Jul
14
2017

62° Conad começa com chamado à resistência a ataques à educação e direitos

Mesa de abertura do 62° Conselho do Andes teve defesa da construção de nova greve geral e de grande mobilização para impedir que as reformas do governo Temer que retiram direitos sigam sendo aprovadas pelo Congresso

foto: Luiz Fernando Nabuco foto: Luiz Fernando Nabuco

    O 62º Conselho do Andes-SN teve início na manhã desta quinta-feira (13), reunindo representantes de seções sindicais de todo o país, para atualizar o plano de lutas desse ano do Sindicato Nacional de Docentes e apreciar as contas da entidade. As atividades se estendem até o dia 16 e se alternam entre as plenárias e os grupos mistos de discussões, respectivamente, no Teatro Popular Oscar Niemeyer e no campus da UFF no Gragoatá, em Niterói.

    O tema central do evento – “Avançar na unidade e reorganização da classe trabalhadora: em defesa da educação pública e nenhum direito a menos!” - deu o tom da plenária de abertura Conad, que contou com a participação de representantes de movimentos sindicais e sociais. Estavam presentes: a CSP-Conlutas - Central Sindical e Popular; Anfoc - Sindicato dos Servidores de Ciência, Tecnologia, Produção e Inovação em Saúde Pública (Fundação Oswaldo Cruz); Sintuff - Sindicato dos Trabalhadores em Educação da UFF; Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST; Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro - Sepe/RJ; Movimento dos Trabalhadores Sem Teto - MTST; Conselho Regional de Serviço Social; Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil - Anfip; movimento estudantil - Oposição da União Nacional dos Estudantes; Diretório Central dos Estudantes - DCE Fernando Santa Cruz/ UFF e Federação Nacional dos Estudantes em Ensino Técnico - Fenet.

    Pelo Andes-SN, compuseram a mesa Eblin Farage, presidente; Amauri Fragoso de Medeiros, Alexandre Galvão, João Francisco Ricardo Kastner Negrão - todos pela direção nacional do Andes-SN, e ainda Claudio Ribeiro, 1ºvice-presidente da Regional RJ do Andes-SN. A Aduff, seção sindical anfitriã, foi representada pelo presidente Gustavo Gomes.

    Pela CSP-Conlutas, central sindical à qual o Andes-SN é filiado, Paulo Barela disse esperar que as resoluções desse Conad possam ser levadas ao debate no Congresso da CSP-Conlutas, que acontecerá em outubro desse ano. 
    Ele criticou o fato de burocracias de algumas centrais sindicais – entre elas a CUT, a Força Sindical – terem esvaziado a construção da greve geral do último dia 30 de junho, que, poderia ter sido uma das maiores manifestações populares contra as reformas da previdência e do trabalho.

    De acordo com o representante da CSP-Conlutas, no primeiro semestre desse ano os trabalhadores realizaram grandes atos que expressaram o potencial da unidade em torno de pautas comuns – 8 de março, 15 e 24 de março; a greve geral de 28 de abril – a maior da história recente do Brasil. "Unidade é com ação direta nas ruas", disse. "A CSP-Conlutas defende a construção da greve geral não mais de 24 horas, mas sim de 48h, porque se não, os projetos governistas seguirão projetos passando no Congresso, com virulência, compra de senadores...", complementou. Para ele, o Conad pode preparar resoluções que serão levadas ao debate da CSP-Conlutas, que acontecerá em outubro desse ano.

    Para Eblin Farage, presidente do Andes-SN, o Sindicato Nacional se reafirma como entidade autônoma, classista e combativa. Assim como Barela, ela também criticou as tentativas de esvaziamento da paralisação de 24h no último dia 30 e destacou o cenário de desmonte de Saúde e Educação impetrados por diferentes governos. Lembrou que desde 2015, as universidades federais vivem sucessivos cortes de verba que afetam ensino, pesquisa, extensão e assistência estudantil. Mencionou grave ataque às instituições estaduais, citando o caso da Universidade Estadual da Paraíba, em greve desde abril, e ainda, o triste cenário das estaduais no Rio de Janeiro – Uenf, Uezo e Uerj. No Rio, servidores têm recebido os salários parcelados, a conta gotas, em parcelas que muitas vezes não ultrapassam R$400.

    "Reflitam como seria isso na vida de cada um de vocês; o governo retira um direito do trabalhador e os e humilha. Mas vamos continuar nosso combate e enfrentamento, ombro a ombro com os companheiros da Universidade Estadual do Rio de Janeiro que já deliberou greve a partir de 1º de agosto. 
    Já mostramos ter disposição de lutar, de as categorias se organizarem, mas mais do que isso: provamos ser capazes de construir unidade", disse, citando as “200 mil pessoas que atenderam” a convocação do movimento sindical e estiveram, em março, na caravana nacional Ocupa Brasília, contra as reformas do governo Temer.

    Ao final, pouco antes de declarar aberto o 62ºConad, Eblin leu trechos de um poema do professor Mauro Iasi, da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, pelo o qual conclama os trabalhadores a perderem a paciência para que se tornem livres.

     

    DA REDAÇÃO DA ADUFF

    foto: Luiz Fernando Nabuco foto: Luiz Fernando Nabuco