Mar
21
2019

Aduff critica comissão censora do governo no Enem

Para Marina Tedesco, presidente da Aduff, projeto político governista é o de impor um pensamento único em sala de aula

Em meio a uma crise sem precedentes na história recente do Ministério da Educação - envolvendo disputas internas na pasta, nesta semana foi anunciada mais uma medida polêmica. Uma comissão com três pessoas – constituída por três homens – irá avaliar as questões do Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem.

Historicamente, as perguntas eram formuladas por quadros técnicos do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). O órgão justifica a decisão do governo, alegando que o objetivo da comissão é "analisar as questões para verificar sua pertinência com a realidade social, de modo a assegurar um perfil consensual do exame".

O grupo é constituído por Marco Antônio Barroso Faria, secretário de Regulação e Supervisão da Educação Superior do Mec; Antônio Maurício Castanheira das Neves, diretor de Estudos Educacionais do Inep; e Gilberto Callado de Oliveira, procurador do Ministério Público de Santa Catarina – este último apresentado pelos formuladores da proposta como um representante da sociedade civil. Todos terão acesso às perguntas da prova antes que sejam aplicadas aos estudantes que disputam vagas em diferentes cursos de graduação nas universidades públicas do país. As provas estão previstas para novembro deste ano.

Governo na contramão do pensamento crítico

A docente Marina Tedesco, presidente da Aduff, criticou a decisão. “Vemos com muita preocupação a submissão da prova do ENEM a essa comissão, que tem a função de verificar se existe “conteúdo ideológico” nas questões. As ações do governo para a Educação, tais como a indicação da pastora Ionele Lima para a Secretaria Executiva do Mec e o episódio da carta às escolas solicitando reprodução entre as crianças do slogan de campanha do Jair Bolsonaro, demonstram que o projeto político governista é o de impor um pensamento único em sala de aula, contrariando qualquer perspectiva de pensamento crítico”, avaliou a professora do curso de Cinema da UFF.

Marina Tedesco ainda destacou o fato de o presidente Jair Bolsonaro, o Ministro Ricardo Vélez e muitos outros que integram o governo professarem discursos e ações conservadoras e afinadas com o projeto 'Escola Sem Partido', que censura e criminaliza o e a docente em sala de aula.

Para a presidente da Aduff, outro aspecto envolvendo a comissão do Mec para o Enem merece ser destacado: “chama atenção também o fato de essa comissão censora não contar com a presença de uma única mulher, o que mais uma vez expressa a falta de sintonia com as demandas sociais por igualdade e representatividade feminina nas esferas de decisão”, complementa Marina.

Da Redação da ADUFF | Por Aline Pereira
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil Brasilia-DF - Ricardo Vélez, Ministro da Educação

 

Additional Info

  • compartilhar: