Mar
04
2020

Conselho Universitário da UFF aprova suspensão de atividades acadêmicas e administrativas no dia 18, Greve Nacional da Educação

CUV também aprovou moção de solidariedade a docentes que sofrem processo administrativo disciplinar aberto pelo MEC

Na manhã desta quarta-feira (04), em reunião do Conselho Universitário da UFF, a comunidade acadêmica da Universidade Federal Fluminense aprovou por ampla maioria a suspensão das atividades acadêmicas e administrativas da instituição no dia 18 de março, data convocada nacionalmente como dia de Greve Nacional da Educação.

A proposta foi defendida pela Aduff, Sintuff e DCE, que frisaram a importância de somar forças ao movimento nacional em defesa da Educação pública e garantir respaldo administrativo para que não haja cortes de ponto, faltas ou qualquer tipo de punição a estudantes, técnicos e professores que participarem das atividades da Greve. O CUV ainda deliberou pela elaboração de um calendário unificado de atividades para aglutinar todos os segmentos da universidade no dia 18, em diálogo com a população.

Na mesma reunião, o Conselho Universitário também aprovou, por unanimidade, moção de solidariedade aos 32 docentes que sofrem processo administrativo disciplinar aberto pelo MEC, quando há 12 anos, enquanto membros do CUV, deliberaram por tratamento isonômico entre os trabalhadores técnicos-administrativos da UFF e defenderam o enquadramento de aposentados e de ativos no plano de carreira. Cabia ao Conselho se manifestar sobre o assunto à época, no cumprimento do seu papel de órgão recursal da UFF e em conformidade com o que a própria lei do Plano de Carreira determinava.

“A ameaça do MEC de punir os conselheiros, pelo exercício da discordância, compromete a liberdade de opinião e de decisão do Conselho Universitário no presente e no futuro, significando a submissão antecipada da mais elevada instância da Universidade (...). O Conselho se solidariza com seus pares que em deliberação coletiva e unânime, à época, tomaram a decisão que entenderam como correta, justa e de direito”, destaca a moção, que ainda reafirma “a autonomia, liberdade e democracia nas suas decisões”.

“Por que se ressuscita uma questão que aconteceu há doze anos? Que conselheiro vai ter segurança de votar qualquer coisa no futuro se esses conselheiros forem julgados e condenados?”, questionou no CUV o vice-presidente da Aduff-SSind, Waldyr Lins de Castro, ao defender a aprovação da moção.

A diretoria da Aduff considera a atitude do MEC como um dos maiores abusos de autoridade já cometidos contra a liberdade de manifestação e de voto nos Conselhos Superiores da universidade pública. “Essa ação contra os conselheiros é gravíssima porque eles são os representantes máximos da Universidade. Quando atinge esse Conselho, o MEC está atingindo a autonomia da universidade, direito garantido pela Constituição”, destacou o docente.

Estudantes protestaram contra o retorno da centralização das matrículas em Niterói

A reunião do Conselho Universitário da UFF nesta quarta (04) ainda foi marcada pelo protesto dos estudantes contra a centralização das matrículas dos campi fora de sede em Niterói. Nos últimos dois semestre as matricula de novos alunos voltaram a ser concentradas na cidade de Niterói, diante da escassez de recursos e de um cotidiano de restrição orçamentária imposto pelo Governo Bolsonaro e pelo Ministro da Educação, Abrahan Weintraub.

Entretanto, mesmo ciente das dificuldades orçamentárias, os estudantes argumentam que a centralização da matrícula em Niterói dificulta o acesso de estudantes mais pobres à universidade, como é o caso dos cotistas.

No CUV, eles relataram uma série de conversas com a administração da Universidade para tentar reverter o quadro, buscar outras soluções ou garantir transporte para os cotistas, mas diante das negativas e da inércia da administração, avaliaram que faltou sensibilidade da Reitoria e compromisso com os campi do interior e com uma universidade popular.

“Não queremos retornar para um tempo que só uma parcela branca e rica tem acesso a Universidade”, destacou uma estudante da UFF de Campos dos Goytacazes, no CUV. Em nota, o DCE Fernando Santa Cruz expressou o desejo de que se encontre uma “solução criativa e definitiva para o próximo semestre” e que as matrículas voltem a ser realizadas nos campi fora de sede.

Da Redação da Aduff | por Lara Abib
Fotos: Zulmair Rocha, para Aduff-SSind

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