Na noite desta sexta, teve início o primeiro dia de atividades do I Encontro de Mulheres da Universidade Federal Fluminense.
O evento acontece na sede da Aduff e é resultado de articulações envolvendo a diretoria da seção sindical e as integrantes do Grupos de Trabalhos em Política de classe para as questões étnico-raciais, de gênero e de diversidade sexual (GTPCEGDS) e em Política de formação sindical (GTPFS) do sindicato. A iniciativa é destinada às mulheres trabalhadoras (docentes, técnicas e terceirizadas) e às estudantes da UFF, com mesas temáticas no dia 30 de junho e no sábado 1 de julho.
O Sindicato dos Trabalhadores em Educação da UFF (Sintuff) e o Diretório Central de Estudantes (DCE) estiveram representados pelas coordenadoras Bernarda Thailania Gomes e Brenda, respectivamente. As duas destacaram a importância do evento como um espaço de escuta, de acolhimento e de formulação de propostas para garantir melhores condições de trabalho e de estudo para as mulheres na Universidade.
Graduanda em História, Brenda ressaltou a participação das mulheres em diversos processos históricos e lembrou a luta feminista no combate ao bolsonarismo, inclusive. "Hoje é um dia importante pela conquista da inelegibilidade de Bolsonaro. Agora vamos lutar para que ele seja responsabilizado pelos crimes ", afirmou ao lembrar que o antigo presidentes cortou recursos destinados às políticas públicas de interesse das mulheres,
Defendeu ainda a discussão da violência que ameaça as mulheres dentro e fora da UFF, o que foi corroborado pela técnica-administrativa Bernarda Gomes.
De acordo com coordenadora do Sintuff, a Universidade não é um espaço que ampare as mulheres e a maternidade. "Me formei em Agronomia UFRRJ [Universidade Federal do Rio de Janeiro] e fui mãe durante a vida na Universidade. Vi como as instituições não estão preparadas para o acolhimento", afirmou.
Para ela, o I Encontro de Mulheres da UFF vai oportunizar o debate sobre o feminismo mas principalmente sobre quem o constrói na Universidade. "Há diversas realidades dentro do feminismo, temos particularidades a partir de condições específicas de mulheres, trabalhadoras, negras. Precisamos construir um feminismo que pegue todas nós com nossas diferenças e particularidades, não somos todas iguais. Falamos muito pouco da violência, sexual, entre gêneros; temos poucos espaços onde a mulher será acolhida e ouvida. Como vamos agir diante das violências cometidas contra as mulheres?", indagou.
As professoras Kênia Miranda (Faculdade de Educação da UFF) e Maria Cecília Castro (Coluni), ambas da direção da Aduff, também enfatizaram a relevância do Encontro quanto às discussões que envolvem as pautas feministas. Lembram que a vida das mulheres é atravessada pelas diferentes formas de opressão, principalmente as de raça, classe e gênero.
"A diretoria da Aduff organizou esse encontro para que possamos pensar a nossa luta dentro e fora da universidade, considerando a conjuntura que temos hoje. Começamos esse primeiro encontro com a expectativa de que seja o início de ações conjuntas envolvendo as trabalhadoras e as estudantes da UFF". afirmou.
Cecília Castro afirmou ser importante discutir o que é ser mulher na Universidade. "Esse é um espaço de diálogo, de debate, para convidar/convocar todas para a construção da universidade que queremos. Existem muitos atravessamentos que perpassam o que é ser mulher e precisamos dialogar sobre essas dimensões", conclui.
Após a abertura do evento, teve início a primeira mesa de debates, "Qual feminismo? Para quem e com quem?", com a participação de Glaucia Lelis Alves (docente da Escola de Serviço Social na Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ) e Rayssa Ruas (advogada popular e doutoranda em Direito na Universidade do Estado do Rio de Janeiro - Uerj). Acompanhe mais sobre a cobertura do evento nas redes sociais da Aduff - www.aduff.org.br
Da Redação da Aduff
Por Aline Pereira, com colaboração de Hélcio Duarte
Foto: Luiz Fernando Nabuco
