de servidores efetivos para que o pleito ocorresse. Internamente, a questão foi encaminhada junto à professora Iduína [Mont'Alverne], diretora à época, no sentido de elaboração de Regimento Interno juntamente com o da elevação à categoria de unidade universitária", relata Charleston, à reportagem.

Primeiro professor da carreira EBTT a ocupar a direção do Coluni, ele assumiu o cargo em 30 de novembro de 2018, como resultado de um acordo entre a diretoria anterior - nomeada pela Reitoria - e o movimento pela transformação do colégio em unidade acadêmica. Para o diretor do colégio, a proposta nasce e tramita impulsionada pela mobilização dos servidores, o que incluiu os debates com estudantes e seus responsáveis, no Colegiado e em outros fóruns internos e, posteriormente, na Reitoria e demais instâncias da universidade. "Encontrou apoio institucional para prosseguir exatamente porque foi tomada como expressão da vontade e dos esforços de servidores e demais integrantes da comunidade escolar", disse Charleston.

'A greve e a organização desta luta'

A professora Kate Lane, presidente da Aduff e integrante do quadro docente do Colégio Universitário Geraldo Reis, diz que é importante resgatar a história desta luta, o peso da greve de 2015 e o quando este desfecho vitorioso foi postergado. "O Coluni foi criado em 2006 e somente agora ele se torna uma unidade", diz, sobre o longo período no qual ser um "pedaço do Prograd", a Pró-Reitoria de Graduação, implicou em falta de autonomia e limitações na democracia interna, não podendo sequer eleger o diretor. Algo que, avalia, não precisava ter ocorrido, tampouco perdurado tanto e que foi superado não por conta de iniciativas das administrações centrais da UFF, mas da ação das servidoras e servidores.

A dirigente da Aduff ressalta ainda a construção da organização interna do colégio, que permitiu, mesmo com a fragilidade de não haver eleição, conformar uma direção pró-tempore colada a essa luta. "É uma pena que eles sequer pudessem ter sido eleitos. Esperamos poder fomentar a democracia interna na universidade. Vai ser bastante formativo e didático para a categoria no Coluni. Vamos eleger a nossa chefia imediata, uma conquista da organização dos trabalhadores lotados lá. Precisamos saudar a importância que as graves têm para que os trabalhadores possam se organizar, se reconhecer e saber da sua força para saber fazer valer seus direitos", conclui.

DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Aline Pereira e Hélcio Lourenço Filho

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