Jul
01
2023

I Encontro de Mulheres da UFF contou com a Cozinha Solidária do MTST: luta por justiça social tempera refeições do evento

Na noite do dia 30, a imprensa da Aduff conversou com Jovita Machado, coordenadora da equipe. 

Luta por dignidade e justiça social. Esse é o principal ingrediente que tempera as gostosuras elaboradas na Cozinha Solidária do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), estruturada na sede da Aduff-SSind durante o I Encontro de Mulheres da UFF, realizado dias 30 de junho e 1 de julho. A Direção da Aduff convidou a cozinha solidaria do MTST para assumir a alimentação do Encontro, devido a qualidade do trabalho desenvolvido e como parte das políticas de apoio a esse movimento social.

À frente das atividades da noite de sexta-feira, estiveram Jovita Machado, Ednalva Maria e Alaíde. Na manhã de sábado, o trabalho ficou por conta de Luiz Augusto, Gláucia Nascimento, Narciso Silva e Maria de Fátima e de Jovita - coordenadora-chefe no Movimento, com quem a Imprensa da Aduff conversou.

"Entrei fazendo as tarefas pequenas. Nesse movimento as pessoas têm a chance de aprender mais a linguagem, a educação, conhecer o seu lugar e o seu espaço como mulher", disse Jovita, que lidera a equipe responsável pela elaboração de 200 marmitas diárias na ocupação no bairro do Sapê, em Niterói. 

Para ela, o movimento de mulheres é fonte de aprendizado, mas principalmente de troca entre as diferentes companheiras. "Sou da Nacional e da Estadual, essas são minhas companheiras [refere-se a Ednalva e Alaíde], além de outras que não puderam vir… A gente toca essa luta com muita garra, com muita força, com muita vontade", disse.

Segundo Jovita, as mulheres ainda precisam conquistar mais espaço para ter voz na sociedade. "A gente pode ser aquilo que a gente quer, acreditar em nós mesmas, porque não podemos ser submissas a homens. Então, esse espaço [um evento como o realizado pela Aduff] é para nós, mulheres, aprendermos a viver cada dia mais, a botar a cara a tapa fazer acontecer; somos mulheres de luta, guerreiras, se tiver que dormir no chão com plástico para fazer as coisas acontecer a gente vai fazer", afirmou. 

Ela, que conheceu o MTST há quase uma década, se considera uma mulher muito forte para encarar a realidade e ressalta a importância da cozinha solidária do Movimento -- que é composto por trabalhadores e trabalhadoras; operários, subempregados, desempregados e tantos outros que não têm moradia digna -- uma ação concreta de luta. Lembra que especialmente durante a pandemia, o MTST acodiu a muitas pessoas em situação de vulnerabilidade econômica e social. 

"A cozinha solidária é uma cozinha para matar a fome de várias pessoas neste país, que é de muita ingratidão e injustiça, pois uns têm e outros não. Então, nós somamos para fazer a cozinha do movimento para mostrar pro mundo afora que nós não somos movimento só de estar pegando terra, fazendo ato...Somos um movimento que mata muita fome de muita gente. E isso é um orgulho para nós, para as mulheres e um orgulho para este país todo", considerou Jovita.

De acordo com a coordenadora do MTST, a cozinha solidária elabora café da manhã, almoço e jantar para quem vive na rua e em extrema fragilidade. "A gente faz e sai na rua entregando, sem ter vergonha nenhuma de mostrar que somos as mulheres sem teto, mulheres sem teto trabalhadoras, guerreiras e honestas, que botam a cara a tapa para o que der e vier. Por isso que hoje a gente está aqui", definiu Jovita. 

O MTST tem como bandeira central a luta por moradia, pelo direito à cidade, contra a especulação imobiliária e a relação conveniente que o grande empresariado mantém com o Estado. Defende o direito à educação, ao saneamento básico, à saúde, ao transporte coletivo e à infraestrutura básica nos locais de moradia.

Da Redação da Aduff
Por Aline Pereira, com colaboração de Hélcio Duarte
Fotos: Luiz Fernando Nabuco

 

 

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