Jul
03
2020

CUV decide por adesão ao Sisu 2021 e não debate 'UFF na pandemia'

Aduff discorda de como o reitor encaminhou a votação sobre a questão do Sisu ao final da sessão

 

A primeira sessão ordinária do Conselho Universitário da UFF durante a pandemia da Covid-19 foi realizada na quarta-feira, 1º de julho, mais uma vez de forma virtual, com transmissão feita pela instituição. A reunião durou pouco mais de três horas e o principal ponto de pauta envolvia a adesão ou não ao Sistema de Seleção Unificada 2021. A plataforma Sisu vincula a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) às vagas na graduação em universidades públicas do país – o que foi acatado na sessão ordinária do CUV, apesar da apresentação de documento, que teria sido assinado por 1/3 dos conselheiros, propondo a convocação de um Conselho Universitário Extraordinário, com pauta única, a saber: “Definir princípios e critérios para o funcionamento da UFF durante a pandemia”.

A proposta foi apresentada pelo professor Júlio Carlos Figueiredo, também conselheiro, enfatizando que não se trata de oposição ao Sisu 2021, mas sim de posicionamento do CUV sobre a universidade pública com garantia de qualidade, considerando a conjuntura agravada pela pandemia da Covid-19. Alguns professores propuseram que o debate sobre o Sisu fosse pensado junto com uma discussão ampliada sobre a UFF neste contexto de crise sanitária.  Outros manifestaram preocupação com a manutenção do ENEM e suas respectivas notas, na situação de pandemia, pode aprofundar a desigualdade entre os estudantes de escolas privadas e públicas e o acesso à UFF.

De acordo com o professor Júlio, a pauta desse CUV extraordinário que estava sendo proposto por alguns conselheiros reflete a gravidade da questão vivenciada pela comunidade acadêmica no cenário da Covid-19, porque elas interferem não apenas nesse contexto, mas também no futuro da universidade pública que se defende. “Alerto que as decisões que não forem tomadas com todos os cuidados, de forma transparente, com a participação de todos os segmentos, poderão estar viabilizando a aceleração do processo de privatização da UFF, que é o que propõe o atual governo. Temos que ter cuidado com os encaminhamentos que fazemos a partir de cada instância da Universidade”, disse.

Ao longo da reunião, existiram também menção e críticas às determinações que envolvem o trabalho remoto e o ensino remoto na instituição, com ênfase no fato de que a maioria dos servidores - técnicos e professores - da UFF estão em casa não por vontade deliberada, mas como medida sanitária que objetiva a preservação da vida no atual contexto. Houve solicitações de diálogo efetivo sobre o tema com a Aduff e o Sintuff, tal como fizeram os conselheiros Alessandra Primo, Luiz Carlos Vieira e Wagner Peres – todos técnico-administrativos. Outros conselheiros, como Lucas Getirana e Cresus Vinicius de Gouveia, destacaram positivamente o trabalho feito pela UFF neste contexto de distanciamento social, sobretudo no âmbito da reitoria e do Grupo de Trabalho articulado pelo Conselho de Ensino e Pesquisa (Cepex).

A conselheira estudantil Diana Vidal cobrou um mapeamento efetivo da situação socioeconômicas dos estudantes, frisando a importância de ter esses dados para relacioná-los a qualquer decisão relativa ao calendário na UFF.

Críticas da ADUFF

Ao final da reunião, a professora Marina Tedesco, presidente da Aduff, fez uma fala pela seção sindical, após ter sua solicitação de intervenção autorizada pelo reitor, que presidia a sessão. A representação dos docentes não tem direito a voz e ao voto no Conselho Universitário. Ela repudiou a forma açodada como a administração central tem encaminhado algumas questões relativas à política universitária, sem dar tempo hábil para debate nos departamentos antes de deliberar, citando como exemplo a celeridade como a demanda sobre os alunos concluintes foi tratada. 

A Aduff discorda de como o reitor da UFF, Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, encaminhou a votação sobre a questão do Sisu ao final da sessão ordinária do CUV. “Algumas falas de conselheiros manifestaram estranhamento diante de uma diferença entre o que foi indicado pelas Câmeras, que era um CUV ordinário para debater a questão do SISU, e o que estava, de fato, na pauta da reunião do Conselho Universitário do dia 1º de julho, que era debater e deliberar sobre a adesão ou não ao Sisu. As discussões foram acaloradas e um grupo de conselheiros argumentou e solicitou o adiamento dessa deliberação e esse encaminhamento foi ignorado pela mesa, que não colocou em votação se os conselheiros queriam ou não decidir ali - o que precedia qualquer votação”, criticou a docente do curso de Cinema na UFF. 

O método evidencia como propostas que não são as da reitoria vêm sendo encaminhadas pela administração central da UFF. “Nossas demandas, da Aduff e do Sintuff, que envolvem pautar nas instâncias colegiadas a IS 008/2020, têm sido ignoradas e sequer foram para discussão. O mesmo acontece com as demandas por mais tempo para a comunidade acadêmica debater as propostas que surgem, a apresentação dos dados do questionário realizado pela Reitoria e, ainda, que seja o CUV, no cumprimento de suas atribuições, que oriente a política educacional da UFF".

 

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