Jan
17
2017

Andes-SN e Aduff repudiam prisão de Boulos, líder de movimento por moradia

Coordenador do MTST, Guilherme Boulos afirma que prisão ocorrida durante desocupação em SP é política e ilegal e reflete avanço do ‘estado de exceção’
DA REDAÇÃO DA ADUFF
A direção do Andes-SN, o Sindicato Nacional dos docentes das instituições de nível superior, divulgou nota na qual repudia a prisão de Guilherme Boulos, líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), ocorrida na manhã desta terça-feira (17), na Zona Leste de São Paulo (SP), e declara apoio aos que lutam por um direito tão básico. “Nos solidarizamos com os/as trabalhadores/as que têm o seu direito à moradia negado e são violentamente reprimidos por lutar pela vida. Lutamos contra a mercantilização da educação e de todos os demais direitos, o que significa dizer também que a cidade não é mercadoria”, diz trecho da nota. A direção da Aduff-SSind também se solidariza como MTST e repudia a prisão coordenador do movimento.

Na delegacia onde foi detido (49ª DP), Boulos disse que a sua prisão é ilegal e política e que o que estava ocorrendo era mais um capítulo do avanço do ‘estado de exceção’ no Brasil. “Inventaram uma incitação à violência, de desobediência, para poder me conduzir aqui a essa delegacia, é uma prisão política”, disse a jornalistas na delegacia. Vídeo com as imagens foi publicado pelos “Jornalistas Livres”. “Eles despejam 700 famílias se eu que incitei a violência”, disse o coordenador do MTST, que afirmou que a data ficará marcada “como mais um capítulo desse estado de exceção no Brasil”.

O coordenador do MTST foi preso quando acompanhava ação da Polícia Militar de reintegração de posse em um conjunto de 700 moradias em São Miguel, a ocupação Colonial. Também foi preso outro militante da luta por moradia, José Ferreira. Boulos fez um apelo ao oficial de justiça que foi ao local para que a remoção das pessoas não começasse até que o juiz responsável pelo caso, Jurandir de Abreu Júnior, pudesse ter acesso ao pedido do Ministério Público para que a reintegração de posse fosse suspensa.

Os moradores queriam que a desocupação fosse adiada por algumas horas, já que o Tribunal de Justiça abriria às 10 horas, quando o magistrado poderia analisar o pedido. Por volta das 8h20, porém, a Polícia Militar avançou contra os moradores lançando com bombas de gás lacrimogêneo e gás pimenta para retirá-los de suas casas.

A ocupação Colonial possuía cerca de três mil pessoas, reunidas em 700 famílias, que estão ali há mais de um ano. Em comunicado, o MTST classificou a prisão de "verdadeiro absurdo" e afirmou que Boulos "esteve o tempo todo procurando uma mediação para o conflito". "Não aceitaremos calados que além de massacrem o povo da ocupação Colonial, jogando-os nas ruas, ainda querem prender quem tentou o tempo todo e de forma pacífica ajudá-los", afirmou o movimento.

O documento informa ainda que a ocupação não é organizada pelo MTST, mas que Boulos estava ali em solidariedade e atendendo a um convite das lideranças do local. Por volta das 16 horas desta terça (17), o MTST divulgou nova nota agradecendo às mensagens de solidariedade e informando que ele ainda se encontrava na 49ª DP, mas deveria ser libertado a qualquer momento. Lideranças políticas, entidades da sociedade civil e artistas publicaram declarações de repúdio á prisão e de apoio aos trabalhadores. O rapper Emicida disse nas redes sociais estar solidário a Boulos e que “movimento social não é crime”.

Veja, a seguir, a nota divulgada pelo Andes-SN:
NOTA DE REPÚDIO
A Diretoria do ANDES-SN repudia a prisão de Guilherme Boulos, militante do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto - MTST - ocorrida hoje (17/1/17), em São Paulo. Nos solidarizamos com os/as trabalhadores/as que têm o seu direito à moradia negado e são violentamente reprimidos por lutar pela vida. Lutamos contra a mercantilização da educação e de todos os demais direitos, o que significa dizer também que a cidade não é mercadoria.
Lutar não é crime, exigimos a imediata libertação de Boulos.
Brasília, 17 de janeiro de 2017
Diretoria do ANDES-Sindicato Nacional