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Jan
10
2023

Ato público ocupa Cinelândia, no centro do Rio, em defesa da democracia

Nem a chuva que insiste em cair na cidade do Rio de Janeiro impediu os gritos de “sem anistia” que ecoaram exigindo responsabilização pelos crimes do governo Bolsonaro e pelos atos violentos e antidemocráticos promovidos por bolsonaristas e integrantes da extrema-direita contra a sede dos Três Poderes, no domingo (08)

Professores e professoras da UFF estiveram presentes no ato convocado por movimentos sociais, sindicais, estudantis e políticos na noite desta segunda (09), na Cinelândia, para repudiar as ações com intenção golpistas promovidas em Brasília e exigir a responsabilização “sem anistia” para participantes, organizadores e financiadores dos atos que depredaram patrimônio público e artístico-cultura brasileiro, em ataques violentos e criminosos contra a democracia brasileira.

Presente na manifestação, o professor da UFF de Rio das Ostras e atual presidente da Aduff-SSind, Edson Teixeira ressaltou a importância de seguir nas ruas defendendo a democracia brasileira da extrema-direita e do fascismo. “O Andes-SN e suas seções sindicais já haviam deliberado pela importância de derrotar Bolsonaro nas urnas e nas ruas. Vencido o primeiro passo de tirar Bolsonaro do governo, o fato lamentável de ontem, ocorrido em Brasília com a leniência do governo do Distrito Federal (DF), reforça a necessidade de continuarmos nas ruas para derrotarmos o bolsonarismo e o fascismo, garantindo as conquistas democráticas do povo brasileiro e varrer os fascistas dos órgãos, entidades e instituições públicas. Sem anistia!”, disse.

Professora do Colégio Universitário da UFF, Maria Cecília Castro destaca que, desde que entrou no Coluni e ingressou na carreira EBTT, foi a inúmeras manifestações em Brasília e, em muitas delas sofreu retaliações desnecessárias, ultrajantes e injustificáveis ao defender e reivindicar uma educação pública gratuita, de qualidade, laica, socialmente referenciada e popular.

“Saber que movimentações golpistas foram tratadas de maneira muito diferente pela segurança pública do DF é de uma indignação não só minha, mas de todas e todos aqueles companheiros e companheiras que travam a luta em defesa dos serviços e das políticas pública de qualidade para a população brasileira. Não podemos e não iremos permitir”, reforça a docente, que integra a nova diretoria da Aduff-SSind, biênio 2022/2024 como 1° vice presidente.

Em nota pública, que pode ser lida na íntegra no site da entidade, a diretoria da Aduff-SSind manifesta repúdio à violência fascista e antidemocrática em Brasília, “executada majoritariamente por homens brancos, que receberam a conivência de uma Polícia Militar do Distrito Federal comandada por Anderson Torres”, bolsonarista que até a semana passada era o Ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro. “Fossem mulheres e homens da classe trabalhadora, negros/as, professores/as, pessoas sem-teto ou sem-terra, a reação policial haveria de ser a dura repressão costumeiramente dispensada aos movimentos sociais”, friza o documento. 

Perguntada por que estava na rua no ato de segunda-feira, na Cinelândia, a professora da rede pública estadual Ana Paula Rocha respondeu que “estava na rua para defender a democracia, mas que essa democracia não pode ser abstrata”. Integrante do Círculo Palmarino, entidade nacional do movimento negro, ela aponta o privilégio branco no ato de invadir os Três Poderes “portando armas, destruindo tudo, enquanto na favela a polícia chega atirando e perguntando depois. Lá, os extremistas de direita foram recebidos, encaminhados, acarinhados pelas forças policiais. O que a gente quer colocar é  que não existe democracia com racismo”, reforça.

Sem anistia

Para a professora aposentada da Faculdade de Educação da UFF, Eliane Arenas Mora, a palavra de ordem “sem anistia”, repetida em cartazes, faixas e a plenos pulmões durante todo o ato público na Cinelândia, também é importantíssima. “É a possibilidade de rever a história do nosso país e de mudar a forma de funcionamento da resolução dos impasses serem resolvidos pelo alto”, afirma a docente que também integra a diretoria da Aduff.

Em 1979, a ditadura militar que governava o Brasil havia 15 anos aprovou uma Lei de Anistia para blindar os agentes da ditadira contra qualquer responsabilização pelos crimes de tortura, sequestro, desaparições forçadas e assassinatos cometidos contra opositores do governo.  A decisão permitiu o regresso de exilados, mas impossibilitou a punição aos responsáveis por crimes contra a humanidade, num Brasil que ainda exalta o regime dos generais.

“Esse pedido de não anistia é a forma de a gente responsabilizar e punir os culpados por tantas mazelas e pode produzir um efeito diferente do que a gente tem vivido nessa história brasileira”, finaliza a professora.

Da Redação da Aduff | por Lara Abib

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