Jan
25
2023

Flores, velas e lágrimas no ato que exigiu justiça um ano após assassinato de Moïse

Ato foi marcado por forte emoção, pedidos de justiça, repúdio ao racismo e à xenofobia e muita saudade de Moïse Kabagambe. Teve lágrimas, flores e velas, levadas à cerimônia a pedido da família. E uma indignação incontida em gestos e falas.

Flores, velas e lágrimas no ato que exigiu justiça um ano após assassinato de Moïse / Luiz Fernando Nabuco
A manifestação ocorreu na orla da Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro, onde o jovem congolês foi assassinado faz um ano, no dia 24 de janeiro de 2022, por homens que trabalhavam no local, onde ele também trabalhava e fora cobrar uma dívida laboral de R$ 200,00.
 
Familiares, amigos, imigrantes, a maioria africanos, e representantes de diversas entidades da sociedade civil participaram do ato, que terminou ao final da tarde desta terça-feira (24). Antes, ao final da manhã e início da tarde, houve uma missa no Santuário Cristo Redentor. Flores foram depositadas e velas acesas em frente a uma imagem do jovem, com face juvenil e suave sorriso no rosto.
 
O quiosque Tropicália, onde Moïse trabalhava e foi morto aos 25 anos de idade, está fechado desde o brutal assassinato - cometido a pauladas, socos e chutes, por três pessoas quando o rapaz já estava amarrado.
São acusados pelo crime Fábio Pirineus da Silva, o Belo; Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, o Dezenove; e Brendon Alexander Luz da Silva, o Tota. Eles estão presos na Penitenciária Joaquim Ferreira de Souza, no Complexo de Gericinó, em Bangu.
 
Familiares e entidades dos movimentos sociais que acompanham o caso, no entanto, defendem que outras pessoas que aparecem nos vídeos que mostram a agressão também sejam indiciados.
Embora esteja fechado, uma obra iniciada no quiosque há poucos dias foi criticada por familiares. "Vão voltar a funcionar e servir as pessoas onde Moïse foi morto?", perguntou um dos irmãos. Pelo menos dois operários trabalhavam no quiosque enquanto o ato transcorria.
 
A mãe de Moïse, Lotsove Lolo Lavy Ivone, chegou ao local por volta das 15 horas. Muito emocionada, falou aos jornalistas e aos manifestantes logo em seguida. Abraçada ao filho Maurice Mugeny, chorou. E pediu desculpas a Moïse por não ter podido defendê-lo quando o mataram.
 
Quiosque
Poucos dias depois do assassinato, quando centenas de manifestantes em mais de 20 cidades brasileiras foram às ruas para pedir justiça, a Prefeitura do Rio ofereceu à família de Moïse a concessão do quiosque Tropicália.
A família não aceitou, alegando questões de segurança. Em 30 de junho, no aniversário de 62 anos da Independência da República Democrática do Congo, a família inaugurou o Quiosque Moïse, também cedido pela Prefeitura do Rio, no Parque de Madureira, um dos lugares preferidos do jovem congolês.
 
É lá que, no dia 28 de janeiro, sábado, haverá um evento cultural ao longo do dia em homenagem a Moïse.

 

Da Redação da Aduff
Por Hélcio Lourenço Filho (texto) e Luiz Fernando Nabuco (fotos)
Flores, velas e lágrimas no ato que exigiu justiça um ano após assassinato de Moïse / Luiz Fernando Nabuco

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