Mar
22
2023

Docentes da UFF participam de Seminário Nacional de Saúde dos Trabalhadores e relacionam precarização ao adoecimento

 "Trabalho docente: implicações na saúde e reflexos na vida" foi o tema central do evento, que ocorreu em São Paulo, entre 17 e 19 de março

O VIII Seminário Nacional de Saúde do(a) Trabalhador(a) Docente do ANDES-SN aconteceu em São Paulo, entre os dias 17 e 19 de março. Organizada pelo Grupo de Trabalho de Seguridade Social e Assuntos de Aposentadoria (GTSSA) Sindicato Nacional e pela Associação de Docentes da USP (Adusp), a atividade teve como tema central "Trabalho docente: implicações na saúde e reflexos na vida". 

No primeiro dia de evento, além da mesa de abertura com a saudação dos dirigentes do Andes-SN e de representantes de outras entidades sindicais, estudantis e de coletivos políticos, houve a intervenção artística do grupo “Slam Letra Preta”(da Biblioteca Comunitária Solano Trindade, na Zona Leste de SP) denunciando a violência a gênero. 

Em seguida, a temática “A Pandemia, Ensino Remoto, Intensificação da Precarização do Trabalho e Adoecimento Docente” foi abordada pelas docentes Camila Holanda Marinho, da Universidade Estadual do Ceará (Uece), e Flávia Bulegon Pilecco, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que expuseram suas pesquisas sobre o assunto.

No dia 18, “O papel do Estado e a saúde do(a) trabalhador(a): como as IES veem o SUS na perspectiva da saúde dos(as) servidores(as)” foi o tema abordado por Bruno Souza Bechara Maxta (UFMG). Em seguida, Eblin Farage (UFF) e Alexandre Galvão, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), encaminharam o debate sobre o tema "Saúde e condições de trabalho dos(as) docentes”.

Houve ainda a apresentação da dupla de rappers paulistana Sara Cruz e Dabow B. e o painel “Levantamento de saúde do trabalhador docente no período da Pandemia do Covid 19”, com participação de representantes das seções sindicais do ANDES-SN. 

No domingo (19), houve reunião do GTSSA, para encaminhamentos e debates sobre estratégias para enfrentar a precarização e intensificação do trabalho e suas condições e os impactos dos cortes orçamentários na saúde de professoras e professores.

Segundo Elizabeth Carla Vasconcelos Barbosa, da direção regional do Andes-SN no Rio de Janeiro e docente da UFF em Rio das Ostras, na ocasião, foi sugerido que as seções sindicais reproduzam as temáticas do Seminário nacional em discussões nas Universidades, como estratégia para uma política de saúde dos e das trabalhadoras no ambiente laboral. "A coordenação nacional [do GTSSA/ Andes-SN] está finalizando um projeto para fazermos uma enquete e um levantamento sobre condições do trabalho, saúde e adoecimento docente. O Seminário nos ajudou a avançar muito. Nos fortalece como categoria", disse Elizabeth.

Para professoras da UFF, debates foram muito qualificados

De acordo com Eblin Farage, o seminário foi um momento importante para o debate sobre questões centrais que estão atingem a categoria. "As discussões abordaram como as condições de trabalho e carreira estão diretamente relacionadas às diferentes formas de adoecimento. A falta de estrutura nas instituições de ensino, o impulso ao produtivismo e ao individualismo, a competição entre os pares, o assédio moral e outras questões semelhantes impactam negativamente na saúde dos e das trabalhadoras", disse Eblin, que é ex-presidente da Aduff e do Andes-SN.

Na avaliação dela, o debate foi muito qualificado. "Ponderou-se as dimensões do adoecimento docente para além do aparente e do imediato, indicando a necessidade da mobilização e da luta em torno de condições de trabalho para um fazer docente qualificado e que não nos adoeça", considerou a assistente social.

Para Amanda Guazzelli, professora do Departamento de Serviço Social do Instituto de Ciências da Sociedade e Desenvolvimento Regional (ESR) da UFF em Campos dos Goytacazes e diretora da Aduff, o evento abordou as condições de trabalho docente durante o período da pandemia da covid-19 e após o retorno às universidades, combinando inclusive elementos que marcaram aquele período e que ainda persistem, a exemplo da recorrência às aulas remotas. "A esse respeito, cabe destacar o painel de apresentação de alguns levantamentos realizados por seções sindicais acerca da saúde do/a trabalhador/a docente durante o período da pandemia, que trouxe dados significativos, como a intensificação do trabalho docente (há docentes que trabalhavam de 9 a 12 horas por dia) e a sobrecarga de trabalho, sobretudo para as mulheres", apontou.

De acordo com a dirigente da Aduff, o evento nacional também evidenciou como as condições de trabalho são atravessadas por formas de opressão, como a racial e a de gênero. "A realização do VIII Seminário Nacional de Saúde do(a) Trabalhador(a) Docente do ANDES-SN foi importante para o processo de articulação, resistência e luta dos/as trabalhadores/as docentes, após o longo período de isolamento social.  Amanda também destacou a defesa do GTSSA como espaço de discussão e luta não restrito aos assuntos relacionados à aposentadoria, mas à saúde do/a trabalhador/a docente, o que precisa ser traduzido nas ações empreendidas pelas seções sindicais. Antecipou que, em breve, a direção da Aduff convocará reunião do referido grupo para discutir o tema. 

Da Redação da Aduff
Com informações da Imprensa do Andes-SN

 

Additional Info

  • compartilhar: