Mar
05
2024

'Jacy fica': em meio à campanha nacional, reitor decide manter docente nos quadros da Ufes

À reportagem da Aduff, Jacyara diz que estava confiante no movimento solidário que se formou, lançado pela Adufes e Andes-SN; para o diretor da Aduff João Claudino, é uma vitória da luta do povo negro que mostra a força das ações coletivas e da solidariedade para que 'mais injustiçados saibam que não estão só'.

 

 

Da Redação da Aduff

Jacy fica! A luta contra a exoneração da professora Jacyara Paiva, da Universidade Federal do Espírito Santo, obteve decisão favorável da Reitoria da instituição e da própria Procuradoria Federal.

Atendendo ao movimento nacional em defesa da docente, o reitor Paulo Vargas anunciou, na segunda-feira, 4 de março de 2024, que manterá Jacyara, nos quadros de docentes efetivos da universidade. A professora é dirigente do do Andes-SN, o sindicato nacional da categoria.

À reportagem da Aduff-SSind, Jacyara disse, poucas horas após ter recebido a notícia, que, embora surpresa, estava muito confiante no movimento que se conformou para defender um desfecho justo para o caso.

"A notícia ter saído hoje [segunda 4] me surpreendeu, mas estávamos muito confiantes que o nosso direito jurídico e político seria reconhecido pela universidade. O movimento que se formou com docentes, discentes, estudantes, técnicos , bancadas de partidos progressistas foi imensa, ultrapassou as sete mil pessoas", disse.

Procuradoria 

A decisão do reitor teve como base um novo parecer da Advocacia-Geral da União,  que havia sido solicitado pela Reitoria. A notícia foi divulgada na coluna da jornalista Vilmara Fernandes, da "Gazeta", diário capixaba.

Dirigente da Aduff-SSind, o professor da UFF João Claudino disse que a decisão é uma conquista do povo negro e da luta sindical, nas multiplas frentes de luta do Andes-SN.  "É conquista do povo negro. É conquista do nosso Coletivo de Negras e Negros do Andes-SN. Denunciamos, protestamos, conseguimos. Seguimos em luta. O grito de 'povo negro unido e forte' afasta qualquer ameaça do 'medo da liberdade'", disse.

O docente observa ainda ser simbólico que a decisão saiu logo após o 42o Congresso da categoria, realizado em Fortaleza, no Ceará, no qual mais de 600 professores e professoras, de 83 seções sindicais e instituições de ensino superior de todo o país reafirmaram a solidariedade e a participação na campanha. "A luta para evitar a exoneração da professora Jacyara Paiva, essa vitória, esse grito por todos os meios possíveis, como se viu no 42o Congresso do Andes-SN, demonstra a potência da união", avalia.

Campanha 

A campanha nacional começou no início do ano. No dia 12 de janeiro, a Direção do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior divulgou nota contrária à exoneração da professora e convocando um movimento solidário de apoio a Jacyara.

Já no dia 17 do mesmo mês, uma comissão, com a presença de Jacyara, foi recebida pelo pelo reitor Paulo Vargas. Participaram do encontro dirigentes do Andes-SN, da Associação dos Docentes da Ufes (Adufes - Seção Sindical do Andes-SN), do Movimento Social Negro e assessorias jurídicas. pela instituiçào, também participou o procurador federal Francisco Vieira Lima Neto.

Os representantes do movimento expuseram as razões para contestar a decisão judicial que levou à ameaça de exoneração. No campus de Goiabeiras, em Vitória (ES), uma manifestação com representações nacionais reunia movimentos sociais, sindicais e estudantis, além de estudantes, docentes e técnicos da universidade em solidariedade à docente.

A presidenta da Adufes SSind, Ana Carolina Galvão, entregou ao reitor o abaixo-assinado em favor de Jacyara Paiva, aquela altura com cerca de 4 mil assinaturas, hoje com mais de 7 mil.

O denuncismo, a quebra da autonomia da universidade e a contradição inerente à injusta exoneração de uma professora negra atuante na luta pelo direito às cotas e à reparação foram mencionados na reunião.

Para o professor João Claudino, que participa do Coletivo de Negras e Negros do Andes-SN, a vitória desta luta repercute para além de uma justa reivindicação individual. Será a vitória de uma causa coletiva, afirma. "Jacy, fica! Fica para evitar injustiça, para que mais injustiçados saibam que não estão sós. Fica para abrir portas para mais de nós entrarmos, permanecermos e sabermos que a universidade pública é nosso lugar desde sempre", conclui.

Da Redação da Aduff
Por Hélcio Lourenço Filho

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