Mai
03
2017

Atos do 1º de Maio após greve geral: ‘Bombas não vão nos tirar das ruas’

Ato do Dia Internacional dos Trabalhadores na Cinelândia - foto: Luiz Fernando Nabuco
Tradicionais atos do Dia dos Trabalhadores contestam as reformas previdenciária e trabalhista e denunciam violência da PM na greve geral

DA REDAÇÃO DA ADUFF

Menos de 72 horas separam as bombas lançadas contra manifestantes pela Polícia Militar do governo de Luiz Fernando Pezão do ato que comemorou o 1º de Maio na praça da Cinelândia, no Centro do Rio, na segunda-feira passada. Nas duas manifestações, esteve na pauta a máxima “nenhum direito a menos” e a rejeição às reformas que o presidente Michel Temer tenta aprovar no Congresso Nacional.

É por isso que o ato do tradicional Dia Internacional dos Trabalhadores – após décadas realizado no Rio de forma unificada entre as centrais sindicais – ganhou também o componente simbólico de resistência e de resposta à tentativa de intimidação por parte dos governos: ‘Não sairemos das ruas’, foi o que disseram cerca de quatro mil trabalhadores e trabalhadoras ao ocupar aquele espaço urbano. Praça que, poucos dias antes, havia sido cenário da provavelmente mais violenta repressão da Polícia Militar a protestos populares desde as megamanifestações de junho de 2013.

Esse simbolismo se repetiu em atos do Dia dos Trabalhadores em outras cidades e estados, como em Goiânia (GO), onde um estudante da Universidade Federal de Goiás foi gravemente ferido por um capitão da PM, que desferiu um golpe de cassetete contra a sua cabeça. “Temos que denunciar a truculência da polícia, é uma tentativa de desmonte dos atos de rua, que desestabilizam e fragilizam esse governo ilegítimo, que só permanece com [base na] violência e proibição do legítimo direito de manifestação”, disse à reportagem o professor da UFF Carlos Augusto Aguilar Junior, da direção da Aduff-SSind, que defendeu a ocupação das ruas como melhor modo de se contrapor às políticas repressivas.

O docente avalia que a greve geral de 28 de abril não pode ser entendida como algo que se encerra nela, mas como a inauguração de um período de enfrentamento constante contra as reformas que retiram direitos. “É preciso pensar em ações articuladas e com a unidade que [foi fundamental] para construir a greve geral”, afirma Carlos. “No Brasil inteiro houve paralisações e manifestações massivas”, observa. “Temos que fazer um chamado à unidade, unir todas as frentes que defendam a previdência pública, os direitos trabalhistas, o direito à aposentadoria e estejam contra a entrega do fundo [da seguridade] pública ao capital”, disse.

‘Resposta à repressão’

A professora da UFF Eblin Farage igualmente mencionou o significado do ato de 1º de Maio logo após a greve geral de 24 horas. "O dia 28 foi uma vitória da classe trabalhadora no Brasil e só foi vitorioso porque a gente conseguiu em unidade de ação construir essa greve geral com todas as centrais sindicais, movimentos sociais, frentes [políticas], movimento estudantil”, disse Eblin, que é presidente do Andes-SN, o Sindicato Nacional dos Docentes.

Ela assinalou que o 1º de Maio desse ano teve um sentido especial por ter sido realizado logo após protestos que foram duramente reprimidos em alguns estados, como Rio, Goiás e São Paulo. “Teve um sentido da classe trabalhadora de dar uma resposta de que não vai se calar e que as bombas da polícia não vão nos tirar das ruas”, disse, destacando que o desafio agora é construir, “com unidade e em curtíssimo prazo”, outras ações e dias nacionais de luta que barrem os retrocessos e revertam o que já foi retirado em termos de direitos sociais e trabalhistas.

DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Hélcio Lourenço Filho