Dez
01
2017

Liminar proíbe propaganda do governo pró-PEC da Previdência em ação dos sindicatos

Decisão provisória da Justiça ocorre em meio à retomada da mobilização contra a PEC 287; servidores afirmam que governo usa dinheiro público para mentir

Ato contra as reformas de Temer em frente à Câmara dos Deputados, no dia 28 de novembro Ato contra as reformas de Temer em frente à Câmara dos Deputados, no dia 28 de novembro / Valcir Araujo

DA REDAÇÃO DA ADUFF

A decisão da juíza Rosimayre Gonçalves de Carvalho, da 14ª Vara do Distrito Federal, que determina a suspensão da propaganda do governo pela aprovação da reforma da Previdência, foi comemorada por servidores nas redes sociais como uma vitória da campanha em defesa dos direitos previdenciários. 

A segunda fase da campanha governamental é pautada na afirmação de que os servidores são privilegiados: ‘trabalham pouco, ganham muito e se aposentam cedo’. A decisão judicial ocorre em meio à retomada das mobilizações contra a aprovação da proposta, que torna bem mais difícil o acesso à aposentadoria e reduz o valor dos benefícios. 

Na terça-feira (28), os servidores promoveram um dia nacional de protestos contra a Proposta de Emenda Constitucional 287, referente à Previdência, pela derrubada da MP 805/2017, medida provisória que aumenta a alíquota previdenciária dos servidores, e pela revogação das reformas já aprovadas, como a trabalhista e a que congela os orçamentos dos serviços públicos oferecidos à população. Docentes da Universidade Federal Fluminense participaram.

Para a próxima terça-feira, dia 5 de dezembro, organizações sindicais e sociais estão convocando uma greve nacional contra a PEC 287. A paralisação está sendo debatida na assembleia descentralizada convocada pela Aduff-SSind.

Decisão

A liminar concedida pela juíza na ação, movida pela Anfipe (Associação dos Fiscais da Receita Federal) e outras entidades, afirma que o governo usa recursos públicos para defender o seu ponto de vista e não para esclarecer a população. "Genuína propaganda de opção política governamental que objetiva conduzir a população à aceitação da reforma da previdência, tal como idealizada pelo executivo", afirma Rosimayre de Carvalho.

A entrada com ações judiciais para tentar derrubar a propaganda foi uma ampla decisão do movimento contra a PEC, posta em prática pelo Fonasefe (Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais), Fonacate (Fórum dos Servidores das Carreiras Exclusivas de Estado), que vem atuando em conjunto, e dezenas de outras organizações sindicais.

 É a segunda vez que a propaganda do governo a favor da PEC 287 é proibida pela Justiça. A primeira fase da campanha governamental chegou a ser suspensa por longo período, por força, inicialmente, de uma liminar obtida pelo fórum gaúcho contra a reforma. Posteriormente, porém, a decisão foi derrubada pela ministra Carmen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal.

Os trabalhadores afirmam que o presidente Temer apela para uma propaganda enganosa ao tentar aprovar uma medida muito impopular. Isso foi dito ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, na reunião dele com representantes das entidades sindicais do funcionalismo, logo após o protesto contra a PEC na Câmara dos Deputados, na terça-feira (28).  

A decisão judicial, aliás, foi proferida no mesmo dia em que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), voltou a reconhecer que o governo que integra não tem votos para aprovar a PEC 287 e que não definiria, ao menos por enquanto, data para votá-la.

Ao mesmo tempo em que destacam a importância da liminar, definida por um servidor como um ‘chute na canela do governo’, dirigentes sindicais ressaltam que é nas ruas que essa guerra será decidida – por mais que tenha dificuldades para aprová-la, o Planalto ainda não jogou a toalha e tentará, com apoio de potências empresariais privadas e da mídia comercial, ainda pautar a PEC 287 este ano.

DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Hélcio Lourenço Filho

Ato contra as reformas de Temer em frente à Câmara dos Deputados, no dia 28 de novembro Ato contra as reformas de Temer em frente à Câmara dos Deputados, no dia 28 de novembro / Valcir Araujo

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