Terceira parte da série de podcasts e vídeos da Aduff que abordam a reforma Administrativa e a necessidade de os servidores e a população reagirem para impedir a destruição dos serviços públicos.

Maria Lúcia Fatorelli, Coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida, afirmou durante o Encontro Nacional do Setor Público, realizado ao final de julho de 2021, que o problema das contas brasileiras não se justifica com o gasto com pessoal, que praticamente não cresceu em 20 anos, mas tem origem no pagamento da dívida, sobretudo em um contexto de crise econômica.

A atividade foi organizada por onze centrais sindicais e entidades nacionais do funcionalismo reunidas no Fórum dos Servidores Federais (Fonasefe), além do Movimento "Basta", da Frente Parlamentar Mista do Serviço Público e da Federação Brasileira de Policiais (FBP).

É nesse contexto de "fabricação da crise" que o Estado, conforme as diretrizes dos organismos internacionais, argumenta em favor de um “remédio” amargo para conter a sangria: enxugar os serviços públicos, como se fossem eles os grandes vilões desse processo, tal como propõe a Pec 32, a da Reforma Administrativa. 

Se a emenda à Constituição for aprovada nos termos em que o governo propõem, Fatorelli afirma que empresas privadas serão beneficiadas via contratos, pagos com dinheiro público, para executar serviços que trabalhadores concursados realizam. 

“Esses contratos vão ser firmados por setor privado. Pra quê? Pra execução de serviços públicos privada, uma pessoa que não fez concurso, que não tem treinamento pra fazer a mesma coisa que você. O que que vai acontecer em pouco tempo? Essas pessoas vão acabar pegando o jeito ali de como fazer a atividade. [Mas], vão errar muito, vão prejudicar muito, vão causar muitos prejuízos para as pessoas, pro Estado. Mas vai custar baratinho, né? Porque geralmente essas pessoas são muito exploradas. Os terceirizados são infinitamente explorados. E, aí, com o passar do tempo, essas pessoas vão aprender ali o trabalho, as carreiras vão entrar em extinção, porque o governo não vai mais fazer concurso. Este compartilhamento vai levar à extinção de inúmeras carreiras”, considera a especialista.