Mai
19
2017

Docentes da UFF aprovam parar 24h e ir à marcha contra Temer e as reformas dia 24 de maio

Neste dia, trabalhadores de todo o país devem participar de manifestação nacional em Brasília

DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Aline Pereira
Fotos: Luiz Fernando Nabuco

Docentes da Universidade Federal Fluminense reunidos em assembleia, na tarde dessa sexta-feira (19), decidiram paralisar as atividades por 24 horas no dia 24 de maio e participar da caravana a Brasília, convocada pelo Andes-SN e pelas centrais sindicais, para protestar contra as reformas do governo de Michel Temer. Também aprovaram indicar ao Andes-SN e à CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular) a necessidade de viabilizar a construção de novo dia de Greve Geral, avaliando que a paralisação nacional do último dia 28 de abril foi bastante exitosa.

A assembleia aconteceu dois dias após a revelação de trechos de conversas envolvendo o presidente Michel Temer, que abalaram ainda mais um governo considerado por boa parte da sociedade impopular e ilegítimo. Nesses áudios, Temer concorda com a obstrução das investigações sobre os esquemas criminosos de corrupção e beneficia empresários de multinacionais do ramo de carne. O caso gerou reação dos trabalhadores em todo o país, levando centenas de pessoas às ruas na noite da quinta-feira (18) para protestar contra esse governo e as reformas constitucionais que podem inviabilizar direitos trabalhistas e a aposentadoria para grande parte da população.

‘Diretas Já’

Os docentes discutiram a necessidade de amadurecer o debate sobre o que significa o clamor por 'Diretas Já' e sinalizaram a importância de manter como principal ponto de pauta a luta pelo fim das reformas trabalhista e previdenciária porque elas interferem diretamente na vida dos trabalhadores. Por isso, deliberaram por nova assembleia para aprofundar a reflexão sobre o tema.

De acordo com Marinalva Oliveira, as eleições em um país capitalista envolvem as ligações escusas entre empresários de grandes conglomerados e o Legislativo. "Políticos interferem nos interesses do mercado. Isso não é novidade; a novidade é sair a delação. Temos que ter muito cuidado nesse momento porque a nossa pauta central não pode estar restrita apenas às eleições gerais, mas deve sim ser contra as reformas que influenciam na vida da classe trabalhadora", disse a docente do curso de Psicologia da UFF em Volta Redonda e ex-presidente do Andes-SN.

Para Carlos Augusto Aguillar, o fato de o Congresso Nacional ser bastante corrupto justifica a defesa de 'Diretas Já'. “Silenciarmos sobre as eleições gerais é estar chancelando a possibilidade de um Legislativo corrompido escolher um presidente para cumprir o restante do mandato. Devemos estabelecer esse debate", disse o diretor da Aduff e professor do Colégio de Aplicação da UFF – Coluni.

"'Diretas Já' têm que ter consistência diferenciada daquela que a burguesia tem dado a essa palavra", afirmou o professor Claudio Gurgel, alegando ser necessária cautela para discutir a conjuntura tão dinâmica e endurecida, que aponta até mesmo para a possibilidade de renúncia de um presidente.

Para Gustavo Gomes, a crise política inviabiliza, pelo menos temporariamente, as reformas. “Temos que pensar e acumular para a próxima semana a reflexão de que os pedidos de ‘Direta Já’ e ‘Eleições Gerais’ nos ajudam a derrubar as reformas trabalhista e previdenciária. Se Temer não continuar, o que está posto é a escolha de um presidente de forma indireta para encaminhar essas reformas. Não é à toa que a mídia tem sinalizado que, nesse momento, se o presidente renunciar, seria inconstitucional haver ‘Diretas Já’”, afirmou o presidente da Aduff-SSind e professor da Escola de Serviço Social.

Docente do curso de Administração, Agatha Justen saudou a articulação e a mobilização que levou à Greve Geral do último dia 28 de abril. Considerou o movimento vitorioso, principalmente pela adesão de boa parte dos trabalhadores. “Estamos sendo atropelados pelos fatos que aconteceram nos últimos dois dias e, hoje, está em disputa o que devemos fazer sobre as reformas; algumas centrais sindicais têm tentado esvaziar essa pauta. Acima de tudo, defendo a Greve Geral porque não podemos perder tempo, porque há algum tipo de fragilização no âmbito do poder. Não podemos perder a nossa força e devemos aproveitá-la de forma estratégica; não devemos nos furtar de defender as eleições, mas nossa pauta é Greve Geral pelo fim das reformas”, disse.

Paralisação dia 24 de maio

Em reunião unificada dos setores do Andes-SN, envolvendo representantes das seções sindicais federais, estaduais e municipais foi apontada a necessidade de fortalecer a ‘Caravana a Brasília’, convocada pelas centrais sindicais para o próximo dia 24 de maio – período em que o governo pretendia já ter os votos necessários para votar a reforma da previdência no Plenário da Câmara. “Paralisar possibilita que docentes que querem participar das atividades de mobilização contra as reformas que retiram direitos possam aderir”, explica Kate Lane de Paiva, diretora da Aduff e professora do Coluni.

Quem desejar participar da Caravana a Brasília deve entrar em contato com a diretoria e a secretaria da Aduff por meio do e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

Solidariedade às estaduais

A assembleia dos Docentes da UFF aprovou que a Aduff promova doação financeira e que integre o fórum de solidariedade aos trabalhadores das universidades estaduais do Rio de Janeiro (Uerj, Uezo e Uenf), que estão com os salários atrasados em decorrência do ‘ajuste fiscal’ aplicado pelo governo do Rio de Janeiro.

DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Aline Pereira
Fotos: Luiz Fernando Nabuco