Fev
19
2018

Dia de protestos contra PEC da Previdência começa no Rio com ato no aeroporto

Manifestantes avaliaram que governo pode manobrar e tentar votar PEC 287 apesar da intervenção federal no Rio. Haverá passeata unificada dos movimentos contra a reforma da Previdência ao final da tarde, na Candelária

O dia de protestos contra a reforma da Previdência Social começou pela manhã desta segunda-feira (19), no Rio de Janeiro, com ato no Aeroporto Santos Dumont, próximo ao Centro da cidade. Manifestações também estavam previstas para acontecer nos aeroportos de Brasília e de outras cidades do país. À tarde, os movimentos contrários ao projeto que o governo de Michel Temer tenta aprovar fazem passeata unificada, com concentração a partir das 16 horas na Candelária.

Expondo faixas, cartazes e distribuindo panfletos, eles se dirigiram à população que transitava no local e a alguns deputados que embarcavam rumo ao Distrito Federal usando um pequeno carro de som. "Querem acabar com o nosso direito à aposentadoria", alertou um manifestante durante o ato, que reuniu cerca de 80 pessoas, fez barulho e acabou alterando a rotina do Santos Dumont.

Convocada por sindicatos, movimentos sociais e pela Frente Rio Contra a Reforma da Previdência, a manifestação começou por volta das 6 horas da manhã, inicialmente dentro da área interna do aeroporto, onde ficam os guichês das companhias aéreas. Porém seguranças da Infraero, a estatal que administra o local, não permitiram que continuassem ali e o ato acabou transcorrendo na calçada, em frente a uma das portas de acesso à área de embarque. A outra entrada foi fechada e interditada pela Infraero enquanto acontecia o ato.

Alguns parlamentares foram abordados pelos trabalhadores. Entre eles, Chico Alencar, do PSOL, um dos partidos que se opõem à PEC 287/2016, a emenda constitucional que elimina direitos previdenciários. O deputado criticou tanto a intervenção federal na segurança do Estado do Rio quanto as declarações do governo de que a medida, que impede a votação de mudanças constitucionais, poderia ser suspensa para votar a reforma da Previdência. "Querem inventar mais uma [manobra]. É como se o paciente estivesse na sala de cirurgia, com a barriga aberta, numa operação de alta complexidade, como eles dizem, e se interrompesse a operação por alguns dias", disse o parlamentar, para quem a intervenção que coloca a segurança do Rio nas mãos de um general é "equivocada, ilusória, enganosa e feita para mudar a pauta e tentar dar alguma popularidade a um governo altamente rejeitado".

Servidores participaram da atividade. Para Clara Fonseca, servidora da rede estadual de saúde, os movimentos contrários à reforma não podem descuidar das mobilizações neste momento decisivo. A impossibilidade legal de votar emendas à Constituição durante períodos de intervenção em estados, embora exista, não é suficiente para se avaliar que a PEC 287 esteja enterrada. O governo não desistiu de votá-la, afirma. "É uma jogada política que o presidente Michel Temer está fazendo, suspende agora para tentar votar depois", observou.

A Câmara dos deputados terá sessão nesta segunda (19) para debater e possivelmente votar o decreto presidencial referente à intervenção no Rio. Não está claro o que acontecerá depois disso, ao longo da semana, com relação à tramitação da PEC 287. A pretensão do governo era votá-la até o dia 28, algo praticamente descartado após a intervenção.

Manifestações estão previstas para acontecer ao longo do dia nos estados e em Brasília. No Rio, a concentração para o ato unificado dos movimentos contrários à reforma da Previdência começa às 16 horas, na av. Presidente Vargas.

DA REDAÇÃO DA ADUFF | Por Hélcio Lourenço Filho

Foto: Ato em frente à entrada do aeroporto - reprodução internet

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