Jan
26
2017

Após paralisação, trabalhadores terceirizados da UFF recebem salário de dezembro no final de janeiro

Na manhã desta quinta (26), vigilantes e vigias da Universidade Federal Fluminense (UFF) finalmente receberam o salário relativo ao mês de dezembro de 2016. Foram cerca de 20 dias de atraso; a data de pagamento regular é até o quinto dia útil do mês. Os trabalhadores terceirizados das empresas Croll e Centauro, que prestam serviço para a UFF, haviam deliberado pela paralisação das atividades na segunda (23), até que o pagamento fosse realizado. Na terça e na quarta, o campus do Gragoatá, em Niterói, estava quase todo fechado ou com as atividades bastante reduzidas. A maioria dos diretores de unidade optou por manter os prédios com portas fechadas, em solidariedade aos trabalhadores; além disso, sem os serviços prestados pelos funcionários da empresa, não era possível garantir a integridade física da comunidade acadêmica e patrimonial dos blocos.
De acordo com o Pró-Reitor de Administração da Universidade, Neliton Ventura, a demora no pagamento dos trabalhadores terceirizados foi resultado do atraso do governo federal no repasse do orçamento para a universidade. “A UFF empenhou e liquidou as notas fiscais dessas duas empresas (Croll e Centauro), entretanto tivemos um atraso do repasse do respectivo financeiro”, explicou por email, em resposta à reportagem do jornal da Aduff-SSind.
Na segunda (23), o vice-reitor da UFF, prof. Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, participou de uma reunião na Secretaria de Educação Superior (SESu/MEC), em Brasília, para tentar resolver a questão. De acordo com Neliton, cerca de 55% do total líquido do orçamento da UFF para o mês de janeiro chegou à universidade no dia seguinte à reunião (24) e o pagamento às empresas foi imediatamente realizado.
“Dependemos dos repasses financeiros do MEC para honramos nossos pagamentos. Sendo assim, esperamos que o fluxo de desembolso por parte do Ministério seja regularizado, pois recebemos apenas parte do financeiro necessário para fazer face às despesas do mês de janeiro, e seja mantida a constância dos repasses na sua integralidade até o final do exercício”, ressaltou o Pró-Reitor de Planejamento da UFF, Jaílton Gonçalves Francisco.
Para Gustavo Gomes, presidente da Aduff-SSind, o atraso no pagamento dos salários dos trabalhadores terceirizados na UFF “faz parte de um processo de sucateamento das universidades públicas no país, tanto pelo governo federal quanto pelos governos estaduais. Podemos ver a situação de penúria da UERJ. A Aduff-SSind vai pedir esclarecimentos à reitoria em relação ao cronograma de pagamento dos terceirizados”, adiantou.
Entre os trabalhadores terceirizados, o clima é de apreensão. Um vigia que não quis se identificar cobrou mais diálogo e transparência da administração da UFF. “Descobrimos que o salário iria atrasar quando o dinheiro não caiu na conta. Eles poderiam ter vindo conversar com a gente, ter explicado a situação, já que eles sabiam que não tinha dinheiro. A gente poderia ter se preparado”, disse. Na Escola de Serviço Social de Niterói, professores fizeram uma vaquinha para comprar cestas básicas para os trabalhadores sem salário.
Um funcionário da limpeza da empresa prestadora de serviço Luso-Brasileira também demonstrou preocupação com os próximos meses. “Recebemos o salário de dezembro lá pelo dia 13 ou 14 de janeiro. Foi um atraso menor do que o deles (trabalhadores da Croll e Centauro), mas atraso é atraso. Paguei todas as contas com juros. Vamos ver o salário de janeiro quando sai”, finalizou.
Por Lara Abib
Foto: Luiz Fernando Nabuco/Aduff-SSind