Ago
24
2018

Disparidade e baixos valores da parcela da ‘reestruturação’ da carreira são criticados por docentes

Segunda etapa da chamada reestruturação das carreiras do magistério federal entrou em vigor em agosto de 2018

 

DA REDAÇÃO DA ADUFF

Os resultados pecuniários da segunda etapa da chamada ‘reestruturação’ dos Planos de Carreiras do Magistério Federal, que entrou em vigor em agosto e terá reflexos já nos salários pagos em setembro, chamou a atenção de muitos docentes pelos valores rebaixados.

O problema é que a ‘reestruturação’ em curso, como já alertara o Andes-SN, o Sindicato Nacional dos Docentes, quando ele foi convertido em lei, é desigual e prevê acréscimos maiores para os níveis mais altos das carreiras.

A disparidade nos valores é gritante. O caso de docentes com título de mestre explicita esse aspecto: o ganho salarial para o cargo de titular é de R$ 966,53, enquanto no nível inicial o aumento é de apenas R$ 40,77 - 24 vezes inferior, em termos absolutos, e perto de dez vezes menor em valores relativos.

A reestruturação foi definida em 2015, ano de uma forte greve da categoria docente, com base em um acordo que o Andes-SN, com base em seus fóruns deliberativos, se negou a assinar. A implementação nas carreiras dos docentes do magistério superior e do ensino básico, técnico e tecnológico (EBTT) foi dividida em três etapas, sempre no mês de agosto: 2017, 2018 e 2019.

Dirigentes sindicais críticos ao modelo de reestruturação implantado ouvidos pela reportagem lembraram que o argumento para a assinatura do acordo era que a proposta estruturaria a carreira. O que se confirma, na prática, afirmam, é que a desestruturação foi mantida e cada vez mais se restringe a carreira a tabelas salariais.

A preocupação com a carreira docente e a necessidade de construir a mobilização na categoria em torno dessa demanda foi reafirmada por professoras e professores que participaram do 63º Conad, o Conselho Nacional do Andes-SN, em Fortaleza, no período de 28 de junho a 1º de julho 2018. Com 62 delegados e um total de 308 participantes, de 70 seções sindicais, aprovou-se a realização de debates e denúncias da “desestruturação da carreira docente e das perdas salariais”.

Pouco antes, informativo especial do Sindicato Nacional tratou do tema e analisou os problemas decorrentes da desestruturação, que se agravam num cenário no qual o governo federal atua para impor um ajuste fiscal que congela e rebaixa os orçamentos de áreas como a educação.

“As leis que desorganizaram a carreira, a partir de 2012, resultantes de acordos não assinados pelo Andes-SN, jogam um papel ainda mais nocivo, diante do cenário constituído após a aprovação da Emenda Constitucional 95”, diz trecho do material, que assinala as constantes tentativas do governo de dividir o funcionalismo público federal e a ameaça de uma nova reestruturação nas carreiras dos diversos setores baseada no rebaixamento dos salários iniciais. O InformAndes ressalta que a luta em defesa da carreira precisa estar associada à mobilização unificada dos servidores contra a retirada de direitos e os cortes orçamentários.

DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Hélcio Lourenço Filho

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