As crianças foram as protagonistas no ato público realizado em frente à Prefeitura de Niterói, no Centro da cidade, no início da tarde desta quarta-feira, 1o de março de 2023. A manifestação integra o calendário de atividades em Niterói referentes ao 8M - Dia Internacional das Mulheres.
O protesto cobrou recursos para educação pública, denunciou as 3.100 meninas e meninos que estão fora da escola e das creches, a falta de material escolar e a precariedade das salas de aula. As crianças empunharam cartazes, puxaram palavras de ordem, fizeram discursos e se declararam cidadãos em formação.
A Aduff, o Sintuff e o Sepe-Niterói, entre outras entidades, participaram e declararam total apoio à mobilização. A vereadora Benny Briolly e os vereadores Professor Túlio e Paulo Eduardo Gomes falaram durante a manifestação e declararam apoio à luta.
O ato também defendeu concurso público para cobrir o déficit de pessoas nas escolas. "Para de fazer show e contrata professor", dizia um dos cartazes. "Precisamos de ar-condicionado, material escolar e uniforme", assinalava outro. "Escola não é depósito de crianças, queremos inclusão de verdade", estampava mais um cartaz, em referência à educação especial.
Por diversos momentos, o prefeito de Niterói, Axel Grael (PDT), foi criticado. Apontado como principal responsável pela precariedade deste quadro, foi acusado de cometer crime de responsabilidade por não enfrentar o problema.
A professora Kênia Miranda, da Diretoria da Aduff, disse que um ato como o que estava ocorrendo não deveria nem ter necessidade de ser convocado, se o poder público cumprisse com o que é básico e direito inegável e reconhecido.
Como o município de Niterói tem recursos - com um orçamento anual de R$ 6 bilhões -, não há justificativa possível para tamanha precariedade no sistema educacional da cidade, disse. "É crime de responsabilidade", afirmou a dirigente da Associação dos Docentes da UFF - Seção Sindical do Andes-SN.
Polícia para quem
A chegada de uma viatura da Polícia Militar motivou ainda mais críticas: a resposta do prefeito é mandar a PM para 'assistir' a um ato por creche e educação pública com crianças, educadores e pais, mães e responsáveis por estudantes.
Fora as críticas, em meio a uma cena naturalmente desproposital criada com a chegada da polícia, não houve intercorrências.
8M em Niterói, Rio e Rio das Ostras
Na segunda-feira (6), haverá outra atividade que integra o calendário 8M deste ano em Niterói: uma audiência pública às 18h, na Câmara Municipal, para debater a Maternidade Alzira Reis, as condições de trabalho na unidade, a estrutura de atendimento e a falta de insumos e equipamentos.
Já no dia 14 de março, quando os assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes completam cinco anos, está previsto um Sarau Feminista, com local e horário ainda a definir.
No Rio de Janeiro, no dia 8 de março acontecerá a tradicional Marcha do Dia Internacional das Mulheres, com concentração a partir das 16 horas, na Candelária.
Em Rio das Ostras, a concentração para o ato do 8 de março será iniciada às 17h, na Praça José Pereira Câmara.
As principais reivindicações do 8M este ano foram assim resumidas pelas entidades organizadoras: “Sem anistia! Chega de feminicídio e de violência contra as mulheres do campo, da cidade e da floresta! Por emprego e renda, pela legalização do aborto e pelo fim da fome! Em defesa da Educação e da saúde públicas!”.
A Diretoria da Aduff participa da construção do 8M e convida as professoras e professores da UFF, assim como o conjunto da comunidade universitária, a apoiar esta luta, ajudar a divulgá-la e comparecer às atividades.
Da Redação da Aduff
Por Hélcio Lourenço Filho