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Fev
07
2023

41º Congresso do ANDES-SN se levanta contra o machismo e outras formas de opressão

No evento mais importante do Sindicato Nacional, docentes protestaram contra o feminicídio de Janaína Bezerra, estudante da UFPI, e o de tantas outras mulheres no país 

Durante a abertura do 41º Congresso do Sindicato Nacional, que teve início nesta segunda-feira (6) em Rio Branco (AC), a presidente do Andes-SN, Rivânia Moura, pontuou os avanços da entidade no combate aos diversos tipos de opressões - entre elas o machismo, o racismo, a lgbtfobia e o capacitismo. Destacou o quanto ainda é preciso prosseguir na luta por uma sociedade igualitária, especialmente contra a violência de gênero e o feminicídio que, no Brasil, alcança índices alarmantes e ceifa tantas vidas, como a de Janaína da Silva Bezerra. A estudante de jornalismo da Universidade Federal do Piauí foi estuprada e assassinada, aos 22 anos, no último dia 27 de janeiro.

Num gesto simbólico, Rivânia Moura pediu que as mulheres no plenário ficassem de pé e que, com as mãos marcadas pelo símbolo do "basta", entoassem que não tolerarão mais a violência sexual e o assassinato de meninas e mulheres, enquanto imagens de Janaína foram projetadas em telão. Elas também marcaram um X com batom vermelho na palma da mão - gesto para denunciar situação de violência doméstica.

Como explicou Susana Maia, diretora da Aduff e integrante da delegação dos docentes da UFF no 41º Congresso, é preciso intensificar essa luta e denunciar toda e qualquer forma de opressão e violência a esses segmentos e populações.  "Participar desse ato foi emocionante e dilacerante. Ao mesmo tempo, importante para demarcarmos e reforçamos nossa pauta pela defesa da vida, pela denúncia do machismo e da violência", comentou Susana Maia.

De acordo com ela, na retomada dos trabalhos da tarde, em sintonia com a manifestação das mulheres, colegas homens que participam do Congresso organizaram um ato de denúncia do machismo - este último associado à exploração do capital e à ordem e dominação burguesa. "Eles reconhecem o protagonismo das mulheres nessa luta, mas ela também deve ser acampada pelos homens, com apoio irrestrito ao combate ao machismo e feminicídio. Para aqueles que defendem uma sociedade sem exploração, não basta reconhecer a luta contra o machismo, devem estar juntos na trincheira", defendeu Susana. O rompimento com o capitalismo pressupõe o rompimento com o machismo, com todas as formas de opressão. "Não é Não, também entre nós"! "Opressão também explora" - dizia o trecho do grito entoado pelos docentes em plenário. 

Para Bianca Novaes, diretora da Aduff e membro da delegação no Congresso, historicamente os homens ocupam papel central na reprodução do machismo nas relações sociais. Por isso, ela considerou importante as manifestações que se opuseram a tal prática, apontando avanços na estrutura do próprio Sindicato Nacional - como a conquista da paridade entre gêneros na direção do sindicato e a oportunização de recreações durante as atividades sindicais. "Já avançamos muito desde quando se instaurou as comissões de enfrentamento ao assédio e, agora, essa tomada de posição dos homens do sindicato - com a iniciativa de construir um ato - é um grande e necessário avanço", afirmou.

Segundo Maria Onete Ferreira, integrante da delegação da Aduff, é preciso destacar que as mulheres têm se colocado de forma cada vez mais contundente contra a tentativa, perpetuada na história, de silenciar, invisibilizar e suprimir a existência de gênero. "As mulheres, assim como as pessoas lgbtqia+, em diferentes formas de luta, resolveram não mais aceitar o lugar subalterno que os homens lhe impuseram. A luta, é necessário dizer, é por igualdade, por respeito e pela dignidade de existir", considerou a professora.

De acordo com Eblin Farage, também participante do evento nacional pela Aduff, o ato denunciando o feminicídio, a partir do brutal assassinato da estudante Janaína, é mais um grito que deve ecoar e envolver toda a sociedade na defesa da vida das mulheres, contra o machismo e o sexismo. "Nossas instituições de ensino tem um papel fundamental nesse processo, contribuindo para uma nova educação e cultura para a construção de uma outra sociabilidade", afirma a docente. 

41º Congresso

O evento segue até o dia 10 de fevereiro, na Universidade Federal do Acre (Ufac), sob a organização da Associação dos Docentes da Ufac (Adufac Seção Sindical). Instância máxima de deliberação da categoria docente, o encontro tem como tema central “Em defesa da educação pública e pela garantia de todos os direitos da classe trabalhadora”.

Da Redação da Aduff
Por Aline Pereira
Foto: Luiz Fernando Nabuco

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