A campanha "Sou docente antirracista", concebida pelo Andes-SN e abraçada pela Aduff-SSind, foi lançada na Universidade Federal Fluminense em Rio das Ostras no último dia 28 de novembro. A atividade aconteceu durante a programação da VIII Semana de Cultura Afrobrasileira, realizada entre 27 e 29 de novembro, com o tema “Pretuguês: o que chamam de ERRO, chamamos RESISTÊNCIA!”.
Organizada pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas Afro-brasileiro (NEAB) da UFF (a partir dos projetos de extensão a ele vinculados), contou com a participação de Susana Maia e de João Claudino Tavares, docentes da unidade e dirigentes da Aduff-SSind.
João Claudino explicou os objetivos da campanha "Sou docente antirracista" – lançada pelo Andes Sindicato Nacional em 25 de julho, data em que se celebra o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana; e pela Aduff-SSind, na UFF em Niterói, no início de novembro, com a participação das docentes Sônia Lúcio Rodrigues de Lima e Sandra Regina Vaz da Silva – ambas da Escola de Serviço Social, e transmissão do debate nas redes sociais da seção sindical.
Para a direção e para o Grupo de Trabalho de Política de Classe para as Questões Etnicorraciais, de Gênero e Diversidade Sexual (GTPCEGDS) e da Aduff, a campanha antirracista representa uma forma de refletir coletivamente e de maneira integrada o enfrentamento à discriminação racial em ambiente acadêmico e na sociedade. E para celebrar esse momento, docentes da UFF têm sido presenteados com a camiseta da campanha, que traz a estampa da Sankofa – ideograma africano que representa um pássaro com os pés voltados para a frente e a cabeça virada para trás, demonstrando a conexão entre o passado e o futuro.
"Durante a atividade em Rio das Ostras, tivemos falas muito importantes e contundentes de estudantes e docentes de vários cursos e da representação de técnicos-administrativos. Houve a demonstração da relevância e da necessidade de debatermos, de mantermos a visibilidade permanente da luta antirracista no contexto da Universidade e para além dela", explicou João Claudino.
Segundo ele, o combate ao racismo é fundante na luta contra opressões e desigualdades. "Também se evidencia o quanto é desafiadora a provocação de ser antirracista. Para docentes, se impõe a necessidade de "educar a/o educador/a"", complementou o diretor da Aduff.
A diretora Susana Maia, que mediou a atividade, considerou muito importante o lançamento da Campanha dentro da programação da Semana Afro, atividade que há mais de 10 anos racializa a universidade em Rio das Ostras.
"O diálogo entre docentes, técnicos e estudantes reforçou a urgência de ampliarmos espaços de formação, trocas e articulação política a fim de termos um espaço de acolhimento, de resistência e de enfrentamento às práticas e estruturas racistas ainda vigentes na universidade. A Campanha pode ser um importante instrumento nessa direção", disse.
Professora no curso de Psicologia, Monique Brito (foto abaixo) afirmou que o lançamento da campanha é de uma relevância imensa. "Fico muito feliz de poder vivenciar esse momento em que estamos sendo convocadas/os e convocando colegas para que possamos, enquanto educadoras e educadores, assumir esse compromisso ético-político de combate ao racismo", explicou. "Eu, enquanto professora, mulher branca, preciso assumir - e assumo - esse compromisso, desde o meu lugar de branquitude, de pessoa que se beneficia, mesmo que indiretamente, dos privilégios oferecidos por uma sociedade estruturalmente racista. Que possamos transformar privilégios em garantia de direitos para todas e todos", defendeu.
Para Gabrielle Gomes Ferreira (foto abaixo), docente do Serviço Social da UFF, o lançamento da campanha "Sou Docente Antirracista" vem para somar e fortalecer essa luta, na conscientização de um espaço universitário cada vez menos racista e preconceituoso. "O lançamento dessa campanha, aqui em Rio das Ostras, que acontece na Semana de Cultura Afro-brasileira, é muito simbólico da universidade que buscamos construir enquanto docentes antirracistas. Muitos são os desafios, mas apontar a necessidade de se caminhar no sentido de uma prática e de uma educação antirracista é mais que preciso, é fundamental e indispensável. Acredito na força do coletivo", disse a professora.
A estudante Manu Santos (foto abaixo, de azul), como mulher negra, bissexual e periférica, disse sentir na pele todos os dias o efeito do racismo. "É urgente construir uma universidade antirracista que lute por seus alunos não brancos", considerou.
Flaviana Nascimento (foto abaixo), docente do Departamento Interdisciplinar, expressou gratidão pela oportunidade de participar da Roda de Conversa "Sou Docente Antirracista" durante a Semana Afro. "Foi um privilégio integrar esse espaço de diálogo e reflexão tão significativo para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Agradeço a todos os organizadores e participantes por promoverem debates enriquecedores e por fortalecerem a importância da luta antirracista na educação. Cada troca de experiência e cada aprendizado reforçam nosso compromisso com práticas pedagógicas inclusivas e transformadoras", afirmou a professora, recentemente concursada na instituição.