Jul
16
2020

Funcionamento da UFF na pandemia é pauta de CUV do dia 22, convocado por 1/3 dos conselheiros

Docentes, técnicos e estudantes defendem há meses que o tema seja pautado no Conselho Superior e discussão democratizada

 

DA REDAÇÃO DA ADUFF

A convocação de uma reunião extraordinária do Conselho Universitário para “Discutir e estabelecer critérios para o funcionamento da UFF na pandemia” só foi possível porque conselheiros se mobilizaram e protocolaram documento neste sentido. A sessão ocorrerá quatro meses após o início da crise sanitária que já matou mais de 75 mil pessoas no Brasil. O regimento dos conselhos superiores prevê essa possibilidade mediante a assinatura de pelo menos um terço de seus membros.

A reunião marcada para o dia 22 de julho de 2020 vem sendo reivindicada por docentes, técnicos e estudantes desde pouco depois do início da pandemia. "A nossa avaliação é que essa reunião é fundamental. A Aduff vem defendendo que o CUV cumpra seu papel de orientar a política educacional da universidade. É uma pena que tenha sido que ser convocada dessa forma, mas isso não diminui a sua importância. Pelo contrário, só aumenta", diz Marina Tedesco, presidente da Aduff-SSind (Associação dos Docentes da Universidade Federal Fluminense - Seção Sindical do Andes-SN). A convocação do CUV com essa pauta também vinha sendo defendida pelo Sintuff, o sindicato que representa os técnicos-administrativos, que ressaltou a importância da reunião e também lamentou o fato de a Reitoria não ter encaminhado tal solicitação. 

O professor Victor Leonardo de Araujo, da Faculdade de Economia, é um dos conselheiros que assina a convocatória. Ele explica que a reunião extraordinária é para "estabelecer princípios e critérios para serem adotados pela UFF na pandemia" de forma que isso inicie e facilite um processo de discussão que até agora, lamenta, não aconteceu no âmbito institucional da universidade. "A impressão que eu particularmente tenho é que a UFF está fazendo as coisas de forma muito atabalhoada. Como é que eles divulgam um calendário de retomada das aulas na graduação, primeiro e segundo semestre de 2020, sem ter discutido os princípios que deverão nortear a retomada dessas atividades durante a pandemia? Me parece que a universidade está tomando decisões de uma forma, eu diria, além de atabalhoada, também bastante não democrática", assinala, ressaltando que expressa uma avaliação particular.

O docente diz que isso não significa desconhecer como legítimos espaços como o CEPEx (Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão), que teve em sua pauta a discussão, por exemplo, sobre o ensino remoto para estudantes concluintes. Mas considera submeter tais pautas a esses espaços é muito insuficiente. "Eu não consigo compreender que mais democracia seja pior que menos democracia. Não consigo entender que escutar menos docentes, técnicos e estudantes possa ser melhor do que escutar mais docentes, técnicos e estudantes", constata.

O conselheiro diz que a direção da universidade adotou como pressupostos escutar um número restrito de professores, no corpo técnico das pró-reitorias, e discutir apenas no âmbito do CEPEx. "Não estou questionando que esses espaços sejam legítimos, mas acho que nessa situação de excepcionalidade a gente poderia encontrar melhores condições ouvindo os departamentos e as coordenações de cursos, para só depois ir para o Grupo de Trabalho, que consolidaria essas sugestões e depois as encaminharia ao CEPEx", defende. 

Essa metodologia, sustenta, poderia ser muito mais eficaz e ajudaria a compreender as realidades dos diferentes cursos. "A gente sabe que tem o debate sobre o ensino remoto, o ensino a distância, e é sempre muito desafiador a gente saber como é que cursos que precisam de laboratórios, que fazem pesquisa de campo ou que precisam no seu processo de ensino-aprendizagem de maiores interdisciplinaridades, de atividades mais presenciais, como é que esses cursos vão resolver. Como é que você vai resolver essas situações, essas pendências? Tudo é muito desafiador e eu acho que se a universidade se dispusesse a construir uma metodologia para que essas questões fossem encaminhadas para os departamentos ou para as coordenações de cursos a gente poderia encontrar soluções melhores", assinala.

'Momento extraordinário' 

A estudante Juliana Alves, que também integra o grupo de conselheiros que assinaram a convocatória, avalia que esse debate é "fundamental e caro" para a universidade e não pode estar ausente da principal instância da instituição. "A gente entende que esse momento que a gente vive é complexo. Não é uma greve, como a gente já viveu dentro da UFF e que teve esse debate nesse espaço, mas é uma pandemia mundial. Então, num momento extraordinário são necessárias medidas extraordinárias e, principalmente, um debate amplo e aberto e democrático dentro da nossa universidade, o que a Reitoria não tem encaminhado", critica. 

A discente também lamenta que o único espaço que a administração central tenha designado para essa discussão seja o CEPEx. "Eu também sou conselheira do CEPEx, mas esse debate deveria ter sido feito desde o início dentro do CUV", observa. Ela ressalta que a proposta de calendário com volta às aulas em setembro, apresentada pela Pró-Reitoria de Graduação, nem sequer passou pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão. "Sem qualquer debate, estudo em relação às questões pedagógicas, em relação às questões dos estudantes, na forma desse calendário, das aulas, o planejamento dos departamentos em relação às disciplinas, nada disso foi elaborado e construído em conjunto", diz, sublinhando que o calendário passou à margem inclusive dos conselheiros do CEPEx.

DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Hélcio Lourenço Filho

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