Fev
10
2017

PM reprime com bombas, mas manifestantes mantém ato contra privatização da água no Rio

Polícia Militar lança bombas de gás lacrimogêneo contra servidores, estudantes e trabalhadores de outros setores que protestam contra privatização da Cedae e ‘ajuste fiscal’. Lojas fecham as portas. Manifestantes resistem e mantêm protesto

DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Hélcio Lourenço Filho
Foto: Policiais em frente a Alerj, nesta quinta-feira (9) no Rio - autor: Luiz Fernando Nabuco/Aduff

Bombas de gás lacrimogênio e tiros de bala de borracha foram disparados sobre manifestantes que protestam, no Centro do Rio, contra a privatização da Cedae, a estatal de água e esgoto do estado, e o pacote de ‘ajuste fiscal’ que o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) tenta aprovar na Assembleia Legislativa (Alerj).

A manifestação em frente ao Palácio Tiradentes, sede do legislativo, transcorre na tarde desta quinta-feira (9) e prossegue pela noite. Há centenas de policiais militares cercando a Alerj e outras centenas nas ruas adjacentes e mesmo em um raio superior a um quilômetro dali. Professores e técnicos das universidades estaduais e federais também participam do protesto.

A primeira investida dos policiais sobre os manifestantes ocorreu pouco antes das 16 horas. Dezenas de bombas de gás foram lançadas, além de tiros de bala de borracha, assim que um grupo de jovens disparou fogos de artifício para o alto – um deles supostamente teria ido em direção à tropa que se posicionava acima das escadarias do Palácio.

Os policiais dispersaram o protesto lançando bombas indiscriminadamente contra os participantes: trabalhadores da Cedae, a maioria, servidores de diversas áreas, incluindo a saúde estadual, estudantes e outros segmentos sociais. Pouco depois, por volta das 17 horas, quando os manifestantes já haviam em boa parte retornado às proximidades da Alerj, novamente a polícia lançou uma sequência de bombas de gás lacrimogênio. O motivo, segundo um participante do ato, teria sido o fato de um jovem ter lançado uma garrafa d’água contra os policiais.

As ruas próximas à Assembleia Legislativa estão fechadas, assim como a av. Rio Branco. Boa parte das lojas e restaurantes fechou as suas portas – a galeria do Edifício Menezes Cortes, na rua São José, também. E até mesmo o Edifício Central, que raramente fecha, baixou suas grades por algum tempo.

O ato desta quinta é parte de uma sequência de protestos do funcionalismo estadual contra a privatização da Cedae e os projetos que integram o 'pacote' negociado entre o governador Luiz Fernando Pezão e o presidente Michel Temer.

Os projetos preveem, entre outros pontos, a suspensão dos concursos públicos e o aumento da alíquota de contribuição previdenciária paga pelos servidores estaduais – que passaria de 11% para 22%, sendo oito pontos percentuais a princípio por um período de três anos. Também suspendem reajustes salariais e colocam em risco serviços públicos prestados à população.

O presidente da Alerj, Jorge Picciani (PMDB), convocou nova sessão para as 19 horas, quando a venda da Cedae, uma estatal que dá lucro, pode ser posta em pauta, apesar da existência de vetos do governador a ‘trancar’ a pauta de votações. A oposição, em fraca minoria, tenta impedir e diz que o governo manobra e desrespeita o regimento para entregar a estatal. “Eles estão tentando esvaziar o ato para votar à noite, como já fizeram [em outras privatizações]”, disse, à reportagem, o servidor do INSS Jorge Valerian, que participava do ato.

DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Hélcio Lourenço Filho

foto: Policiais em frente a Alerj, nesta quinta-feira (9) no Rio - autor: Luiz Fernando Nabuco/Aduff