Abr
19
2017

Assembleia de terceirizados da UFF mantém paralisação até que salário de março seja pago

Trabalhador terceirizado mostra a carteira vazia, na assembleia realizada no Gragoatá - Luiz Fernando Nabuco

De acordo com representantes do sindicato dos trabalhadores, UFF já depositou dinheiro e salário deve cair na conta nesta quinta (20)

DA REDAÇÃO DA ADUFF

“Caiu trabalha, não caiu não trabalha”. A frase dita por uma trabalhadora terceirizada da área de limpeza da Universidade Federal Fluminense (UFF), na tarde desta quarta-feira (19), em assembleia da categoria, demonstra a revolta e o descrédito dos trabalhadores com a situação de atraso dos salários na instituição. Mais uma vez, os funcionários da vigilância e da limpeza da UFF, contratados pelas empresas Croll e Luso Brasileira, chegaram a mais da metade do mês de abril sem receber o pagamento de março. O tíquete-alimentação também está atrasado – e sem reajuste desde 2015. O salário deveria ser pago até o quinto dia útil do mês e o auxílio-alimentação todo o dia 13.

“Eles recarregam a passagem e mais nada, mas a gente tá cansado de trabalhar de graça. O certo mesmo era receber o tíquete no primeiro dia útil do mês, mas eles mudaram isso na metade do ano passado, acho que porque já sabiam que os atrasos iriam continuar”, conta a trabalhadora que aderiu à paralisação dos terceirizados, deliberada na tarde de segunda (17). No dia de hoje, o COLUNI (Colégio de Aplicação da UFF) e a Faculdade de Educação (Bloco D) amanheceram com as portas fechadas por não conseguirem garantir o funcionamento normal dos prédios, sem a presença dos trabalhadores.

Na assembleia, realizada em frente ao Restaurante Universitário da UFF, no campus do Gragoatá, o diretor do Sintacluns - Sindicato dos Trabalhadores em Asseio, Conservação e Limpeza Urbana de Niterói - Nézio Francisco (conhecido como Marcinho) afirmou que recebeu garantias do Pró-Reitor de Administração da UFF, Néliton Ventura, de que o valor referente aos salários dos terceirizados finalmente foi depositado na conta das empresas Croll e Luso Brasileira na noite de terça (18). A expectativa é de que o salário caia na conta dos trabalhadores na manhã de quinta-feira (20), a dez dias do final do mês.

O diretor do sindicato também ressaltou que o acordo firmado entre universidade, sindicato e empresas garante que nenhum trabalhador terá o ponto cortado por ter participado das paralisações. Às 7h de quinta, véspera de feriado, os trabalhadores se reúnem em nova assembleia para debater os possíveis desdobramentos do movimento.

**** Administração da UFF culpa contingenciamento de recursos do governo federal ****

Em resposta ao email enviado pela equipe de reportagem da Aduff-SSind, o Pró-Reitor de Administração, Néliton Ventura afirmou estar a par das dificuldades causadas pela falta de orçamento e disse que a administração da Universidade tem priorizado pagamentos essenciais, “tais como, empresas de terceirização de mão de obra, bolsas estudantis, gêneros alimentícios, energia elétrica, água, combustível, etc.”. De acordo com ele, o reitor Sidney Mello participou de uma audiência no MEC, no dia 18, para reiterar a gravidade da situação e continuar “os esforços no sentido da liberação dos recursos financeiros devidos a UFF”.

“Nos últimos dois anos, a UFF vem sofrendo contingenciamentos em seu orçamento, em particular, nos meses de janeiro, fevereiro e março deste ano, período em que a Universidade recebeu apenas 3/18 avos de seu orçamento, o que, obviamente, reduziu consideravelmente a capacidade de pagamento aos seus fornecedores de materiais e de serviços”, afirma Néliton que ainda acrescenta “que, neste mês de abril, ocorreu a liberação de apenas 1/12 avos de orçamento, e, diferentemente dos anos anteriores, sem a liberação do orçamento anual, também sem a restituição da diferença, a menor, dos três primeiros meses do ano".

Texto: Lara Abib/ Fotos: Luiz Fernando Nabuco/Aduff-SSind