“60 anos do Golpe de 1964 - Memória, Verdade, Justiça e Reparação” é o tema da atividade que começou na quinta-feira (21) e vai até o sábado (23), na Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre (RS). Evento é promovido pelos Grupos de Trabalho de História do Movimento Docente (GTHMD) e de Política de Formação Sindical (GTPFS), em parceria com a Comissão da Verdade do ANDES-SN.
A delegação da Aduff-SSind é composta pelas professoras Maria Cecília de Castro, presidente da entidade, Elizabeth Barbosa e Ana Lívia Adriano. A programação do seminário conta com mesas de debate, palestras e atividades de formação voltadas à análise dos impactos do golpe empresarial-militar de 1964 no Brasil. O evento também discute os desafios atuais na luta por memória, verdade, justiça e reparação.
Integrante do Grupo de Trabalho de História do Movimento Docente (GTHMD) da Aduff, Ana Lívia Adriano destaca que a construção de espaços de formação e debates acerca da memória, verdade justiça e reparação é exigência para compreender a contemporaneidade, sem capitular ao revisionismo histórico e tampouco a uma compreensão reducionista das particularidades da formação social brasileira – "e por que não, latino-americana - das conformações autoritárias e autocráticas que a constituem e que, por vezes, não compreendem o sentido classista da ditadura empresarial-militar e de suas resistências".
“Lutar por memória, verdade e justiça é reivindicar o reconhecimento da existência e da resistência dos que tombaram ao enfrentaremos do arbítrio e autoritarismo; é reconhecer as insuficiências da reparação na sociabilidade burguesa e, num mesmo movimento, avançar na luta contra o obscurantismo e os esquecimentos históricos. Como diz o Canto Geral do Neruda, ‘por estes mortos, nossos mortos, peço castigo’", afirma a docente da Escola de Serviço Social da UFF/Niterói.
Ditadura
Há 60 anos, iniciava-se um longo período de violência e opressão no Brasil. Entre os dias 31 de março e 1º de abril, depois de longa preparação e com forte apoio empresarial, os militares tomaram o poder em um golpe que instituiu o terror de Estado e promoveu mudanças profundas na dinâmica do capitalismo brasileiro, ampliando a concentração, a desigualdade e a exploração, bem como a subordinação externa.
O Relatório da Comissão Nacional da Verdade registra 434 vítimas da ditadura empresarial-militar, entre mortos e desaparecidos, além de 8.350 indígenas e pelo menos 1.654 camponeses assassinados. Segundo o relatório da Comissão da Verdade do ANDES-SN, publicado em 2020, 106 estudantes universitários, 12 docentes e 1 técnico administrativo também foram vítimas. No entanto, acredita-se que esses números possam ser maiores, devido à dificuldade em resgatar a memória completa do período.
Confira a programação do Seminário “60 anos do Golpe de 1964 - Memória, Verdade, Justiça e Reparação”
21 de novembro, quinta-feira
9h – Abertura;
10h às 12h – Oficina de compartilhamento de experiências e fomento de ações nas seções sindicais para criação de comissões da verdade e desomenagens a perpetuadores de crimes, defensores e cúmplices da ditadura;
12h às 14h – Almoço;
14h às 16h30 - Mesa 1: “Memória, Verdade, Justiça e Reparação: ontem e hoje”. Coordenação: Cláudio Rezende Ribeiro - UFRJ e Comissão da Verdade do ANDES-SN; Suzana Keniger Lisboa - Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos; Gustavo Seferian – UFMG, presidente do ANDES-SN e membro da Comissão da Verdade da entidade; Lucas Pedretti – Rede pública de ensino básico do município de Maricá; Milton Pinheiro – Uneb;
16h30 às 17h – Intervalo;
17h às 18h30 – Conferência: "O sentido de classe do golpe de 1964 e da ditadura: um debate necessário, em tempos de neofascismo". Demian Bezerra de Melo - UFF;
20h – Espetáculo musical com Nei Lisboa.
22 de novembro, sexta-feira
9h às 11h30 – Mesa 2: “A luta por memória, verdade, justiça e reparação no Cone Sul da América Latina”. Coordenação: Ana Maria Estevão – Unifesp e Comissão da Verdade do ANDES-SN; María Alejandra Esponda – Facultad Latino-Americana de Ciencias Sociales, Argentina; José Pedro Olivera - Associação de Ex-Presos e Presas do Uruguai; Federico Tater – Fedafam, Paraguai;
11h30 às 12h – Exibição do vídeo documentário “Adufrgs e Andes: história de um golpe”. Seção Sindical ANDES-UFRGS;
12h às 14h – Almoço;
14h às 16h30 – Mesa 3: “Responsabilidade empresarial com a ditadura” (Curso de Formação Sindical). Coordenação: Luiz Henrique Blume – Uesc e Comissão da Verdade do ANDES-SN; Alessandra Gasparotto – Ufpel; Alejandra Esteves – UFF; Jorge Souto Maior – USP;
16h30 às 17h – Intervalo;
17h às 19h30 - Mesa 4: “A ditadura e a repressão contra populações trabalhadoras, negras, periféricas, indígenas, quilombolas e LGBTI+” (Curso de Formação Sindical). Coordenação: Raquel Dias – Uece e coordenação do GTPFS; Gilberto de Souza Marques – Ufpa; Elaine Bispo Paixão – Frente Estadual pelo Desencarceramento Bahia; Renan Quinalha – Unifesp;
20h - Programação complementar: atividade voltada às professoras e aos professores de história do ensino fundamental e estudantes da Faculdade de Educação.
23 de novembro, sábado
9h às 11h – Ato-Homenagem: “Enrique Serra Padrós: memória, verdade, justiça e reparação”. Lilián Celiberti – Cotidiano Mujer, Uruguay e Articulação Feminista Marcosur; Colegas e ex-alunos de Enrique Serra Padrós;
11h às 13h – Ato público “Memória, Verdade, Justiça, Reparação e Luta Antirracista”. Participação do bloco “Cuidado que já nos viram”, com o Mestre Edu Nascimento (Quilombo do Sopapo);
13h às 14h30 – Almoço;
Da Redação da Aduff | com informações do Andes-SN