Mai
28
2020

CUV prorroga mandatos dos colegiados de unidade até o fim da pandemia

Antes que reunião tivesse início, Aduff divulgou carta à comunidade aos conselheiros pedindo, entre outros pontos, a suspensão da IS 008; reitor diz que a normativa “é um horror”, mas que ela tem força de lei

O Conselho Universitário da UFF esteve reunido na manhã desta quarta-feira 27, em sessão virtual de aproximadamente quatro horas, presidida pelo Reitor Antônio Claudio Lucas da Nóbrega. Foi aprovada a extensão dos mandatos dos colegiados de unidade até o fim da pandemia, garantindo a representação docente na instituição. 

Houve mais de 110 participantes na reunião, o que tornou o processo bem confuso em determinados momentos, de acordo com o relato de alguns conselheiros.

“As dificuldades tecnológicas acertamos, mas a comunidade acadêmica está vivendo um déficit de democracia muito grande. A UFF nunca foi um primor de democracia nos momentos mais sensíveis, e os Conselhos Superiores voltaram a funcionar há pouco tempo - a exemplo do CEPEx”, disse o professor da Economia, Victor Leonardo Araújo. 

Para ele, a administração central tem tomado decisões, como o caso da instrução de serviço número 008 (que institui um plano de trabalho para os docentes) e do ensino remoto, de forma autoritária. “Diante de todo esse déficit, isso gera uma certa ansiedade de todos participarem e manifestarem ali usas interpretações. A reunião teria sido menos confusa se a administração tivesse sido mais clara, transparente e democrática na forma como tem conduzido as decisões em tempo de pandemia”, complementou Victor Leonardo.

O Reitor defendeu o isolamento social e disse que a UFF vive uma situação inusitada para justificar a adoção das atividades remotas, que, enfatizou, não se trata de EaD.. "Não há como pensarmos em retorno presencial a curto e a médio prazo; se existe alguma quase certeza em meio a tantas incertezas, é de que esse momento de afasta de nós - a volta presencial [nos moldes do que havia antes] aos campi se coloca mais longínquo diante do que temos observado", disse Antônio Claudio Lucas da Nóbrega.

Disse que está construindo diferentes fóruns de discussão, contando com o apoio dos diretores de unidades para isso. Afirmou que o momento é complexo e que, diante dos desafios, a UFF tem que prezar pela inclusão e qualidade das suas ações para se fazer presente na vida das pessoas. “Essa discussão tem que continuar, mas não haverá nenhuma atitude nossa de estimular o retorno físico sem que tenhamos condições para isso”, afirmou, garantindo que será uma decisão autônoma da Universidade. 

Posição da ADUFF sobre a IN 008 (plano de trabalho)

Na manhã desta quarta-feira 27, antes que o CUV fosse iniciado, a Aduff divulgou nas redes uma Carta aberta à comunidade universitária e aos conselheiros. Por meio dela, pedia que a sessão do CUV de 27 de maio tratasse da Instrução de Serviço Progepe n. 008. “Alegando-se nos proteger diante de tantas ameaças e ataques do poder, o plano de trabalho e relatório por ela instituídos nos fragilizam. Sabemos que, em uma conjuntura atípica, em que há tantas variáveis que não controlamos, a chance de não serem cumpridos é grande. Sabemos que ninguém tem como garantir que tais documentos não serão pedidos posteriormente pelo MEC, e, neste caso, que não serão enviados. Ademais, acreditamos que nenhum mecanismo novo de controle de trabalho deve ser criado sem amplo debate dentro da comunidade acadêmica e sem passar pelas suas instâncias colegiadas”, dizia trecho do documento cuja integra pode ser lida em: http://aduff.org.br/site/index.php/notocias/noticias-recentes/item/4089-nota-da-diretoria-da-aduff-sobre-a-instrucao-de-servico-da-progepe-008-2020

Desde a edição da IS pela UFF, a Aduff tem se manifestado favorável à sua suspensão e pede que a Reitoria oriente as trabalhadoras e trabalhadores da universidade a registrarem todas as atividades possíveis de serem realizadas por meio dos mecanismos já existentes, fazendo constar neles, inclusive, as dificuldades que estão enfrentando para executar estas atividades.

Sobre a normativa publicada pelo governo federal, o Reitor disse que a considera "um horror", que a Andifes chegou a questioná-la, mas que é obrigado a emiti-la porque ela tem força de lei. "Nosso plano de trabalho é o mais aberto do Brasil. Mas parece uma certa incongruência porque pedem que definamos algumas coisas; é o exercício da gestão compartilhada, os trabalhadores devem discutir com as chefias o que fazer. (...) O que o governo vai fazer depois? Vamos resistir a qualquer coisa que seja menos que o direito das pessoas", afirmou o Reitor. A Aduff defende que a normativa tem força de lei, mas como executá-la através de instrução de serviço é cada universidade que decide. Portanto, a seção sindical enfatiza a necessidade de que a comunidade acadêmica seja ouvida.

Ainda na Carta aberta à comunidade universitária e aos conselheiros, a diretoria da Aduff afirmou: "Discutir o tripé ensino, pesquisa e extensão em um contexto de isolamento social e, posteriormente, de desconfinamento sob restrições sanitárias, em especial diante das pressões e chantagens do governo federal, não é qualquer coisa na história da Universidade Federal Fluminense. É preciso um levantamento consistente das condições de acesso, permanência e acessibilidade, mas também econômicas, sociais e psicológicas da comunidade acadêmica. Estes dados, quando coletados e tabulados, precisam ser disponibilizados para o conjunto da universidade, para que departamentos, institutos e as entidades representativas dos trabalhadores e estudantes da UFF possam debater e fazer propostas".

Da Redação da ADUFF

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