Abr
29
2017

Dezenas de milhares protestam no Rio contra as reformas e enfrentam repressão da PM

Manifestação no Centro do Rio, ainda na Alerj, na greve geral de 28 de abril - Cleber Felix

Repressão violenta da PM dispersou manifestantes, instalou clima de terror no Centro, mas não conseguiu impedir gritos de “Fora Temer” e de resistência no maior ato contra as reformas já realizado no Rio, que encerrou a greve geral no estado

DA REDAÇÃO DA ADUFF

Dezenas de milhares de pessoas se reuniram na tarde desta sexta-feira (28) no Centro do Rio, na provavelmente maior manifestação no estado, até aqui, contrária às reformas da Previdência e trabalhista e à ameaça de terceirização generalizada dos postos de trabalho. É razoável supor que outras milhares de pessoas não participaram porque a repressão da Polícia Militar, que começou ainda de dia, não permitiu. “Ia ser um ato enorme”, resumiu uma jornalista que acompanhava a manifestação.

Havia, de fato, muita gente no ato que encerrou a greve geral no Rio. E muitos não devem ter conseguido chegar. Na Assembleia Legislativa, uma multidão se concentrava para dali sair em passeata até a Candelária e, depois, caminhar até a Cinelândia, onde aconteceria o ato unificado das centrais sindicais. Entre eles, estavam presentes muitos professores, técnicos-administrativos e estudantes da UFF.

A ação violenta da Polícia Militar contra manifestantes espalhou pelas ruas do Centro um cheiro forte de gás lacrimogêneo, dispersou as concentrações e desencadeou um quebra-quebra, com queima de ônibus e vidraças de bancos partidas. A repressão policial se estendeu noite adentro nas ruas da cidade.

Rio sob bombas

Pelo menos duas manifestações transcorriam simultaneamente no início da tarde no Centro do Rio. Na Cinelândia, acontecia a concentração para o ato que começaria no início da noite. Na Assembleia Legislativa, profissionais da educação, estudantes e outras categorias também se reuniam para um ato que precederia a atividade central, na Cinelândia. Mas que, pelo número de participantes, se converteu em um dos maiores protestos em frente ao Palácio Tiradentes dos últimos tempos.

Os trabalhadores e estudantes que estavam na Alerj mal começaram a se deslocar, rumo à Candelária, quando as primeiras bombas foram lançadas pela PM. Mais à frente, com a multidão já entrando na av. Rio Branco, a Tropa de Choque outra vez investiu de forma generalizada contra os manifestantes. Houve correria. Muita gente passou mal ao inalar gás lacrimogêneo.

Por volta das 17h35min, quando o ato unificado já reunia dezenas de milhares de pessoas na Cinelândia, a PM outra vez avançou contra os manifestantes – apesar do apelo dos organizadores da atividade que, do palco montado na praça, gritavam que o país ainda era uma democracia e que o direito de se manifestar não havia sido abolido.

Impactos da greve

Não há ainda uma avaliação mais abrangente das dimensões dos protestos, primeira greve geral convocada desde 1989. Mas sabe-se que as manifestações foram grandes e a greve teve a adesão de muitas categorias. levantamentos preliminares apontam que em 18 capitais houve paralisação nos transportes coletivos. Há quem avalie que os protestos desse 28 de abril tenham sido os mais fortes, em termos de categorias paradas, desde a greve geral do final da década de 1980.

DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Hélcio Lourenço Filho