Jun
12
2024

Ato da Educação no Rio defende pautas da greve nas instituições federais e cobra diálogo: 'negocia, Lula'

Manifestação ocorreu no dia seguinte da reunião do governo com os reitores e numa semana de rodadas das mesas de negociação

 

A greve docente na UFF na manifestação de terça, dia 11, no Centro do Rio A greve docente na UFF na manifestação de terça, dia 11, no Centro do Rio / Luiz Fernando Nabuco/Aduff

"Não tem dinheiro pra Educação, mas tem dinheiro pra banqueiro e pro Centrão" – esses foram alguns dos versos entoados por docentes, técnicas, técnicos e estudantes da UFF que participaram do Ato Unificado da Educação, que aconteceu na tarde desta terça-feira, dia 11 de junho, com concentração novamente na Candelária - centro do Rio. Manifestantes percorreram a Av. Rio Branco em direção à Praça Mário Lago, balançando as bandeiras dos movimentos sociais, sindicais ou partidos políticos.

A mobilização ocorreu no momento em que a greve das e dos técnicos-administrativos da UFF completa exatamente três meses. E também no dia em que o governo federal recebeu a representação sindical de técnicas e técnico-administrativos para negociação. 

Parte dos servidores e servidoras chegou ao ato vinda de outra manifestação, esta na Barra na Tijuca, em frente ao hotel onde o presidente Lula participava de um evento de premiação da Olimpíada de matemática das escolas públicas - na qual expuseram as razões da greve. Na véspera, na reunião com reitores e reitoras, em Brasília, Lula havia dito não ver motivos para a greve durar tanto.  

"É uma greve bastante dura, bastante difícil, mas com uma grande adesão da base da categoria, tanto aqui na UFF quanto a nível nacional, e que se unifica com a greve dos estudantes e dos docentes.  Porém, a despeito da força da greve, tem sido uma greve difícil em relação à negociação com o governo, que está comprometido, na nossa avaliação, com uma política do arcabouço fiscal", avaliou Raoni Lucena, que é integrante do Comando Local de Greve dos técnicos-administrativos. 

Raoni criticou o fato de o governo ter dividido as categorias do funcionarismo público em mesas de negociação específicas. "Nós temos uma das piores carreiras de funcionalismo público, a menor base salarial, e é preciso recompor esse salário, reestruturar nossa carreira e recompôr também o orçamento das universidades. O reitor da UFF, por exemplo, diz que só tem verba para funcionar até setembro. Inclusive, ninguém sabe direito o que vai acontecer depois disso. Ele mesmo não dá nenhuma explicação. Então é preciso uma resposta do poder Executivo desse país para a categoria e para o conjunto da sociedade. O que vai acontecer com as universidades?", indagou Raoni.



Passeata da Educação, no Centro do Rio - crédito fotos: Luiz Fernando Nabuco/Aduff

De acordo com Raul Nunes, docente da Faculdade de Educação da UFF e integrante do Comando Local de Greve, o ato desta terça-feira teve um significado especial por também anteceder a realização da mesa entre o Andes-SN e o governo federal, no Ministério da Educação, na próxima sexta-feira (14). 

Raul lembrou que a dita mesa somente foi agendada após pressão dos e das docentes. "Em outros momentos, o governo falou que a negociação tinha sido fechada. Mas a pressão da greve, a pressão dos comandos de greve, e dos atos de rua também fizeram o governo recuar", afirma. 

Como resultado da greve, também mencionou a reunião entre o presidente Lula e os reitores, ocorrida no dia 10, quando houve uma promessa orçamentária para as Universidades e outras instituições federais. Ainda que aquém do desejado e do necessário, esse dinheiro somente "apareceu" após a pressão do movimento grevista nacional.

"O presidente Lula falou que a greve já dura muito tempo. É verdade. Mas dura muito tempo por conta da dificuldade do governo em negociar nossas pautas", disse. "Então, esses atos também têm a função de tentar acabar com a greve pela via da negociação. O Andes-SN já apresentou uma contraproposta ao governo; e a gente quer que essa contraproposta seja discutida porque ela é factível", complementou.


Manifestante durante a passeata: pela recomposição do orçamento das instituições federais de ensino


Para Viviane Merlin, também docente da Faculdade de Educação na UFF, o ato foi fundamental, especialmente nesta semana. "Começamos a semana ontem com a reunião do Lula com os reitores, que é resultado da pressão dessa greve, mas que ainda está distante do que a gente precisa e deseja", afirmou. 

"Estamos aqui demarcando e pressionando para que a gente tenha avanços na negociação que vai encerrar a semana, no dia 14. Precisamos estar na rua panfletando, mostrando para a sociedade a importância dessa greve para a universidade se manter viva, atuante, para que possamos continuar fazendo pesquisa, ensino e extensão", avaliou.

Brenda Castro, da coordenação geral do DCE da UFF, destacou o fato de o ato ter sido unificado, reunindo os três setores de educação. "A gente vê que só a luta unificada é capaz de conseguir arrancar as vitórias que a gente precisa, sejam as específicas das categorias, sejam as comuns a todos", considerou. 

Para ela, é importante que os segmentos se apoiem para mostrar ao governo que há força de mobilização coletiva. "As universidades e a Educação como um todo estão extremamente sucateadas. Se o governo Lula for, de fato, amigo da educação como disse que seria, está na hora dele mostrar isso", complementou.

Da Redação da Aduff
Por Aline Pereira


Professores da UFF na passeata no Centro do Rio

A greve docente na UFF na manifestação de terça, dia 11, no Centro do Rio A greve docente na UFF na manifestação de terça, dia 11, no Centro do Rio / Luiz Fernando Nabuco/Aduff

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