Bombas de gás lacrimogêneo e tiros de balas de borracha foram lançados contra manifestantes em frente à sede da Cedae, na Cidade Nova. Estudantes e professora foram detidos. Pouco antes, polícia protegia deputados que votaram pela privatização da estatal.
DA REDAÇÃO DA ADUFF
A Polícia Militar, com apoio da Guarda Municipal, reprimiu com violência protesto de trabalhadores e estudantes que transcorria após a Assembleia Legislativa do Rio votar a favor da privatização da Cedae, a companhia de água e esgoto do estado.
Os manifestantes se encontravam em frente à sede da empresa, na Cidade Nova, no Centro do Rio, e pretendiam ocupá-la em protesto contra a votação relâmpago ocorrida no início da tarde desta segunda-feira (20), na Alerj cercada por policiais militares e da Força de Segurança Nacional.
Foram lançadas muitas bombas de gás lacrimogêneo sobre os trabalhadores, além de tiros de bala de borracha. Estudantes e pelo menos um professor da rede estadual de ensino foram detidos pela polícia, em um dia em que a repressão parece ter sido maior do que em outros protestos. Há relator de que 19 pessoas teriam sido levadas para delegacia.
Votação
A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro aprovou, no início da tarde desta segunda, a privatização da companhia de água e esgoto estatal (Cedae) por 41 votos a favor e frente a 28 contra.
O presidente da Alerj, Jorge Picciani, não permitiu o debate prévio em plenário, não aceitou emendas e levou a matéria direto para a votação sumária pelos parlamentares, que aprovaram o texto-base. Emendas devem ser apreciadas nos próximos dias.
Do lado de fora, com a Alerj cercada por grades e tropas policiais federais (Força Nacional) e estaduais (PM), servidores e trabalhadores da Cedae faziam mais um protesto contra a medida e as demais propostas do pacote de projetos que integram o 'ajuste fiscal' negociado entre o governador Luiz Fernando Pezão e o presidente Michel Temer, ambos envolvidos em denúncias de corrupção em delações ocorridas em processos em andamento no Ministério Público e na Justiça.
A Cedae é uma estatal que dá lucro. Trabalhadores da empresa afirmam que haverá aumentos substanciais nas contas de água caso a privatização seja concretizada. O que se votou na assembleia foi a autorização para que o governador ofereça a empresa como garantia para um empréstimo do governo federal – que fica livre para colocá-la à venda, o que a intenção e objetivo declarado de ambos os governos.
Entre os ativos da Cedae, está a Estação de Tratamento do Guandu, que produz 3,5 bilhões de litros por dia e é apontada como a maior estação de tratamento do mundo. O aumento nos preços das tarifas – assim como ocorreu com a luz elétrica quando das privatizações da Light e da Ampla – é considerado certo. O empréstimo prometido pelo governo federal, de R$ 3,5 bilhões, paga apenas um mês de folha do funcionalismo estadual.
DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Hélcio Lourenço Filho
fotos: PM e Guarda Municipal na repressão ao protesto contra privatização da Cedae - autor: Luiz Fernando Nabuco/Aduff