Diferentes gerações de educadores se reuniram no I Encontro de Aposentados e Aposentadas da UFF, ocorrido na sede do sindicato em 20 de outubro, em um momento que celebrou os 45 anos da seção sindical e emocionou ao resgatar a memória e os afetos que contribuíram para que Aduff-SSind não se furtasse a defender a Educação e os serviços públicos, o direito das e dos professores e as liberdades democráticas nas últimas décadas.
A atividade contou com a apresentação do Coral da Associação dos Professores Inativos da Universidade Federal Fluminense (Aspi-UFF), com canções que aqueceram corações e renovaram as esperanças em dias melhores.
O ponto alto ficou por conta das e dos convidados, que lembraram a fundação da Aduff no contexto da ditadura empresarial-militar brasileira e os muitos desafios que vieram nos anos subsequentes. Entre eles, conscientizar novos docentes da importância da filiação ao sindicato, reconhecidamente um espaço necessário à categoria. "A maior parte dos nossos associados ainda é formada por professores aposentados. Professores mais novos ainda não aderiram [de forma expressiva] ao sindicato. Nosso desafio é pensar como trazer [para a luta] esse professorado que está sujeito à uberização do ensino e à precarização do trabalho. A precarização tem como efeito perverso o afastamento desse novo professorado das atividades sindiciais", considerou Luiz Carlos Soares, professor do Instituto de História e ex-presidente da Aduff.
"Na minha geração era muito claro; se sindicalizar era uma necessidade porque nos compreendíamos parte da classe trabalhadora", disse Eunice Schilling Trein, docente da Faculdade de Educação e ex-diretora da seção sindical na década de 2000, ao reafirmar o papel da Aduff como um espaço formativo, educador, aglutinador, cuja função é defender os direitos da categoria.
Para ela, o sindicato deve continuar realizando a análise de conjuntura; manter a sua autonomia, inclusive de partidos políticos; resgatar aos mais jovens a história de tantas lutas em defesa da carreira e da paridade. "Se não fosse o Andes-SN, nós, aposentados, teríamos ficado à míngua. E claro que todos os governos têm feito um esforço para dividir a categoria, ao dizer que somos privilegiados e, por isso, os professores da ativa são os prejudicados. Ficam muitos anos sem aumento e quando tem, ele é ínfimo", considerou a docente ao enfatizar o sindicato como o espaço da coletividade.
Outro relato especial foi de José Glauco Ribeiro Tostes, docente da Química e ex-diretor do sindicato na década de 1990. De acordo com ele, a aproximação com a Aduff ocorreu tardiamente. "Entrei com quase 50 anos, justamente na contramão da história, em 1991 - o ano em que a União Soviética acabou", contou. "Em julho daquele ano, quando o Wilton e a Marlene foram mobilizar as pessoas para a greve que estava começando, eu lembro que falei para os amigos do departamento: 'Olha, se esse pessoal do Andes-SN entrar por uma porta, eu saio pela outra'. Pois bem, três meses depois, quando a greve acabou e a Justiça nos deu ganho de causa, eu estava na direção", disse, sob risos e aplausos dos demais participantes do Encontro.
O evento, que teve como mote "o direito de se aposentar e a uma aposentadoria digna", foi construído pela diretoria do sindicato de docentes e o Grupo de Trabalho em Seguridade Social e Assuntos de Aposentadoria (GTSSA) da Aduff. Carta convite do GTSSA aos aposentados menciona a relevância do tema para a categoria: "a luta pela aposentadoria, no futuro, deve se dar no presente".
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Da Redação da Aduff
Por Aline Pereira