Representantes dos três segmentos da UFF participaram de aula pública e assembleia comunitária no dia 14 de dezembro, no pilotis do bloco D, no Campus do Gragoatá. Os novos cortes promovidos pelo governo Bolsonaro na Educação Pública e o calendário letivo de 2023 na UFF foram os principais temas em discussão pelos presentes - docentes, técnicos e estudantes. A mesa foi composta pela professora Gelta Xavier, pela Aduff; pelas técnicas-administrativa Bernarda Gomes e Graça Souza, pelo Sintuff; pelos discentes Byron e Giovana, pelo DCE Fernando Santa Cruz.
Houve encaminhamentos por uma Audiência Pública com o Reitor Antonio Claudio da Nóbrega e pedidos por mais transparência da administração central da UFF quanto à aplicação do orçamento, sobretudo em relação às políticas de assistência estudantil. As falas foram unânimes em relação a necessidade de recomposição de verbas das universidades, institutos e colégios federais; em defesa do pagamento dos salários dos trabalhadores terceirizados; pela revogação do contrato do Hospital Universitário Antonio Pedro com a Ebserh - Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. Além disso, a assembleia comunitária pede que reitoria reveja o calendário de 2023, criticando o fato de o primeiro semestre de 2023 começar apenas em abril.
Os presentes mencionaram o "Tsunami da Educação" - quando, em 2019, muitos estudantes e trabalhadores da UFF em diferentes cidades do Rio de Janeiro foram às ruas protestar contra os cortes no orçamento das instituições federais de ensino - e reafirmaram o desejo de mobilizar a comunidade universitária para ocupar as ruas novamente, cobrando investimentos nos setores públicos.
Segundo Gelta, docente da Faculdade de Educação da UFF, os cortes do governo federal, às vésperas do encerramento do governo Bolsonaro, têm que ser combatidos com protestos. Ela mencionou a situação dos trabalhadores terceirizados, indicando como a relação deles com a instituição é extremamente frágil em relação aos direitos trabalhistas. Criticou o calendário de 2023, saudou a nova gestão do Diretório Central dos Estudantes Fernando Santa Cruz e celebrou a unidade entre os segmentos da UFF, manifestando satisfação com a ampliação do movimento em defesa da Universidade Pública.
Bernarda, do Sintuff, condenou o não investimento dos governantes em serviços públicos. Segundo ela, é uma opção de governos neoliberais, pois há dinheiro o suficiente para bancar o orçamento secreto, o aumento do salário de políticos - a exemplo do que acontece com os governadores do RJ e de SP - e para o pagamento da dívida pública. Graça, também do Sintuff, contou que a Fasubra aprovou moção de repúdio aos cortes.
Os participantes da Assembleia Comunitária afirmaram que a política de cortes no orçamento foi ampliada durante o governo de Jair Bolsonaro e exemplificaram como a medida impacta no cotidiano de estudantes e de trabalhadores terceirizados, principalmente. "Em muitas universidades do país, alguns restaurantes universitários já foram fechados por conta da falta de verba nas Universidades; os estudantes que dependem de auxílio [permanência, como bolsas alimentação, moradia e afins] são os mais afetados. Alguns dizem ter que escolher o dia da semana em que vão à UFF assistir aulas ou fazer provas, pois falta dinheiro até para a passagem", disse Giovana, que é aluna da História e integra o DCE.
Para Brenda, colega do mesmo curso, o confisco na Educação é criminoso e os estudantes têm sido tratados como inimigos pela gestão de Bolsonaro. "Há quem não tenha o que comer nas universidades, mas o governo segue dando dinheiro para banqueiro", criticou. Maria Francisca, da Coordenação Geral do DCE, afirmou que o auxílio permanência precisa ser ampliado para demais estudantes, pois ele abarca apenas um percentual pequeno dos estudantes com matrícula ativa. Já Letícia, do movimento PerifaZumbi, lembrou que a evasão na UFF tem cor. "A maior parte dos alunos que evadem é negra", disse a graduanda.
Estudante do curso de Segurança Pública e integrante do DA do curso, Thales comemorou o fato de ser o primeiro da família à ascender ao ensino superior. No entanto, não conta com a bolsa de monitoria, que é de aproximadamente R$400. "O cenário é catastrófico", considerou.
Da Redação da ADUFF
Por Aline Pereira
Fotos: Luiz Fernando Nabuco