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Dez
21
2022

Chapa "Autonomia, Democracia e luta por direitos" assume direção da Aduff para o biênio 2022-2024

Edson Teixeira, docente da UFF em Rio das Ostras e presidente eleito, reivindica 'aquilombamento' como estratégia de luta e resistência contra opressões e fascismo; nova gestão expressa protagonismo feminino e diversidade multicampi 

Na noite de uma terça-feira (20) chuvosa mas calorosa em afetos, os integrantes da chapa "Autonomia, Democracia e Luta por Direito" tomaram posse da direção da Aduff para o biênio 2022-2024. Na mesma cerimônia, realizada na sede da entidade, também foram empossados os membros do Conselho de Representantes das nove unidades que apresentaram chapa para o pleito ocorrido no início deste mês. Houve transmissão ao vivo pela TV Aduff, a partir das páginas do sindicato no Facebook e no You Tube. 

O docente Edson Teixeira da Silva Júnior (Edinho), que assume a presidência da seção sindical dos e das docentes da UFF, fez questão de, em nome da direção eleita, homenagear os companheiros que estão deixando a gestão do sindicato. Leu a nominata da chapa que esteve à frente da Aduff nos anos de 2020 e 2022 - biênio que, segundo ele, foi um dos piores períodos da história recente do país. Destacou, em especial, o protagonismo de Kate Lane de Paiva - que é docente do Colégio Geraldo Reis / Coluni - e esteve presidente da Aduff num contexto de pandemia e de avanço do fascismo no país.

"A companheira é mãe de dois adolescentes, professora da carreira EBTT e conduziu inúmeras reuniões enquanto fazia o almoço", contou Edinho, explicitando como a jornada profissional, sobretudo durante o período de trabalho remoto, exigiu ainda mais das mulheres. "Foi a primeira vez que tivemos uma companheira da carreira EBTT como presidente do sindicato e precisamos parar de dividir a categoria [entre docentes do ensino básico/fundamental/médio e do magistério superior] porque precisamos de unidade", afirmou.

O atual presidente esteve na composição da chapa que conduziu o sindicato no último biênio, ocupando o cargo de 1º secretário. Pontuou que, entre erros e acertos, a gestão cumpriu o desafio de mobilizar a categoria para derrotar o fascismo nas urnas. Agradeceu aos colegas que manifestaram publicamente apoio à chapa eleita, aos integrantes da Comissão Eleitoral, aos funcionários do sindicato e aos filiados que votaram no grupo "Autonomia, Democracia e Luta por Direito".

Edinho destacou que, durante o final do período letivo, em meio a Copa do Mundo [que impôs um horário diferenciado de funcionamento ao sindicato e as unidades da UFF], e num mês tão conturbado como dezembro, o sindicato conseguiu também mobilizar a categoria para garantir uma boa votação para a chapa que assume a Aduff. No entanto, afirmou que um dos desafios do movimento docente, seja na Aduff ou em outras seções sindicais do Andes-SN, é envolver mais docentes nas pautas e lutas sindicais.

O presidente eleito afirmou que os termos autonomia, democracia e luta por direitos expressam valores históricos importantes do sindicato. "Autonomia é um princípio nosso e é reafirmada em relação à reitoria, às administrações, e aos partidos; mas ela não pode nos levar a um isolamento", defendeu. Celebrou ainda aproximação com o Sintuff e o DCE Fernando Santa Cruz, respectivamente, organização dos trabalhadores técnico-administrativos e o diretório central estudantes, argumentando sobre a necessidade de mobilização na UFF e em seus diferentes campi. 

Argumentou que a democracia defendida pela Aduff é a das classes populares, que combate qualquer forma de LGBTfobia, capacitismo e outras formas de opressões. "Nossa democracia não é a do capital; é para transformar a sociedade. Para lembrar Florestan Fernandes, nossa democracia é a dos 'de baixo'", disse. "E é com essa perspectiva que trabalhamos a luta pelos direitos. Temos nossas pautas específicas e também as mais amplas - a revogação a Emenda Constitucional 95; conseguimos barrar a PEC 32 [a da reforma administrativa] e seguimos em defesa da paridade salarial entre ativos e aposentados", complementou. 

Edinho reivindicou o 'aquilombamento' [em alusão a Abdias do Nascimento] como estratégia de luta e resistência em defesa da chegada das classes populares na Universidade. "Onde houver fascismo, vamos nos aquilombar; se vencemos o fascismo nas urnas, nas ruas ainda não vencemos", alertou. 

Nova gestão expressa protagonismo feminino e diversidade multicampi

Dos 15 diretores da nova gestão da Aduff, dez são mulheres. Entre elas, estão as docentes Kênia Miranda (Educação/Niterói) e Susana Maia (Rio das Ostras), que também saudaram os colegas que participaram da cerimônia de posse da chapa "Autonomia, Democracia e Luta por Direito". 

De acordo com Kênia, os professores têm inúmeras tarefas em defesa da Educação Pública, entre elas a de disputar um projeto de Universidade e pensar que muitas dessas ações envolvem o diálogo com setores fora da instituição, considerando o contexto bolsonarista e os anos de pandemia. "A Universidade pode fazer sentido para a classe trabalhadora do ponto de vista da pesquisa e do nosso trabalho para o conjunto da sociedade", defendeu. 

Para ela, os próximos dois anos serão difíceis dados os impactos da tragédia social, econômica e sanitária na sociedade brasileira e consequentemente na Universidade. 'Vamos precisar ter muita força e muita unidade para conseguir reverter parte desse processo. Tivemos vitória importante do conjunto da classe trabalhadora, nas últimas eleições presidenciais, derrotando Bolsonaro nas urnas; foi um passo bastante importante na luta pela democracia tão limitada que já temos, que vai nos colocar no patamar para seguir na luta dessa ameaça fascista, desse bolsonarismo que encontramos em cada esquina. Essa tarefa pedagógica também vai nos caber. E vamos fazer isso com muita coragem porque não suportamos mais viver com medo", disse Kênia Miranda - Diretoria de Política Sindical.

A professora da Faculdade de Educação ainda lembrou a importância do sindicato para os e as docentes da UFF e observou que, na composição da chapa, há mais professores e professoras de unidades fora de sede, como os de Rio das Ostras; Campos dos Goytacazes; Macaé e Volta Redonda.

Susana Maia, eleita Secretária Geral, é da UFF em Rio das Ostras. Em sua fala aos participantes, apontou a necessidade de reocupar a Universidade, depois de dois anos de pandemia, como uma das tarefas centrais do movimento docente, sobretudo diante dos índices de evasão estudantil. "Vivemos um período intenso de desmobilização pelas atividades presenciais e, mesmo tendo uma votação [na chapa] expressiva diante da conjuntura, precisamos nos reaproximar da categoria e, para além dela, nos somando ao Sintuff e ao DCE", indicou a docente, defendendo o direito à permanência e à assistência estudantil na Universidade.

Mencionou ainda a importância social das atividades de extensão na instituição pública e a necessidade de se combater toda e qualquer forma de privatização; convocou o movimento docentes da UFF à mobilização e reconheceu a essencial contribuição do Conselho de Representantes nessa articulação. Em seguida, Susana convidou os integrantes do CR e da diretoria da Aduff para assinar o termo de posse. "Dentro do pouco tempo que tivemos, estamos conseguindo construir uma direção de muita sintonia, diálogo, respeito e compreensão das diferenças. Que nosso trabalho seja permeado por isso ao longo desses dois anos", afirmou.  

Da Redação da Aduff | Por Aline Pereira
Fotos: Luiz Fernando Nabuco