Mai
25
2017

Docentes repudiam repressão e decreto de Temer que pôs Exército contra civis

Repressão policial no ato em Brasília - foto: Samuel Tosta

Presidente do Andes-SN diz que decreto de Temer, revogado menos de 24h depois, mostra autoritarismo e fraqueza do governo; docentes também criticam violência no Rio


DA REDAÇÃO DA ADUFF

A violência policial contra a megamanifestação #OcupaBrasília, na quarta-feira (24), e o decreto presidencial, que durou menos de 24 horas, colocando o Exército nas ruas para coibir protestos civis provocaram uma onda de repúdios de norte a sul do país.

A ação policial foi classificada de brutal e criminosa por docentes das universidades públicas que participaram em grande número do ato em Brasília e ajudaram a organizar a marcha que exigiu o fim do governo e das reformas constitucionais que retiram direitos. "Esse decreto foi um absurdo, que não respeita nem a democracia burguesa. E ainda demonstrou a fraqueza do governo Temer, pois hoje [quinta 25] teve que voltar atrás", disse, à reportagem, a professora Eblin Farage, presidente do Sindicato Nacional das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN).

A docente, que pertence ao Serviço Social da UFF, afirma que o que ocorreu na capital federal do país, em meio a uma gigante manifestação dos trabalhadores convocada por todas as centrais sindicais e movimentos sociais, reforça a convicção de que o presidente Michel Temer precisa deixar imediatamente o cargo que ocupa – sem que jamais tenha sido eleito para isso, observa.

Repressão em Brasília e no Rio

Para a professora Gelta Xavier, da Faculdade de Educação da UFF no Gragoatá e vice-presidente da seção do Andes-SN na universidade, o que ocorreu num mesmo dia em Brasília e no Rio de Janeiro é parte de uma violência em dimensões que não podem ser toleradas e muito menos consideradas excessos pontuais das forças policiais.

"Precisamos fazer uma grande campanha nacional de denúncia do que está acontecendo, da violência com que as mobilizações sociais estão sendo tratadas pela polícia e pelos governos", propõe a professora, que não estava em Brasília, mas na manifestação realizada no Rio em frente à Assembleia Legislativa que contestou o aumento da alíquota previdenciária paga pelos servidores.

O projeto, defendido pelo governador Luiz Fernando Pezão e pelo presidente Michel Temer, acabou aprovado pelos deputados em meio a protestos e à repressão contra os manifestantes fluminenses.

Multidão

Para o presidente da Aduff-SSind, professor Gustavo Gomes, que participou do ato em Brasília, o que se viu na Esplanada dos Ministérios foi uma vibrante demonstração de força dos trabalhadores organizados, por um lado, e uma ação lastimável de desespero de um governo impopular, que se utiliza de medidas violentas para tentar aprovar projetos patrocinados, a base de propina inclusive, pelo grande empresariado. "A quantidade de gente que foi à manifestação foi impressionante, a coluna da educação estava a quilômetros de distância do Congresso quando as primeiras bombas de gás foram lançadas pela Polícia Militar", disse o docente do curso de História da UFF no campus do Gragoatá, em Niterói.

‘Ato vitorioso, apesar da violência’

A professora Sônia Lúcio, também da Escola de Serviço Social da universidade fluminense, disse que pelo menos "150 mil manifestantes enfrentaram revistas policiais, balas de borracha e muito gás de pimenta". Mas havia preocupação do movimento organizado com a segurança e a repressão, o que fez com que o ato resistisse por horas e por pelo menos duas vezes tenha obrigado a Tropa de Choque da Polícia Militar do Distrito Federal a recuar.

"Apesar da [inaceitável] violência, a avaliação é que fizemos um ato vitorioso", disse sobre o protesto iniciado nas proximidades do Estádio Mané Garrincha, de onde a multidão caminhou por quase cinco quilômetros até o gramado do Congresso Nacional. "Agora, nossa tarefa é realizar uma nova greve geral para tentar derrubar o programa do Temer e a reforma da Previdência", defendeu.

DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Hélcio Loureço Filho, enviado a Brasília