Mai
30
2017

Centrais indicam nova greve geral em junho contra reformas e Temer

Após a marcha a Brasília, centrais sindicais acordam indicar a construção de nova greve geral; calendário prevê continuidade das mobilizações no estados

DA REDAÇÃO DA ADUFF

Parar o país para barrar as reformas, preservar direitos e pôr Michel Temer para fora do governo. É o que as centrais sindicais pretendem fazer, em dia a ser definido, entre 26 e 30 de junho. As entidades acordaram dar continuidade à luta contra as reformas da Previdência e trabalhista e pelo ‘Fora Temer’ com um novo calendário de mobilizações.

A data exata da paralisação ficou de ser marcada na próxima reunião, prevista para 5 de junho. Isso levará em conta o ritmo da tramitação da reforma da Previdência no Legislativo. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), anunciou que pretende pautar a PEC 287/2016 no Plenário, referente à Previdência, entre os dias 5 e 10 de junho, mas na prática tal data se mantém indefinida.

Pressão sobre governo e Congresso

O indicativo de uma nova greve geral saiu cinco dias após a marcha que levou à Esplanada dos Ministérios, em Brasília, mais de cem mil trabalhadores e estudantes contra as reformas e o governo. O Sindicato Nacional dos docentes (Andes-SN) e parte das centrais avalia que em torno de 150 mil pessoas estiveram na capital federal, mas há quem aponte para perto de 200 mil participantes. A Secretaria de Segurança do Distrito Federal falou em 35 mil, número nitidamente inverossímil.

Aprovado por consenso entre as centrais, o calendário prevê mobilizações nos estados, com atos nos aeroportos para pressionar parlamentares, ida aos locais de trabalho, praças públicas, escolas, universidades e ao Congresso Nacional. Também se definiu pela confecção de um segundo jornal conjunto para ser distribuído à população. Não indica datas específicas para as atividades a serem realizadas até a semana indicada para a greve geral, o que poderá ser detalhado na próxima reunião.

Repercussão da marcha

A violência policial contra os manifestantes em Brasília foi repudiada pelos representantes das centrais. Há feridos ainda nos hospitais, entre eles um rapaz que perdeu parte da mão no enfrentamento à repressão e um aposentado que levou um tiro de arma de fogo no rosto e encontra-se no Centro de Tratamento Intensivo – o seu estado ainda é grave, mas estaria estabilizado.

A defesa da convocação de uma greve geral foi destacada da marcha. Não havia, até aquela altura, acordo entre as centrais quanto a isso. A CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular) já defendia a realização de uma greve geral de 48 horas.

Cerca de três semanas antes, em 28 de abril, as centrais promoveram a primeira greve geral de 24 horas em 28 anos, incluída por muitos entre as mais fortes manifestações da historia dos trabalhadores no país – também contra as reformas, mas ainda sem a bandeira unitária do "Fora Temer".

Na reunião das centrais, realizada na segunda-feira (29), em São Paulo, na sede da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), não houve acordo quanto à defesa da convocação de eleições diretas e antecipadas. Também participaram da reunião a Intersindical, a CUT, a Força Sindical, a Nova Central e a UGT, entre outras.

DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Hélcio Lourenço Filho