Fev
23
2018

Professora da UFF que expôs na TV visão crítica à intervenção no Rio recebe mensagens de solidariedade

Entrevista de Jaqueline Muniz viralizou nas redes ao criticar de forma contundente a intervenção federal na segurança do Rio.

A recente entrevista de Jacqueline de Oliveira Muniz – docente do Departamento de Segurança Pública da Universidade Federal Fluminense – ao noticiário do canal GloboNews viralizou e repercutiu além da televisão fechada. O vídeo foi compartilhado diversas vezes no Facebook, YouTube e Twitter e somam milhares de visualizações. A especialista censurou o decreto do presidente da República, Michel Temer, que estabelece a intervenção federal no Rio de Janeiro até o dia 31 de dezembro corrente.  Criticou o efeito “espanta barata” dessa ação e, desde então, tem sido agredida nas redes sociais por pessoas mais próximas a setores conservadores, que professam discursos raivosos, misóginos e preconceituosos.

Por outro lado, recebeu inúmeras declarações de solidariedade, de professores, alunos e do público em geral nas redes sociais. Entre elas, a do presidente da Aduff, Gustavo Gomes. “É inadmissível que nossa colega docente seja alvo desse tipo de atitude desrespeitosa”, disse Gustavo, que é professor da Escola de Serviço Social. “As críticas de Jacqueline Muniz à intervenção federal são fundamentadas, frutos de anos de pesquisas na área. Ela compreende a gravidade do atual momento”, complementou o sindicalista em solidariedade a professora.   

De acordo com Jacqueline ao canal, desde 1992, o Rio de Janeiro experimenta direta ou indiretamente a intervenção das forças armadas na segurança pública. Operações policiais recentemente realizadas de forma teatral – como foi o caso na Maré, no Salgueiro e na Rocinha – não apresentaram resultados substantivos; “o rendimento é político, eleitoral e midiático”, como afirmou a docente em rede nacional. “Aqueceu a panela de pressão sem produzir resultados substantivos e sem relatórios de eficácia, eficiência e efetividade do emprego das forças armadas em suporte a ação policial no RJ”, disse Jaqueline.

Desde o dia 16 de fevereiro, a área de segurança pública do Estado está sob o comando do general do Exército Walter Braga Netto – interventor escolhido para substituir o governador Luiz Fernando Pezão nesse quesito. A ação também é criticada pelo Andes-SN, que, em nota, afirmou que essa medida autoritária aponta na direção da criminalização e da militarização da sociedade, dos movimentos sociais populares e da população pobre e negra.

Segundo o documento, a questão social não pode ser tratada com repressão policial, mas sim com o investimento em políticas públicas – geração de emprego, renda, garantia de moradia popular, serviços públicos de qualidade – que podem amenizar a situação de miséria e violência no país.

DA REDAÇÃO DA ADUFF | Por Aline Pereira
Foto: Reprodução de Internet

 

 

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