Nov
28
2018

“Ditadura nunca mais, lembrar para não esquecer” foi o tema da mesa de abertura da 1° MOSCA

Mostra é organizada pela Frente Antifascista da UFF, composta pelo DCE Fernando Santa Cruz, Aduff e Sintuff

O debate realizado na noite de terça (27), na sede do DCE, contou com a participação de Ludmila Gama Pereira, pesquisadora do livro "Atitudes de Rebeldia", que resgata a memória da universidade e as experiências de resistência na época da ditadura. E de Edson Benigno, professor da Faculdade de Engenharia da UFF, integrante da diretoria da Aduff-SSind e ex-presidente do DCE-UFF na gestão 1967, interrompida em 13 de dezembro de 1968 pelo AI-5, que marcou o início do período mais duro da ditadura empresarial-militar no Brasil. A atividade também promoveu o lançamento da 2ª edição do livro, elaborado e produzido pelo GT de História do Movimento Docente (GTHMD) da Aduff-SSind.

“Não achei que esse livro faria tanto sentido na conjuntura atual. Ele é um instrumento para a gente pensar esse passado que a gente não quer que se repita. Vai ter resistência”, afirmou a professora da rede municipal de Niterói e uma das pesquisadoras do livro da Aduff "Atitudes de Rebeldia", Ludmila Gama. Na mesa, ela falou sobre a pesquisa para a elaboração do livro e contou como se deu o processo de vigilância, controle e perseguição da ditadura na UFF.

“O livro, ele traz uma produção que tem esse aspecto quantitativo muito importante, porque é uma quantidade absurda de fontes sobre repressão na época da ditadura que a gente recolheu aqui na UFF, a partir do arquivo permanente da Universidade. O que temos de referência com as outras universidades é que a documentação da UFF é a maior de todas encontradas até hoje. São 27 caixas que demonstram como foi o processo de perseguição e de vigilância na universidade, a partir de órgãos de informação e segurança que foram colocados aqui. Esse livro também dá conta de várias entrevistas com estudantes e professores que foram perseguidos naquela época”, detalha.

De acordo com a professora que escreveu tese de doutorado sobre o tema, só a partir da documentação da UFF, é possível afirmar que a ditadura especificamente na Federal Fluminense, e também no âmbito universitário brasileiro, "vetou a admissão de professores, impediu renovação de contratos, controlou e impediu reuniões que não tivessem de acordo com seus princípios, interveio no movimento estudantil e em suas entidades, negou a ocupação de cargos de direção universitária a professores que fossem contra a ditadura, decidiu quais congressos poderiam ser realizados nas universidades, censurou professores nos seus planos de cursos e nos livros que indicava, restringiu a livre circulação de livros, expulsou estudantes de universidades ou não aceitou suas admissões, espalhou anonimamente instrumentos de propaganda da ditadura, contratou informantes pagos pela própria universidade para vigiar o movimento de trabalhadores e estudantes e destruiu documentos que demonstravam perseguição política".

Para o professor da UFF, integrante da diretoria da Aduff-SSind e ex-presidente do DCE da UFF Edson Benigno, cujo mandato foi interrompido pelo AI-5, em 1986, o nome da Mostra de Cultura e Arte pela Democracia (MOSCA) tem tudo a ver com a tarefa da comunidade acadêmica nos próximos anos.

“É uma honra estar aqui com vocês, no local em que tomei posse como presidente do DCE da UFF em 1967. Queria dizer que adorei o nome que foi dado a esse evento. Mosca só aporrinha, ela fica zumbindo para incomodar. E nós tempos que incomodar muito nesse período que está por vir. Gostaria de parabenizar o pessoal que está construindo esse evento como uma tentativa de reagrupar a comunidade universitária na perspectiva da união e da unidade contra os retrocessos e na luta pela democracia”, disse o docente.

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DA REDAÇÃO DA ADUF
Texto: Lara Abib
Fotos: Luiz Fernando Nabuco

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