Fev
07
2023

41º Congresso do ANDES-SN em Rio Branco (AC) mostra força da luta dos povos da Amazônia

Pela primeira vez, o congresso do Sindicato Nacional acontece no Acre, terra do líder sindical Chico Mendes, assassinado em 1988

41º Congresso do ANDES-SN em Rio Branco (AC) mostra força da luta dos povos da Amazônia / Andes

Dercy Telles, líder seringueira e a primeira mulher a presidir o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri (AC), esteve presente na abertura do evento e foi muito aplaudida pelas e pelos participantes. Plenária de abertura, realizada na manhã de segunda-feira (06) teve início com a apresentação cultural do grupo “Cantos e Encantos Yawanawa”, composto por mulheres do povo Yawanawa, originárias da Terra Indígena do Rio Gregório.

Pela primeira vez, o congresso do Sindicato Nacional acontece no Acre, terra do líder sindical Chico Mendes, assassinado em 1988. No primeiro dia do evento, o Congresso recebeu 648 participantes, sendo 447 delegados, 150 observadores, 17 convidados e 34 diretores, totalizando 83 seções sindicais presentes.

O 41º Congresso do ANDES-SN, iniciado na segunda-feira (06), em Rio Branco (AC) tem como tema central “Em defesa da educação pública e pela garantia de todos os direitos da classe trabalhadora”. Até sexta-feira (10), as e os mais de 600 docentes participantes irão debater e deliberar sobre as ações e pautas que orientarão as lutas da categoria no próximo período. O evento ocorre sob a organização da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Acre (Adufac - Seção Sindical),

Nedina Luíza Yawanawa, representante do Movimento Indígena do Acre e professora indígena, foi uma das convidadas da solenidade de abertura do 41° Congresso. "Tivemos um governo que retirou recursos das universidades. Agora, estamos vivendo um momento de esperança nesse novo governo, que nos convidou, povos indígenas, a sermos protagonistas dos nossos órgãos como a Funai, Sesai, e com a  própria criação do Ministério dos Povos Indígenas. Isso nos alegra porque  é um momento que estamos participando ativamente da sociedade brasileira. Estamos juntos com vocês na mesma luta. Os povos indígenas estão resistindo até agora e queremos ser incluídos nas políticas públicas, na saúde e educação, que é o caminho para uma sociedade melhor e forte”, disse.

Dercy Telles, líder seringueira e a primeira mulher a presidir o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri (AC), também foi uma das convidadas a falar na mesa da Plenária de Abertura. “Sou uma das únicas sobreviventes, que resiste a essa política do Capital, de enganação. Quando se trata de um sistema capitalista não tem outra forma de se sobrevier a partir da organização de classe independente do local. Eu venho de um histórico de luta e tive o prazer de conviver com o líder sindical Chico Mendes, assassinado em 1988, e que lutou pela vida e pela terra de trabalhadores, seringueiros, ribeirinhos, indígenas. Eu fiz parte dessa luta e mobilizamos muita a base, principalmente do município de Xapuri, e conseguimos contagiar os outros sindicatos. Essa universidade, através dos professores e estudantes, foi fundamental para organizar a classe trabalhadora do Acre. Infelizmente, o movimento sindical do Acre foi descontruído ao longo desses 20 anos que antecederam o governo atual. Por isso, afirmo que não tem como servirmos a dois senhores, ou você defende a classe ou você defende o governo. Sindicalista que defende classe não se alia a governo nenhum. Por conta desse meu posicionamento fui muito perseguida”, ressaltou, sendo muito aplaudida.

Em sua fala, a presidenta do Andes-Sindicato Nacional, Rivânia Moura, também citou uma das frases do líder dos seringueiros, Chico Mendes. “‘No começo, pensei que estivesse lutando para salvar seringueiras, depois pensei que estava lutando para salvar a Floresta Amazônica. Agora, percebo que estou lutando pela humanidade’. Estamos nas terras de Chico Mendes, na Amazônia acreana, nesse lugar de enormes contradições, conflitos, desigualdades, mas também marcado por grandes lutas e resistência. Temos que enfatizar a importância desse congresso em um contexto de aprofundamento dos ataques a florestas e, em especial aos povos originários. É impossível começar esse congresso sem lembrar o genocídio do povo Yanomami. Essa investida de destruição dos povos originários, das suas terras e da sua cultura provocou o sumiço de comunidades inteiras. A resistência desses povos é um exemplo de luta”, frizou. 

Integrante da delegação da Aduff-SSind ao 41° Congresso, a professora da Faculdade de Economia da UFF, Nazira Correia Camely, destaca a importância de o Congresso ser realizado na Amazônia. “A Amazônia é 62% do território nacional e a região do Brasil mais oprimida pelo imperialismo, devido à sua história de saque e pilhagem de suas riquezas naturais, minerais e também devido ao alto grau de exploração da força de trabalho nessa região”.

Acreana, a docente destacou que a mesa de abertura do 41° Congresso do Andes, composta pelos movimentos sociais combativos da região norte mostrou a vinculação classista estreita do Andes com as lutadoras e os lutadores que procuram resolver o problema central da região e do nosso país, que é o problema agrário.

“A chegada do latifúndio nos anos 1960, aqui no Acre foi algo terrível, com o incêndio da casa dos seringueiros, a matança e a expulsão de populações inteiras para as periferias da cidade. Dercy e outros combativos estavam ombro a ombro com uma das principais lideranças daquele momento, Chico Mendes, e seguem incansáveis na luta pela melhoria das condições de vida da população extrativista do Acre, da Reserva Extrativista Chico Mendes e, consequentemente, no apoio e na repercussão das lutas dos demais povos que habitam, vivem e se reproduzem da terra na Amazônia; povos indígenas, quilombolas, seringueiros, ribeirinhos, as quebradeiras de coco de babaçu e tantos outros. Certamente com essa mesma de abertura teremos um Congresso cheio de boas expectativas na direção de nos fortalecermos para as duras lutas ao combate ao fascismo e defesa e manutenção da universidade pública em nosso país”, finalizou a docente

41º Congresso do ANDES-SN em Rio Branco (AC) mostra força da luta dos povos da Amazônia / Andes

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