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Mar
09
2023

8M | Nas ruas do Rio, mulheres defendem a vida sem medo e o mundo sem fome, opressão e exploração

Professoras e estudantes da UFF que foram ao ato falam sobre o vigor do primeiro '8 de Março após a derrota do projeto fascista e misógino' nas eleições

Após quatro anos de retrocessos e sérios atentados às liberdades democráticas, mulheres tomaram as ruas no 8M - grande ato unificado, que, no Rio de Janeiro, ocorreu na tarde desta quarta-feira, Dia Internacional de Luta das Mulheres. Estudantes, professoras e técnica-administrativas da UFF também estiveram envolvidas nas manifestações.

Ex-aluna do curso de História, Lilian Gonçalves afirmou que a participação dela na atividade organizada por coletivos feministas de partidos políticos, movimentos sociais e sindicais era uma forma de reverenciar também a luta de mulheres que vieram bem antes, exigindo direitos. "É importante estar presente para reivindicar novos direitos. Nada se consegue sem luta. E um dos meios que temos para conseguir isso é indo às ruas. Quanto à pauta das mulheres, é essencial apoiar para demonstrar a força feminina porque juntas somos mais fortes", afirmou a historiadora.

Para Fernanda Bainha, o 8M deste ano trouxe um novo vigor após dois anos de pandemia da covid-19, que, como ela lembrou, ceifou a vida de tantas mulheres. "Qualquer que seja a crise política, econômica ou sanitária, quem vai sofrer as piores consequências somos nós, as mulheres, e principalmente as mulheres negras", disse a nutricionista e doutoranda em microbiologia de alimentos da UFF e do coletivo de mães da Universidade Federal Fluminense.

Ela também lembrou que, neste ano, o 8M de 2023 traz na pauta de reivindicações o grito de "Sem Anistia" - uma exigência de responsabilização de todos aqueles que, assim como o ex-presidente Jair Bolsonaro, sustentaram uma política de extermínio (tanto na pandemia quanto no caso dos Yanomami); apostaram na incitação ao ódio e nos ataques à Democracia. 

De acordo com Bianca Novais, diretora da Aduff e professora da UFF em Volta Redonda, o ato de 8 de Março foi muito especial por ser o primeiro realizado após a derrota de um projeto fascista de poder nas urnas. Ainda assim, as mulheres seguem reivindicando pautas que lhes são caras e que estão em total diálogo com o desejo de um mundo sem opressões. Além da luta por políticas públicas, que envolvem a legalização do aborto e o direito à saúde e à educação públicas, as mulheres foram às ruas também pedindo o fim da fome, clamando por emprego e renda. "São pautas históricas da classe trabalhadora", disse Bianca. 

Para Kênia Miranda, docente da Faculdade de Educação da UFF e diretora da Aduff, as bandeiras por democracia e sem anistia aos golpistas tremularam como força social contra o fascismo e todas as mortes dos últimos quatro anos. "Desde o “Ele não” [ato realizado para conscientizar a sociedade acerca da gravidade de se eleger Jair Bolsonaro à presidência, em 2018] as mulheres convocam para o combate a Bolsonaro nas ruas", lembra a docente.

Na avaliação dela, o ato no Rio de Janeiro foi grandioso, composto por diversas forças políticas, movimentos sociais, sindicatos, setores da classe trabalhadora e juventude. "Ocupamos as ruas para enfrentar a violência contra as mulheres, combater todas as formas de opressão e por melhores condições de vida e de saúde, por isso, pelo legalização do aborto. O Rio de Janeiro é um estado muito violento para as mulheres, a extrema direita e sua ação misógina, racista e violenta impacta diretamente a vida das mulheres, seus filhos e família", afirmou a dirigente da Aduff.

Segundo Nina Tedesco, professora do curso de cinema da UFF, ex-presidenta da Aduff, toda a luta feminista é por um mundo onde nenhuma mulher viva com medo ou seja oprimida e explorada por sua condição de mulher, classe, raça, orientação sexual, idade, deficiência. "A luta das mulheres é uma luta que abala as estruturas, que só pode emancipar as mulheres quando propõe um mundo onde caibam muitos mundos - mas nenhum deles seja machista, capitalista, racista, etarista, capacitista, homófobo, transfóbico", defendeu. 

Acompanhe a cobertura do 8M 2023 nos canais de comunicação da Aduff.

Da Redação da Aduff
Por Aline Pereira
Fotos: Luiz Fernando Nabuco

 

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