Mai
21
2021

Assembleia Comunitária da UFF reúne os 3 segmentos para organizar defesa da Educação pública e enfrentamento a Bolsonaro

Iniciativa integrou a programação do 19 de Maio – Dia de Luta em Defesa da Educação Pública; convocada pela Aduff-SSind, Sintuff, DCE-Fernando Santa Cruz e APG Marielle Franco, assembleia também indicou a importância de construir as mobilizações do dia 29 de Maio 

Mais de 120 integrantes da comunidade universitária da UFF, entre estudantes, professores e técnicos-administrativos estiveram reunidos virtualmente na quarta-feira (19) para participar da Assembleia Comunitária da UFF. A mesa foi composta pela presidente da Aduff-SSind, Kate Lane Paiva, pelo coordenador-geral do DCE, Marcos Teixeira, pela presidente da Associação de Pós-Graduandos da UFF, Rebecca Vieira e pela coordenadora do Sintuff, Alessandra Primo.

Embora não fosse um espaço deliberativo (respeitando a autonomia dos segmentos e de suas entidades representativas), as e os presentes fizeram falas defendendo e indicando a continuação das mobilizações unificadas entre os setores da universidade e da Educação na luta contra os cortes no orçamento e os demais ataques do governo Bolsonaro à educação, aos serviços públicos como um todo e aos direitos das e dos trabalhadores do país.

Estiveram presentes na reunião representações do SEPE-Niterói e do Sinasefe. A Frente Nacional Contra a Privatização da Saúde também mandou uma saudação ao evento.

O estudante Marcos Teixeira, coordenador do DCE-Fernando Santa Cruz, abriu a assembleia prestando solidariedade e lembrando as mais de 420mil vidas perdidas pela covid-19 no Brasil, “fruto de uma política de negação, ódio e descaso público que já estabelece um cenário de genocídio no país”. Ele defendeu que a universidade pública não pode se furtar da luta para denunciar e reverter esse cenário de ataques e de cortes, apostando na solidariedade, na mobilização coletiva e na organização contínua e unitária como principais armas para este enfrentamento. “O que está sendo atacada é nossa capacidade de transformar o futuro”, frizou ao definir a universidade como um espaço de desenvolvimento, de sonho e esperança para a juventude brasileira.

Comissão de Mobilização e dia 29 de Maio: Povo na rua, Fora Bolsonaro!

Na Assembleia Comunitária, foi tirada uma Comissão de Mobilização para organizar as próximas ações unificadas, como a construção das atividades do dia 29 de Maio – data convocada nacionalmente pela campanha “Fora Bolsonaro” e pelas Frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular como um dia de mobilização contra o governo genocida, inimigo da Educação e da ciência, que ocupa a presidência do país.

No Rio de Janeiro, um ato está sendo chamado para às 10h do dia 29 (sábado), em frente ao Monumento Zumbi, na Av. Presidente Vargas. “Pela Vida, Por Vacina, Pelo Auxílio Digno e contra os cortes na Educação: Fora Bolsonaro!” é o mote da atividade que deverá contar com concentração também em Niterói.

Para a coordenadora do Sintuff, Alessandra Primo, é hora de chamar a responsabilidade aos que a tem. “No dia 29 voltaremos às ruas para dar um recado ao governo Bolsonaro e a todos os seus lacaios que tentam empurrar cloroquina goela abaixo do povo. “Somos pesquisadores, somos trabalhadores da Educação e nesta universidade fazemos ciência. Não vamos aceitar pisarem na nossa cabeça, na cabeça do pobre, do favelado, do servidor público, do estudante. Iremos nos unir para dizer basta a essa política de morte”, ressaltou.

Cortes orçamentários e ataques à Educação

Em 2021, o orçamento aprovado pelo governo Bolsonaro para as Instituições Federais de Ensino estabelece um corte de R$ 1 bilhão em relação ao ano passado. De acordo com a reitoria da UFF, na Federal Fluminense isso significa R$ 32.9 milhões a menos do que em 2020, além de um bloqueio orçamentário de R$ 23 milhões. Apesar de sofrer há anos com os cortes, esse é menor orçamento da UFF desde 2008.

Enquanto corta da Educação, Bolsonaro assina medida que aumenta seu próprio salário e de seus ministros em até 69%, tenta aprovar a Reforma Administrativa (PEC 32) - grave ataque aos serviços públicos no país - e o PL 5595/20, uma tentativa de impor o retorno presencial da Educação antes de garantir as condições sanitárias necessárias e a vacinação para a comunidade universitária/escolar e para a maioria da população. 

Cortes na Educação integram projeto neoliberal e racista

Na assembleia comunitária, a presidente da Aduff-SSind, Kate Lane Paiva, saudou o espaço de unidade de ação que reuniu as entidades representativas dos três segmentos. Professora do Coluni-UFF, a docente lembrou que a participação na atividade só foi possível porque em assembleia da categoria, professoras e professores da UFF deliberaram pela paralisação na data. “A luta coletiva pressupõe a participação em espaços coletivos, por isso a importância de defendermos a paralisação como instrumento de luta. Para garantir nossa presença e o diálogo mais amplo fora das salas de aula”.

Kate também ressaltou que o governo “marcadamente fascista e autoritário” de Jair Bolsonaro está perfeitamente alinhado aos interesses neoliberais que querem destruir a Universidade e os serviços públicos, mas que o projeto de subfinanciamento da Educação não começou neste governo, nem os ataques aos direitos dos trabalhadores.

“Tirar Bolsonaro e Mourão é urgente, mas não nos basta. Precisamos pensar como organizar a classe e as categorias para enfrentar essa conjuntura e ir além dela, combatendo as opressões que estruturam nossa sociedade. A luta também é anticapitalista e anti-imperialista, por uma universidade popular, LGBT, preta, com mulheres mães. Lutar contra o sucateamento da Universidade e sua privatização é lutar por uma educação emancipadora, crítica, socialmente referenciada. Não adianta universidade para produzir conhecimento para banqueiro”, finalizou.

Presidente da Associação de Pós-Graduandos da UFF (APG Marielle Franco), Rebecca Vieira destacou que o projeto de destruição da universidade também é um projeto racista. “Causa um sentimento de ódio e repulsa nos poderosos ver a filha da empregada e do pedreiro virando doutora. A Universidade pública salvou a vida de muitas pessoas, inclusive a minha. Não podemos deixar que esse desgoverno destrua nossos sonhos no momento em que a produção das pessoas negras mais avança. A insistência em dizer que não vale à pena investir na educação também é um projeto de extermínio da nossa produção e ciência”.

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