Jul
31
2023

Luta antirracista 'teve avanços no Andes-SN', mas ainda são grandes e muitos os desafios, avaliam docentes

Terceira parte da reportagem especial 'A urgência da luta antirracista: docentes da UFF falam sobre isso'

Susana Maia, docente da UFF em Rio das Ostras e dirigente da Aduff, percebe avanços sobre debate racial no âmbito do Andes-SN Susana Maia, docente da UFF em Rio das Ostras e dirigente da Aduff, percebe avanços sobre debate racial no âmbito do Andes-SN

Atuando num espaço no qual as representações negras historicamente foram excluídas, o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN) tem construído importantes avanços na luta antirracista. Mas, apesar disso, os desafios seguem grandes e ainda há muito o que fazer e avançar nesta área. É o que, em linhas gerais, avaliam docentes ouvidos pela Imprensa da Aduff-SSind, nesta terceira parte da reportagem especial sobre o tema. 

Para Jacqueline Botelho, docente da Escola de Serviço Social da UFF e diretora da Aduff, o Andes-SN tem avançado no que se refere ao debate sobre a realidade de negros e negras nas Universidades, destacando a relação necessária com o enfrentamento da pauta na sociedade. "Hoje, nós temos o Grupo de Trabalho Política de Classe, Questões Étnico Raciais, Gênero e Diversidade Sexual do Andes funcionando nacionalmente e nas seções sindicais, trazendo para a categoria os limites de políticas eficazes de apoio a negros, negras, indígenas, mulheres e à diversidade sexual na Universidade, que ainda é extremamente racista e machista", afirma.

De acordo com a docente, o Sindicato Nacional segue reafirmando a necessidade do cumprimento da política de cotas nas Universidades e de ações que permitam o combate ao racismo no cotidiano. “Isso exige esforços das seções sindicais na promoção de debates e na proposição de políticas institucionais que possam garantir a permanência de estudantes negros nas Universidades, bem como garantir maior possibilidade de participação de pesquisadores e pesquisadoras negras e indígenas nos editais de incentivo à pesquisa”, ressalta.

Para ela, o Andes-SN antirracista tem como desafio mostrar o verdadeiro lugar de negros e de negras na Universidade. “Este é o lugar do protagonismo na produção científica, cujas representações negras foram apagadas e silenciadas pelo neocolonialismo", defende a diretora da Aduff.

Múltiplas frentes de atuação

Diretor da Aduff e docente da UFF em Rio das Ostras, o professor João Claudino diz que o Andes-SN tem levado para seus Congressos e Conselhos (Conad) textos de apoios e textos de resoluções sobre as questões e lutas políticas de combate ao racismo, ao patriarcado, ao machismo, às LGBTQIAPN+fobias. "Aprovamos a paridade de gênero nas diretorias. Lutamos contra o capacitismo e outras adversidades produzidas na nossa sociedade. Contamos com vários Grupos de Trabalho que discutem, formulam e publicam cartilhas temáticas. Em particular, temos cartilhas de combate ao racismo e do GTPCEGDS (Grupo de Trabalho de Políticas de Classe, Questões Étnicorracias, Gênero e Diversidade Sexual). Não obstante, o Andes-SN tem construído e participado das lutas por políticas para as ditas minorias em suas múltiplas frentes de atuação", explica.

Contra a exploração e a opressão

Docente da UFF em Rio das Ostras e dirigente da Aduff, Susana Maia também avalia que o Andes-SN tem avançado muito em relação ao tema. “Há a conjugação da luta contra a exploração e todas as formas de opressão, dando visibilidade e construindo junto às lutas de diversos grupos ditos 'minoritários' na sociedade, apesar de se constituírem como uma grande maioria que dá forma, cor e cores à configuração das classes”, afirma.

De acordo com ela, entretanto, ainda é preciso avançar mais. “Precisamos garantir que essas pautas e lutas sejam pensadas de forma transversal ao conjunto dos Grupos de Trabalho, precisamos avançar em fazer cumprir o pouco que progredimos institucionalmente, como as cotas para ingresso na universidade e para concursos públicos, precisamos romper com práticas cotidianas, individuais, coletivas e institucionais que ainda reproduzem o conjunto dessas opressões”, defende Susana.

Da Redação da Aduff
Por Aline Pereira
Com a colaboração de Hélcio Lourenço Filho
Fotos: Luiz Fernando Nabuco

Susana Maia, docente da UFF em Rio das Ostras e dirigente da Aduff, percebe avanços sobre debate racial no âmbito do Andes-SN Susana Maia, docente da UFF em Rio das Ostras e dirigente da Aduff, percebe avanços sobre debate racial no âmbito do Andes-SN