Mar
20
2023

Luta por respostas e por justiça para o crime e para a vida: os 5 anos sem Marielle e Anderson

Manifestações em março exigem respostas e justiça para os brutais assassinatos e também erguem as pautas sociais da classe trabalhadora que marcaram a vida de Marielle

 

Ato cultural na Praça Mauá, nos 5 anos dos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes Ato cultural na Praça Mauá, nos 5 anos dos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes / Luiz Fernando Nabuco/Aduff

Da Redação da Aduff

"Marielle para mim representa a liberdade que a gente precisa alcançar na vida". Assim o servidor público Paulo Menezes descreveu o que sentia em relação à militante dos movimentos sociais e políticos assassinada brutalmente em 14 de março de 2018, junto com o motorista Anderson Gomes, quando exercia o cargo de vereadora na cidade do Rio de Janeiro. 

"Depois da morte da Marielle eu me engajei mais na luta por tudo, pelo feminismo, pelo antirracismo, enfim, pela liberdade", complementa o servidor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

"Eu vim para entender mais, estar presente e fazer a nossa parte: mostrar que mulher preta também tem o seu lugar", explicou Juliana, agente comunitária de saúde. 

"Vim porque a mulher tem que ter o seu lugar na sociedade e lutar por seus direitos", disse Lana, estudante, de 16 anos.

"A cada 14 dias do mês é uma dor, mas também é um dia de esperança, um dia de renovação, de construção, de a gente estar nas ruas. Não só no dia 14, mas em todos os dias de nossas vidas", disse Marinete, a mãe.

Paulo, Juliana, Lana e Marinete, mãe de Marielle, são algumas das milhares de pessoas que compareceram ao ato cultural na Praça Mauá, área portuária do Rio, no dia 14 de março de 2023, data em que o crime que repercutiu no Brasil e no mundo completou cinco anos.

Ao clamor por justiça para os assassinatos que marcaram as muitas manifestações - quem mandou matar e por que seguem sem respostas - associa-se cada vez mais o legado de Marielle como símbolo das lutas por justiça social, pelo fim das discriminações, das opressões e da exploração de quem vive do seu trabalho.

Da justiça social e dignidade para os setores mais marginalizados aos direitos humanos e trabalhistas para quem trabalha e é cotidianamente ferozmente explorado. A luta pela liberdade de poder viver sem medo e plenamente o direito a ser diferente. 

Inquérito

Passados cinco anos, estão presos o policial militar reformado Ronnie Lessa - acusado de ter feito os disparos - e o ex-policial militar Élcio de Queiroz - que estaria dirigindo o Cobalt prata que perseguiu as vítimas. Presos em penitenciárias de segurança máxima, os dois negam participação no crime. Sobre eles pesa também a acusação de envolvimento com grupos criminosos milicianos. Serão julgados pelo Tribunal do Júri, em data ainda por ser definida.

Quando assumiu a pasta em janeiro, o ministro da Justiça e Segurança Pública (MJSP), Flávio Dino, prometeu empenho para apurar as mortes de Marielle e Anderson. No mês seguinte, a Polícia Federal (PF) abriu um inquérito para investigar os assassinatos e auxiliará a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) na investigação do caso

A professora da Uerj Rose Freitas, dirigente do Sindicato Nacional dos Docentes (Andes-SN), observa que o novo governo precisa dar respostas rápidas sobre o caso. Além de ter "coragem" de tirar das estruturas do sistema de segurança pública federal resquícios do governo passado de Bolsonaro, que foi derrotado nas urnas. 

À reportagem do Andes-SN, disse acreditar que já existem inclusive essas respostas, porém não foram ainda apresentadas. "O Brasil não quis prosseguir com a resolução deste crime. Nós queremos saber quem mandou matar Marielle e qual foi o motivo político", cobrou a também coordenadora do Grupo de Trabalho de Políticas de Classe para as Questões Etnicorraciais, de Gênero e Diversidade Sexual do Sindicato Nacional.

Da Redação da Aduff

 

Ato cultural na Praça Mauá, nos 5 anos dos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes Ato cultural na Praça Mauá, nos 5 anos dos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes / Luiz Fernando Nabuco/Aduff

Additional Info

  • compartilhar: