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Mar
21
2023

'Parem o massacre': protestos exigem o fim dos juros altos do 'BC de Bolsonaro e banqueiros'

Atos em frente às sedes dos Bancos Centrais em Brasília, Rio e em mais oito capitais pedem a saída do presidente da instituição, nomeado por Bolsonaro; juros 'mais altos do mundo' foram associados ao desemprego, à fome e à estagnação econômica do país 

Manifestantes em São Paulo, na av. Paulista, em frente à sede do Banco Central na capital paulista Manifestantes em São Paulo, na av. Paulista, em frente à sede do Banco Central na capital paulista / foto: Fernando Frasãp/Agência Brasil

"13,75%: Pare com o Massacre". A frase estampava um cartaz erguido por um manifestante durante um dos atos convocados contra a política de juros altos adotada no Brasil pelo Banco Central, nesta terça-feira, dia 21 de março de 2023.

O massacre ao qual o homem e demais manifestantes se referiam, afirmam, se expressa nos efeitos sociais que causa no país a política de juros nas alturas, aplicada sob a suposta justificativa de conter a inflação.

Os manifestantes afirmaram ser inadmissível que o Banco Central, presidido pelo economista Roberto Campos Neto, continue sendo controlado por pessoas não eleitas, ligadas ao mercado financeiro e que foram nomeados pelo governo anterior, de Jair Bolsonaro, derrotado nas eleições de outubro.

O presidente do Banco Central segue no cargo porque a instituição ganhou uma contestada autonomia em 2021, o que veta mudanças na sua direção por parte do novo governo. O mandato de Campos Neto termina em 31 de dezembro de 2024.

Com o mote "Menos Juros e Mais Empregos: não à autonomia do Banco Central", os protestos ocorreram em frente às sedes do Banco Central de Brasília e de outras nove capitais, entre elas o Rio de Janeiro e São Paulo.

Os atos foram convocadas pelo conjunto das centrais sindicais e por movimentos populares e partidos políticos. A Direção da Aduff apoia a luta contra os juros abusivos. 

Os protestos afirmaram que esta política, aplicada supostamente para conter a inflação, trava a economia, gera desemprego e, consequentemente, mais fome e pobreza, enquanto enriquece ainda mais os banqueiros. Faz a população pagar juros superiores a 400% ao ano no cartão de crédito e aumenta o custo das prestações de quem tenta adquirir casa própria com financiamentos.

Reunião do Copom

A iniciativa que exigiu o fim da política de "juros abusivos e extorsivos e da suposta independência do Banco Central" coincide com o início da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a quem cabe definir a taxa de juros básica no Brasil. A taxa, hoje, está em 13,75% ao ano, uma das mais altas, senão a mais alta, do mundo.

Também estavam previstas ações coordenadas nas redes sociais em torno desta luta. Os manifestantes defenderam também a saída de Campos Neto da presidência do BC - indicado em 2021 pelo então presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas eleições.

Sardinhas

As manifestações reivindicaram a democratização do Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf), responsável por julgar processos administrativos de grandes devedores - apontado como um órgão amigo de empresas sonegadoras. 

Durante o ato em São Paulo, os manifestantes fizeram um churrasco de sardinha, oferecida à população. Metáfora dos mais pobres devorados pelos tubarões. Com os juros altos, disseram, só sobra sardinha para o povo.

Quem convocou

Participaram da convocação dos atos, entre outras, as seguintes organizações: CUT, CTB, CSP-Conlutas, CSB, Frente Brasil Popular, Frente Povo Sem Medo, Força Sindical, UGT, Levante, MST, PT, PCdoB, Psol, Federa-RJ (Federação das Trabalhadoras e dos Trabalhadores no Ramo Financeiro do Estado do Rio de Janeiro), Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) e Comitê dos Comitês Populares de Luta do Rio.

Da Redação da Aduff
Por Hélcio Lourenço Filho

 

Manifestantes em São Paulo, na av. Paulista, em frente à sede do Banco Central na capital paulista Manifestantes em São Paulo, na av. Paulista, em frente à sede do Banco Central na capital paulista / foto: Fernando Frasãp/Agência Brasil

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